Arquivo da tag: violência

Violência, baixo orçamento e falta de capacitação prejudicam medidas socioeducativas no Brasil, aponta estudo

Motivação racial é a mais comum entre as violências sofridas por adolescentes infratores no País;

Anúncios

Relatório da ONG Visão Mundial sobre a Política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto no Brasil, será lançado nesta terça-feira (14), aponta que a maior parte dos adolescentes autores de ato infracional no Brasil já recebeu algum tipo de ameaça de morte, seja por organizações criminosas, como facções e milícias; por instituições do Estado, como as polícias Militar e Civil; ou até mesmo por seus próprios familiares.

Realizada a partir de 3.540 entrevistas com juízes, defensores públicos, promotores de justiça, gestores municipais e estaduais da saúde e da assistência social, conselheiros municipais e estaduais da criança e do adolescente, além da equipe técnica e coordenação dos Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), o levantamento mostrou que, em média, 89% dos profissionais já ouviram relatos dos adolescentes referentes a ameaça de morte vindas de gangues e facções criminosas, 45% souberam de ameaças de policiais militares e 8%, de milícias.

Anúncios

Os questionários para fins de realização do estudo, intitulado Diagnóstico da Política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto, foram aplicados entre os meses de março de 2019 e fevereiro de 2020, com o objetivo de avaliar os pontos fortes e falhos do sistema de justiça da criança e do adolescente, bem como a política de Assistência Social para a efetivação da política de atendimento socioeducativo em Meio Aberto no País. “Temos um sistema de justiça muito forte, porém com ideias ainda muito conservadoras sobre a família e acerca da adolescência, permanecendo apenas na esfera punitivista e não na socioeducativa – que é a que se mostra inovadora e provedora da socioeducação, tão latente nas medidas socioeducativas de meio aberto”, ressalta Cibelle Bueno, gerente de projetos da ONG Visão Mundial e coordenadora da pesquisa. Cerca de 46 mil jovens em conflito com a lei foram atendidos pelo Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase) em 2019.

A pesquisa avaliou, por exemplo, as formas de violência sofridas pelos adolescentes segundo relato dos próprios aos profissionais entrevistados. As mais comuns foram: violência territorial (violência física por membros de gangues ou moradores locais), relatada em média por 72% dos respondentes; violência policial (abordagem violenta com agressão verbal ou tortura), com 71%; e violência durante passagem pela unidade de internação (agressão física, tortura, maus-tratos, etc), com 30%. Violência no ambiente doméstico e escolar também foram relatadas. 

Anúncios

Já entre as motivações da violência, a racial aparece em primeiro lugar, sendo citada, em média, por 26% dos juízes, promotores, defensores públicos, gestores e técnicos e coordenadores dos CREAS ouvidos na pesquisa. Por violência de motivação racial entende-se agressão física, verbal ou psicológica motivada pelo pertencimento étnico-racial, como pessoas negras, indígenas e ciganas. A violência de gênero (16%), de classe (7%) e religiosa (<1%) aparecem em seguida. 

Discriminação por juízes

Quando perguntados se presenciaram alguma situação em que as características do adolescente influenciaram a decisão do Ministério Público ao oferecer representação, 80% dos juízes responderam que não; 6,61% disseram que sim, pelo adolescente ser preto ou pardo; 5,79% por ele ser pobre; 2% por apresentar indícios de transtorno psíquico; 1% por ser indígena; e o mesmo percentual (1%) por ser travesti ou transexual. 

Quando perguntado aos promotores de justiça e aos defensores públicos se, por sua vez, já presenciaram alguma situação em que as características do adolescente influenciaram a decisão do juiz, 79% dos promotores afirmaram que não houve esse tipo de influência; 6% afirmaram que houve, quando o adolescente apresenta indícios de transtorno psíquico; 5% quando o adolescente é pobre; e 3% quando é preto ou pardo.

Anúncios

Já os defensores públicos apresentaram números bem discrepantes para a mesma pergunta: apenas 21% afirmaram que não houve influência do juiz por alguma característica do adolescente, enquanto 52% disseram que o fato de o adolescente ser pobre influenciou na decisão da autoridade judicial. Outros 31% acreditam que também há influência pelo fato do infrator ser preto ou pardo e 10%, por ele apresentar indícios de transtorno psíquico. 

Falta de capacitação

Quando questionados sobre a capacitação obtida sobre a Política Nacional de Assistência Social, sendo esse tipo de preparação fundamental para a atuação em sinergia dos atores que diretamente operacionalizam as medidas socioeducativas em meio aberto, 86% dos juízes, 83% dos promotores de justiça e 93 dos defensores públicos afirmaram não ter participado de qualquer tipo de capacitação em 2018.

Quando questionados sobre capacitação específica sobre a Lei do Sinase, majoritariamente juízes (72%), promotores de justiça (78%) e defensores públicos (85%) afirmaram não terem participado de nenhuma. Mais do que isso, segundo o relatório, 33% dos defensores, 49% dos juízes e 74% dos promotores declararam não haver atuação da equipe técnica multiprofissional nas instituições do sistema de justiça

Anúncios

A consequência dessa falta de integração e de amplo conhecimento reflete em um sistema baseado na punição, e não na formação dessas crianças e adolescentes para estarem mais integradas à sociedade. “Todo adolescente e jovem tem o direito à vida, à proteção, à educação e ao desenvolvimento pleno de suas capacidades intelectuais, emocionais, mentais e físicas com saúde e afeto. A punição não pode ser aplicada, por exemplo, sem distinção de idade, e de forma retributiva. As medidas de proteção ou socioeducativas precisam ter caráter formativo – se feitas com eficiência, resultarão na construção ou reconstrução de projetos de vida com vista ao pleno desenvolvimento das crianças e adolescentes”, afirma Bueno, que completa: “Como próximo passo, a ONG pretende ainda realizar a escuta ativa das crianças e adolescentes incluídos no sistema socioeducativo em meio aberto, tendo um levantamento completo a nível nacional, com dados que servirão de base ao desenvolvimento de políticas públicas mais justas para adolescentes e jovens, sobretudo aos mais vulneráveis”.

Déficit orçamentário, falta de profissionais e outros obstáculos

A quantidade de profissionais presentes nos órgãos de defesa de direitos e nos serviços de medidas socioeducativas em meio aberto é um fator que influencia na efetividade da execução das ações. Diante disso, 72% dos promotores de justiça se mostraram insatisfeitos ou muito insatisfeitos com a quantidade de profissionais disponíveis para a execução e o acompanhamento das medidas socioeducativas em meio aberto em seus municípios; assim como 67% dos defensores públicos; 60% dos juizes; 67% dos componentes de equipes técnicas dos CREAS; 57% dos conselheiros municipais dos direitos da criança e do adolescente; e 84% dos conselheiros estaduais dos direitos da criança e do adolescente.

Anúncios

No que concerne ao orçamento disponível para o financiamento da gestão estadual do Sinase, 70% dos gestores estaduais de Assistência Social relataram insatisfação ou muita insatisfação. Já no que diz respeito ao orçamento disponível para o financiamento da gestão municipal do Sinase, 67% dos promotores de justiça; 64% dos defensores públicos; 57% dos juízes; 63% dos coordenadores de CREAS; 57% dos componentes da equipe técnica; 43% dos conselheiros municipais; 65% dos gestores municipais de Assistência Social e 29% dos gestores de Saúde se disseram estar insatisfeitos ou muito insatisfeitos.

A pesquisa buscou compreender também quais são os obstáculos, encontrados pela tríade judiciária que dificultam a execução da política de acordo com os princípios e diretrizes preconizados pelo Sinase. De modo geral, os respondentes apontaram diferentes opções; porém, a maioria destas são relacionadas à falta de estrutura e recursos humanos do Executivo. 

Metodologia 

O diagnóstico mapeou os atendimentos socioeducativos concedidos a adolescentes nas 27 capitais e em 159 municípios da região metropolitana, tanto no sistema de assistência social quanto no sistema de justiça. Foram realizadas 3.540 entrevistas com profissionais que atuam diretamente com os direitos das crianças e adolescentes, com a geração de 3.861 dados de pesquisa validados para análise. A aplicação dos questionários – contendo ao menos 110 perguntas, sendo estas realizadas de acordo com cada ator respondente / entrevistado – ocorreu por meio de pesquisa de campo executada entre março de 2019 e fevereiro de 2020.

Anúncios

Diagnóstico da Política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto foi realizado pela Visão Mundial, em parceria com o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA) e o Gabinete de Assessoria Jurídica das Organizações Sociais (GAJOP). 

Veja aqui a pesquisa completa.

Leia mais notícias em cubo.jor.br e nos sigam nas redes sociais: Facebook, Twitter, Telegram, Instagram e Tiktok. Colabore com mais informações nos enviando através do telefone e whatsapp/telegram (98) 98506-2064 ou pelo e-mail ocuboblog@gmail.com

Ou mande qualquer quantia pelo PIX para ocuboblog@gmail.com

Publicidade

Jovens, negras e pobres são as mais atingidas por violência íntima

Mulheres jovens, na faixa etária de 18 a 24 anos, negras, com baixa escolaridade e renda e da região Nordeste são o maior alvo da violência praticada pelos próprios parceiros. É o que mostra levantamento de pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) publicado na segunda (13) na Revista Brasileira de Epidemiologia.

Anúncios

O estudo traz o perfil da prevalência e dos fatores associados à violência contra a mulher no Brasil, a partir de análise da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), de 2019. Feita pelo IBGE, a PNS traz respostas de mais de 34 mil mulheres com mais de 15 anos de todo o país sobre violência. Algumas perguntas do questionário ajudam a identificar qual tipo de violência elas mais sofrem do parceiro íntimo, seja sexual, física ou psicológica.

Segundo os dados, 8% das mulheres brasileiras declararam sofrer violência íntima de parceiros, sendo a violência psicológica a mais frequente, declarada por 7%. A maior prevalência deste tipo de violência em mulheres jovens, com menor escolaridade e da região Nordeste dão indícios do seu recorte social. “A violência por parceiro íntimo está associada a iniquidades sociais, um problema crônico em nossa sociedade e que se agrava quanto maior for a desigualdade social”, destaca a pesquisadora Deborah Malta, co-autora do estudo.

Anúncios

Estimativas da OMS revelam que 30% das mulheres acima de 15 anos já foram vítimas de violência física e sexual ao menos uma vez na vida. No Brasil, de acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), em 2019, 16,7% de mulheres entre 15 e 49 anos já sofreram algum tipo de violência do próprio parceiro e aproximadamente 33% das vítimas relatam recorrência de violência sofrida.

Segundo Malta, a violência por parceiro íntimo revela as relações de poder entre mulheres e homens a partir dos papeis impostos a cada um. “A Pesquisa Nacional de Saúde inova ao trazer esse tema para o inquérito, inaugurando a possibilidade de analisarmos os subtipos de violência por parceiro íntimo com amostras representativas da população brasileira”, comenta a pesquisadora. Os dados podem servir como guia para a formulação de programas e políticas públicas para combater esses tipos de violência.

Fonte: Agência Bori

Leia mais notícias em cubo.jor.br e nos sigam nas redes sociais: Facebook, Twitter, Telegram, Instagram e Tiktok. Colabore com mais informações nos enviando através do telefone e whatsapp/telegram (98) 98506-2064 ou pelo e-mail ocuboblog@gmail.com

Ou mande qualquer quantia pelo PIX para ocuboblog@gmail.com

Violência doméstica contra mulheres: a outra pandemia

Desde o início da pandemia de Covid-19, a violência doméstica contra mulheres e meninas cresceu no mundo todo, revelando a amplitude deste fenômeno. Segundo a ONU Mulheres, os casos aumentaram 30% em diferentes países do mundo, da França ao Chipre, de Singapura à Argentina. No Brasil, as chamadas para o 190 aumentaram 3,8% em 2020, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O disque-denúncia de violência doméstica disponibilizado pelo Ministério dos Direitos Humanos recebeu 105 mil chamadas de mulheres neste mesmo período.

Anúncios

O aumento de 1,9% dos feminicídios e de medidas protetivas em muitas delegacias e a diminuição de 9,9% de registros policiais de casos de violência contra a mulher, em relação a 2019, sugerem que a pandemia impactou o atendimento a essas mulheres de forma significativa. Esse cenário faz com que cresça a subnotificação desse tipo de violência.

Além da recomendação de isolamento social imposta pela doença, as causas do aumento da violência de gênero são várias e demandam estudos mais aprofundados. Entretanto, já se sabe que contextos de crise sanitária, econômica e social exacerbam a divisão sexual do trabalho, reforçando o papel de cuidado não remunerado que as mulheres historicamente exercem. O desemprego das mulheres e de seus familiares, somado à queda da renda, à volta da fome e ao fechamento das escolas são fatores que agravam a situação.

A violência de gênero possui múltiplas dimensões e geralmente se apresenta sob mais de uma forma. Sua expressão no ambiente doméstico e familiar é uma das mais difíceis de enfrentar, por ser de autoria de familiar ou de pessoa com quem a mulher mantém relação afetiva. Violências física, psicológica, patrimonial, moral, sexual se misturam e, infelizmente, podem ser o prenúncio de feminicídio.

Anúncios

Com a igualdade de direitos conquistada na Constituição Federal e as medidas previstas na Lei Maria da Penha, houve muitos avanços na configuração do problema e na formação de uma rede de proteção social às mulheres que sofrem violência. No entanto, vale lembrar que apenas em 2021, na decisão da ADPF 779, o STF consolidou o entendimento de que a legítima defesa da honra não pode mais ser alegada em defesa do agressor.

Desde 2003, com a criação da Secretaria de Política para as Mulheres, as políticas públicas de enfrentamento à violência contra as mulheres são ampliadas e passam a incluir ações integradas de assistência social, saúde, segurança pública e acesso à justiça que proporcionam acolhimento, cuidados e defesa dos direitos. Para avançar, no sentido de garantir esse direito a todas, essas políticas precisam ter financiamento e apoio de todas as esferas de governo e da justiça.

É importante, por exemplo, que haja um olhar específico para a violência contra mulheres mesmo em municípios de pequeno e médio porte, onde não há demanda ou equipamentos especializados no atendimento a mulheres. A partir desse olhar, se poderá diagnosticar o problema e construir estratégias de atendimento às mulheres e aos agressores

Anúncios

Deve-se cuidar para que o atendimento à mulher, especialmente nas delegacias de polícia, não seja tão ou mais violento do que o ato de violência sofrido, reforçando a vitimização ao invés de garantir direitos. Outro ponto importante a ser observado é a articulação em rede dos serviços governamentais e da Justiça e o diálogo permanente com os movimentos de mulheres do território. É essencial, ainda, que a Justiça avance na concessão de medidas protetivas atreladas à resolução de conflitos em processos de divórcios e guarda de filhos.

No atual contexto, faz-se ainda mais urgente a caracterização da violência contra a mulher como grave violação de direitos humanos e a implementação de políticas públicas especializadas e articuladas. Se não fizermos isso, enquanto sociedade, estaremos permitindo o avanço de grandes retrocessos na agenda de direitos das mulheres, duramente conquistados nas últimas décadas.

Mulheres idosas são as principais vítimas da violência contra ciganos

Anúncios

No Dia Nacional do Cigano, celebrado nesta segunda-feira (24), o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) apresentou um balanço sobre violações de direitos contra integrantes dessa comunidade no país. Os dados fazem parte do painel da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos, a partir de denúncias recebidas e analisadas pelos canais oficiais mantidos pelo governo federal, como o Ligue 180 e o Disque 100. A apresentação dos números ocorreu durante um seminário virtual organizado pela pasta para discutir políticas públicas para este segmento. 

Do total de 350 mil denúncias protocoladas em 2020 nestes canais, 67 envolvem especificamente vítimas identificadas como ciganas. O valor representa apenas 0,01% das denúncias, o que sugere uma subnotificação de casos. “A gente sabe que os povos ciganos são violentados em diversas hipóteses, mas ainda acessam muito pouco os canais da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, o Disque 100 e o Ligue 180”, aponta Fernando César, ouvidor nacional de direitos humanos do MMFDH.

Anúncios

De acordo com o painel, a violência contra a pessoa idosa reúne cerca de 30 das 67 denúncias registradas. Em seguida, aparecem violência contra crianças e adolescentes e violência doméstica familiar contra mulheres. Violência contra a pessoa socialmente vulnerável e violação de direitos humanos completam o quadro da Ouvidoria Nacional sobre povos ciganos.

Em relação aos tipos de violência, foram denunciados casos de constrangimento, ameaça, coação, exposição de risco à saúde, maus-tratos, exposição, agressão e injúria.

A maior parte das violências notificadas contra a população cigana (40%) teria ocorrido nas casas das vítimas. Outros 36% dos casos ocorreram na casa da vítima e do suspeito, quando vítima e agressor vivem na mesma casa. Outras 24% das denúncias foram situações ocorridas em outros lugares. 

O painel da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos também revela que 70% das vítimas são do sexo feminino e 49% têm mais de 80 anos. “Se a gente fosse desenhar um perfil hoje da vítima cigana de violação de direitos humanos, ela é uma mulher acima de 80 anos”, aponta Fernando César. Já os suspeitos da violência são, em sua grande maioria (66%), pessoas do sexo masculino e, em cerca de 37% dos casos, vizinhos da vítima.

Anúncios

Ciganos no Brasil 

Não se sabe ao certo o tamanho dessa população no Brasil nem sua distribuição geográfica. O único dado oficial começou a ser coletado em 2011, quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) concluiu um levantamento sobre a existência de acampamentos ciganos em 291 municípios de 21 estados. No entanto, o mapeamento é impreciso, pois só foram contabilizadas as prefeituras que voluntariamente responderam à pesquisa. Além disso, a maioria dos ciganos no país não está mais localizada em acampamentos e muitos já se fixaram em áreas urbanas, constituindo em bairros inteiros onde praticamente só vivem ciganos, já que a cultura de viver em proximidade é muito forte entre eles.   

A teoria mais aceita entre os estudiosos é que os ciganos têm origem na Índia, a partir de uma dissidência de castas no país asiático, há cerca de mil anos, que fez com que o grupo se espalhasse primeiro pela Europa e depois para o resto do mundo (diáspora). No Brasil, acredita-se que os primeiros ciganos chegaram em 1574 ou um pouco antes, segundo registros dos padres jesuítas. Há três etnias mais importantes: os Calon, grande maioria no país, oriundos da Espanha e Portugal, os Rom, com origem na Romênia, Turquia e Grécia, e os Sinti, que vieram principalmente da Alemanha e da França.

Anúncios

Em território brasileiro, os ciganos só passaram a ter um reconhecimento público mais visível no final da década de 1990, durante as primeiras discussões étnico-raciais no plano nacional de direitos humanos. Mas a agenda passou a ganhar mais impulso a partir de 2003, com a criação da Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial, com status de ministério. Em 2006, um decreto criou o Dia Nacional do Cigano, celebrado em 24 de maio. Em 2011, o Ministério da Saúde editou a Portaria 940, que dispensou a apresentação de comprovante de residência para ciganos itinerantes obterem o cartão do Sistema Único de Saúde (SUS). No ano seguinte, o Ministério da Educação publicou uma resolução para assegurar às crianças, adolescentes e jovens em situação de itinerância o direito à matrícula em escola pública, outra demanda dos ciganos.

Por Agência Brasil.

Mulher vítima de violência terá prioridade em programa habitacional

O Senado aprovou hoje (6) o projeto de lei que dá à mulher vítima de violência doméstica prioridade em programas sociais de acesso à moradia. O objetivo é garantir, com a maior brevidade possível, a possibilidade de sua mudança para longe do agressor. O projeto segue para a Câmara dos Deputados.

“Oferecer saídas para as mulheres agredidas é um alento que está ao nosso alcance e certamente contribuirá para combater o flagelo da violência contra a mulher, requerendo para tanto apenas a reorganização de prioridades no acesso a programas sociais de moradia, sem custo adicional aos cofres públicos”, disse o relator, senador Paulo Rocha (PT-PA).

Nesse caso, os dados relativos à relação de beneficiários de programas habitacionais deverão ser anonimizados. “A medida é prudente, pois ajuda a proteger as beneficiárias contra exposição indevida de sua intimidade e contra novas violações de direitos”, disse o relator. 

Paulo Rocha ainda acatou uma emenda incluindo entre os casos prioritários as mulheres responsáveis financeiramente pela unidade familiar.

Violência mata mais de 103 mil crianças e adolescentes no Brasil, diz levantamento

Um levantamento divulgado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), mostra que entre os anos de 2013 e 2020, pelo menos 103.149 crianças e adolescentes com idades de até 19 anos morreram no Brasil, vítimas de agressão. Acrescentou que, do total, cerca de 2 mil vítimas tinham menos de 4 anos.

A SBP informou que, segundo especialistas consultados, o isolamento social, medida “essencial para conter a pandemia do novo coronavírus”, resultou em aumento da exposição das crianças a uma “maior incidência de violência doméstica”, o que, consequentemente, elevou também os casos letais.

Segundo o presidente do Departamento Científico de Segurança da SBP, Marco Gama, o estresse causado pela pandemia aumentou a probabilidade de as crianças serem vítimas de violência, além de causar prejuízos do ponto de vista da saúde física e mental. 

No entanto, disse ele, independentemente da pandemia, os casos de violência contra crianças e adolescentes sempre existiram, principalmente em ambiente doméstico ou intrafamiliar. A SBP acrescenta que, só em março de 2020, foi registrado, no Brasil, um aumento de 17% no número de ligações notificando a violência contra a mulher.

Opinião: A (in)visibilidade da violência contra as mulheres

O Brasil ainda tem uma grande dificuldade em diminuir os casos de violência contra as mulheres

Nos últimos anos, o feminicídio ganhou um grande destaque nas manchetes nacionais. A violência contra a mulher acabou ganhando mais frequência nas páginas dos jornais que outros assuntos e a forma como os meios de comunicação abordam esse tema precisa ser analisada.

Sancionada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2006, a Lei 11.340/06, conhecida como Lei Maria da Penha, é considerada pela ONU como uma das três melhores legislações do mundo no enfrentamento à violência contra as mulheres. Mas a lei somente é citada nos jornais quando se trata de casos de violência contra mulheres adultas. Os demais tipos de violências, sofridas por crianças, adolescentes e idosas, são esquecidas e não existe nenhuma citação sobre políticas públicas para esse grupo.

Os jornais acabam dando pouca (ou nenhuma) importância sobre os problemas que são gerados com essa violência, mostrando um certo descuido sobre o assunto ou até fazendo isso de propósito. O descuido começa quando os jornais não mostram como esse assunto é importante e ficam somente na superficialidade dos casos. Dessa forma tornam os casos de feminicídio somente um caso qualquer dentre outros homicídios.

Segundo Geysa Fernandes em seu artigo Mulher na Mídia, as consequências não envolvem somente a mulher violentada, mas também a família e que o discurso utilizado na maioria das notícias dos jornais ao relatar os casos de feminicídios minimizam ou acabam dando um tom de desprezo, sendo apenas descritivos, onde se evidencia um agressor, uma vítima e uma ação hostil, igualando a violência de gênero a outros tipos de violência.

Outro exemplo é a notícia publicada no jornal maranhense Jornal Pequeno com a chamada “Mulher é assassinada pelo ex-marido em Balsas”, em apenas dois parágrafos o feminicídio foi noticiado como um homicídio qualquer, a notícia ainda evidencia ainda que a vítima era usuária de drogas, em nenhum momento da matéria, o jornal dedicou um espaço para informar como evitar ou em que tipificação se encaixar esse homicídio.

Segundo o Monitor da Violência, o Brasil ainda tem uma grande dificuldade em diminuir os casos de Violência contra as mulheres. Entre 2017 e 2018 foram 4.254 vítimas. Essa marca diz respeito apenas aos casos registrados oficialmente, onde podemos concluir que este número pode ser ainda maior. Segundo o Escritório das Nações Unidas para Crime e Drogas, a taxa no Brasil é de 4 mulheres mortas para cada grupo de 100 mil, sendo 74% superior à média mundial, que é de 2,3 mortes a cada 100 mil mulheres. O Brasil como um dos países mais violentos para as mulheres.

Existe também na mídia o descuido em explicar melhor como a lei funciona, pois muitos a desconhecem e a resumem somente a casos de brigas entre companheiros. A proposta da Lei Maria da Penha vai além, uma vez que presume a “eliminação de todas as formas de discriminação contra as mulheres”, previne e pune qualquer tipo de violência contra a mulher e não se limitando ao feminicídio ou a violência física ou sexual. O desconhecimento da lei é evidente e muitos leitores não sabem que ela pode ser aplicada em outras situações. Quando os jornais não noticiam essas outras informações, acaba perdendo sua principal função: informar as pessoas e constituir cidadania.

No cenário local, jornais diários dão muita atenção a alguns tipos específicos de violência contra as mulheres, a exemplo das as violências físicas e sexuais. Apesar dos 13 anos da Lei, não houve uma grande mudança de abordagem desses veículos. Como aconteceu com a notícia sobre a morte de Elielma de Castro Serejo, morta a tiros de espingarda pelo marido em Santa Rita. A notícia foi veiculada ao Jornal Itaqui Bacanga com a chamada “Mulher é morta pelo Marido em Santa Rita”. Em nenhum momento, o jornal se preocupou em dar mais informações sobre a Lei Maria da Penha. Casos aparentemente menos graves, como violência verbal e moral, são esquecidos ou simplesmente ocultados dos meios de comunicação.

Esse tipo de mídia que busca alcançar o maior número de leitores, acaba menosprezando a violência contra a mulher. Para José Arbex Jr, no texto Uma Outra Comunicação é possível (e necessária), quando a mídia “trata as notícias como ‘produtos’ sujeitos à ‘lei do mercado’, a mídia recorre ao sensacionalismo” (p. 385, 2003). A disputa comercial, feita de forma camuflada, a destaque aos casos de violência contra as mulheres, mas somente enfatiza às notícias mais trágicas e apelativas, deixando de lado a contextualização dessa violência, tal descuido e a ausência de informação reduzem a violência de gênero a mais um caso policial qualquer.

As mídias deixam de lado a obrigação de noticiar sobre políticas públicas que podem servir no combate à violência em muito dos casos, sequer mencionam os contatos para denúncias. Mesmo se esforçando em passar uma imagem imparcial e democrática, é visível o descuido em noticiar esse tema, explicitando somente para alcançar um objetivo, o lucro.

Digite seu e-mail para assinar as notificações deste site

Junte-se a 1.031 outros assinantes

Índice de violência reduz na Ilha de São Luís

O índice de violência na ilha de São Luís teve uma redução de 26,58% em comparação com 2016. Os dados são do Centro de Apoio Operacional Criminal (CAOp-Crim), do Ministério Público do Maranhão, que foram divulgado sexta-feira (12).

Conforme com o relatório “Estatísticas das ocorrências de CVLI, na Grande Ilha de São Luís, no ano de 2017”, a estatística ainda está acima do máximo considrado aceitável pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que seria um teto de 10 crimes por grupo de 100 mil habitantes. Em São Luís, o índice foi de 44,32 por 100 mil habitantes.

Conforme o Promotor de Justiça, José Cláudio Cabral Marques, houve uma queda nas ocorrências de 658 para 630. Em 2011, ocorreram 655 CVIs na região metropolitana de São Luís. O ano com maior número foi em 2014, com 1.227 ocorrências.

De acordo com o promotor, foram colocadas ações como o aumento do efetivo da Polícia Militar, mais viaturas e armamentos, além da criação da Superintendência de Proteção à Vida.

Leia mais Notícias em ocuboblog.com e nos sigam nas redes sociais: Facebook, Twitter e Instagram. Colabore com mais informações nos enviando através do telefone e whatsapp (98) 98506-2064

PEC que torna o estupro crime inafiançável é aprovada pelo Senado

A PEC 64/2016 que altera a Constituição para tratar o estupro, juntamente com o racismo como crime “inafiançável e imprescritível” (poderá ser punido mesmo muitos anos depois de cometido) foi aprovada em segundo turno nesta quarta-feira (9) pelo Senado. A PEC já havia sido aprovada em primeiro turno no dia 9 de maio.

Por 61 votos a favor e nenhum contrário, a PEC segue para análise da câmara dos deputados para ser votada. O texto é do senador Jorge Viana (PT-AC) e teve como relator a senadora Simone Tebet (PMDB-MS).

72 anos do ataque Nuclear a Hiroshima

Imagem da página “A segunda guerra mundial e seus fatos 2.0”

Sendo a primeira arma nuclear usada em guerra, contra alvos civis. A bomba atômica de urânio (Little Boy), que foi lançada sobre a cidade de Hiroshima, faz 72 anos. Desdo dia 6 de agosto de 1945, já fora registrado entre 90.000 a 166.000 mortos. Cerca de metade das mortes ocorreu no primeiro dia, as mortes registradas após o ataque foram por causa do efeito de queimaduras, envenenamento radioativo e outras lesões.

Sume kuramoto que presenciou o ataque aos 16 anos de idade fala sobre a tragédia. “Nunca esquecerei esse momento. Pouco depois das 8 da manhã, houve um estrondo, uma explosão reverberante e, no mesmo instante, um clarão de luz amarelo alaranjado entrou pelo vidro do telhado. Ficou tudo tão escuro como noite. Um golpe de vento atirou no ar e a seguir no chão, contra as pedras. A dor estava apenas brotando quando o prédio começou a ruir em torno de mim.”

Cidade de Hiroshima antes do ataque

Cidade de Hiroshima depois do ataque
Poucos dias depois do bombardeio de Nagasaki, da declaração de guerra da união soviética e 9 dias depois do ataque a Hiroshima, o Japão anunciou sua rendição. No dia 2 de setembro assinou o acord de rendição, encerrando a Segunda Guerra Mundial.Após o ataque, o Presidente Truman falou “Se eles não aceitam os nossos termos podem esperar uma chuva de fogo vinda do ar nunca antes vista na Terra.”

  • Little Boy 


A bomba denominada de Little boy (“menininho” ou “garotinho”) tinha u pode explosivo de 15 quilotons. Usava uma carga explosiva de urânio-235. Pesava 4 toneladas com o comprimento de 3,5 metros, largura de 71 centímetros e diâmetro de 60 centímetros.

Foi lançado pelo Avião Enola gay (um modelo B-29 superfortress) que foi pilotada pelo Tenente-coronel Paul Tibbets. A bomba explodiu aproximadamente às 8h15 da manhã.