Arquivo da tag: Checagem de Notícia

Lula confirmou que vai criar Guarda Nacional e desarmar a polícia? Isso é falso!

Montagem manipulou perfil do presidente eleito para espalhar desinformação

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É falso que o presidente eleito, Lula, tenha declarado que planeja criar uma suposta Guarda Nacional, desmilitarizar ou desarmar polícias. Imagens contendo prints de publicações atribuídas às redes sociais de Lula são montagens.

O que estão dizendo?

A imagem que circula nas redes sociais é uma montagem que reúne dois supostos prints de mensagens escritas por Lula no Instagram. “Não vamos tolerar manifestações fascistas de caminhoneiros que querem prejudicar o Brasil. Vamos combater o neonazismo desde o primeiro dia com a nossa nova Guarda Nacional”, diz o primeiro trecho.

No segundo bloco de mensagens, o presidente eleito teria destacado que a ação seria de imediato: “Policiais devem servir o Brasil e não organizações bolsonaristas. No meu primeiro pacote de ações como Presidente está a desmilitarização, despolitização e desarmamento das polícias”.

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As informações são falsas. O primeiro fato enganoso é dizer que os prints seriam do Instagram do presidente eleito, já que as imagens simulam postagens no Twitter. Na verdade, em nenhuma rede social de Lula foram publicadas tais afirmações.

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Os falsos tuítes indicam que as publicações teriam sido feitas às 8h07 do dia 01 de novembro de 2022, mas ao conferir no perfil do presidente eleito no Twitter é possível ver que a primeira postagem neste dia foi às 8h53.

Ainda que se considere a possibilidade das postagens terem sido apagadas, isso não aconteceu. É o que mostram os registros do Projeto 7c0, iniciativa que cataloga perfis políticos e registra quando postagens são apagadas. Também não consta nenhuma postagem apagada nos registros do Internet archive, projeto que guarda o histórico visual de mais de 700 bilhões de páginas na internet, incluindo o perfil de Lula.

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Além das redes sociais, esta reportagem também verificou que termos como Guarda Nacional, desmilitarização, despolitização e desarmamento das polícias não são encontradas no plano de governo da chapa Lula e Alckmin apresentado ao Tribunal Superior Eleitoral.

As propostas de governo onde policiais são citados, tratam somente de planos para a modernização e melhoria das condições de trabalho dos policiais. O novo boato afirmando que Lula confirmou que vai criar Guarda Nacional para combater protestos se trata apenas de mais uma versão de um assunto que já foi explorado por diversos conteúdos falsos e desmentido por várias iniciativas de checagem de fatos.

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Vídeo não mostra protesto em Cuba, mas festa na Argentina após o título da Copa América

Um vídeo da comemoração na Argentina pelo título da Copa América é compartilhado nas redes sociais (veja aqui) como se mostrasse um protesto que aconteceu em Cuba no domingo (11). As imagens, entretanto, exibem o Obelisco de Buenos Aires e outdoors que aparecem na rua Cerrito, no entorno do monumento. No sábado (10), milhares de argentinos foram às ruas para comemorar a vitória da seleção local no torneio de futebol.

Postagens com contexto enganoso do vídeo reuniam ao menos 7.000 compartilhamentos no Facebook até a tarde desta terça-feira (13) e foram marcadas com o selo FALSO na ferramenta de verificação da plataforma ‌(‌saiba‌ ‌como‌ ‌funciona‌).

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Veja como está Cuba hoje!!!!! Que Deus tenha misericórdia

Diferentemente do que alegam publicações nas redes sociais, um vídeo que mostra milhares de pessoas e veículos nas ruas não foi gravado em Cuba durante uma manifestação contra o governo de Miguel Díaz-Canel. As imagens, na verdade, exibem argentinos comemorando o título da Copa América no último sábado (10).

Aos Fatos não encontrou o vídeo original por meio de busca reversa, mas indícios presentes na gravação mostram que a cena ocorreu em Buenos Aires na noite do título. É possível ver nas imagens, por exemplo, o obelisco na Praça da República iluminado com as cores da bandeira argentina, como estava na noite da comemoração. Também aparecem nas imagens os outdoors em prédios na rua Cerrito, próxima ao monumento (veja abaixo).

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Além disso, o vídeo das peças de desinformação é semelhante a outros registros da comemoração argentina gravados na mesma noite. O canal argentino Todo Notícias, por exemplo, exibiu um vídeo semelhante (veja abaixo). Outros veículos, como ÁmbitoDepor e Infobae, também publicaram registros da mesma comemoração.https://www.youtube.com/embed/UlRiXInnpN4?start=154


Antes de circular no Brasil, o vídeo com o falso contexto também foi compartilhado em língua espanhola e desmentido pelas equipes das agências AP e EFE.

CubaNo último domingo (11), foram realizados protestos em diversas cidades cubanas contra o governo do presidente Díaz-Canel, a quem responsabilizam pela crise econômica no país. Os manifestantes também reclamavam da falta de assistência médica durante a pandemia e da escassez de medicamentos.

Referências:

1. Depor (Fontes 1 e 2)
2. Google
3. YouTube
4. Ámbito
5. Infobae
6. AP
7. EFE
8. G1

Vídeo sobre ‘cartilha’ de educação sexual para crianças é antigo; livro nunca foi distribuído em escolas públicas

Circula no WhatsApp um vídeo no qual uma criança segura um livro ilustrado sobre educação sexual. Na gravação, dois adultos narradores mostram a capa e as páginas da obra, intitulada Aparelho Sexual e Cia, e afirmam que o exemplar pertencia a um senhor cujo filho teria recebido essa “cartilha” no colégio — o nome da escola não é citado em nenhum momento. Ao folhear as páginas e ler alguns trechos, os autores sugerem que isso seria uma prova para quem não acreditava que o livro existia. A gravação é acompanhada do letreiro “seja sincero… Bolsonaro estava errado?” Por WhatsApp, leitores da Lupa sugeriram que esse conteúdo fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação​:

“Encontramos um senhor que tem essa cartilha. O filho dele recebeu no colégio. Para quem achou que era mentira: é um ‘guia inusitado para crianças descoladas’ (…). Aqui ó, o menino pode gostar de outro menino, uma menina pode gostar de outra menina. Tem coisas piores ainda (…). Para quem não acredita (…), eu tive a oportunidade de ver (…)”

Conteúdo de vídeo que circula em grupos de WhatsApp

FALSO

A informação analisada pela Lupa é falsa. O livro Aparelho Sexual e Cia, mostrado no vídeo, nunca foi distribuído em escolas da rede pública do país. Por email, a assessoria de imprensa do Ministério da Educação (MEC) confirmou que nunca adquiriu esse livro para o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Além disso, o vídeo é antigo. A mesma gravação já havia sido compartilhada em correntes de WhatsApp em 2018 e desmentida na época. 

Em 2018, o livro foi o centro de pelo menos duas polêmicas provocadas pelo então candidato à presidência Jair Bolsonaro (sem partido). Em 28 de agosto daquele ano, Bolsonaro mostrou um exemplar durante entrevista ao Jornal Nacional e afirmou, sem provas, que a obra era parte de um “kit gay” e que tinha sido comprado pelo MEC para ser distribuído nas escolas públicas — o que não é verdade. Bolsonaro foi desmentido na época pelo próprio MEC e pela Companhia das Letras, editora pela qual o livro foi publicado no Brasil.

Ainda em 2018, em outubro, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinou que fossem suspensos os links de sites e de redes sociais com a expressão “kit gay” usados pela campanha de Bolsonaro, à época candidato pelo PSL. Depois da entrevista ao Jornal Nacional daquele ano, o político falou sobre o assunto em suas redes sociais diversas vezes e usou o tema para atacar o adversário, o então candidato à presidência Fernando Haddad (PT). Na ocasião, ele afirmava que o livro era “coisa do PT” e que a obra tinha sido distribuída quando Haddad era ministro da Educação. 

Dois anos antes de sua candidatura oficial, em janeiro de 2016, Bolsonaro já havia criado um boato envolvendo o mesmo livro. Na época, o então deputado federal pelo PP do Rio de Janeiro acusou o MEC de distribuir exemplares na rede pública, o que foi desmentido pelo ministério. Já naquele ano ele afirmava que era “o livro do PT, livro do Lula e da Dilma Rousseff.”

Kit gay 

O “kit gay” a que Bolsonaro se referia foi um nome pejorativo dado a uma cartilha produzida em 2010 pelo Escola sem Homofobia, projeto que fez parte do programa Brasil sem Homofobia. Esse programa foi criado pelo governo federal em 2004 com o propósito de combater a violência e o preconceito contra a população LGBTQIA+. A cartilha — composta por vídeos, boletins e um caderno com orientações para professores — foi  pensada especificamente para a formação de educadores e, em nenhum momento, chegou a ter previsão de distribuição para alunos. O livro Aparelho Sexual e Cia também nunca foi incluído. 

Vale pontuar que o projeto Escola Sem Homofobia sequer chegou a ser concretizado. Após pressão da Frente Parlamentar Evangélica na Câmara dos Deputados, a então presidente Dilma Rousseff (PT) vetou a produção em maio de 2011.

Obra francesa completou 20 anos

O livro Aparelho Sexual e Cia foi publicado pela primeira vez na França, em 2001, pela autora Hélène Bruller e com ilustrações de Zep. O texto original (Le Guide du Zizi Sexuel) foi traduzido para mais de 25 países e foi publicado no Brasil pelo selo juvenil da editora Companhia das Letras, em 2007. Indicada para pré-adolescentes e adolescentes entre 11 e 15 anos, a obra é apresentada pela editora como uma alternativa original para pais e professores quando precisam conversar sobre amor e sexo com jovens. O conteúdo é ilustrado e fala sobre assuntos como as mudanças da puberdade, sexo, contracepção e infecções sexualmente transmissíveis, entre outros.

Esta‌ ‌verificação ‌foi sugerida por leitores através do WhatsApp da Lupa. Caso tenha alguma sugestão de verificação, entre em contato conosco pelo número +55 21 99193-3751.

Editado por: Chico Marés

Por Agência Lupa.

É falso que ativação de Bluetooth no celular mostra pessoas vacinadas nas proximidades

Circula pelas redes sociais um vídeo em que um homem ativa a função Bluetooth do celular em um supermercado com várias pessoas. Em seguida, ele mostra a tela do aparelho, que exibe uma lista na qual cada linha é formada por um código com seis duplas de letras e números, separadas por dois pontos. Segundo o narrador da gravação, trata-se das pessoas vacinadas contra Covid-19 que estão no local. Elas poderiam ser detectadas por qualquer smartphone, uma vez que carregariam chips aplicados com os imunizantes. Por meio do ​projeto de verificação de notícias​, usuários do Facebook solicitaram que esse material fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação da Lupa​:

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“Olha só. Tudo isso aqui é o pessoal que foi vacinado. Todo mundo que levou sua marquinha agora pode ser identificado. Isso é o que o meu Bluetooth está conseguindo pegar. É a marca do chip da vacina”

Áudio em post publicado no Facebook que, até as 15h de 8 de julho de 2021, tinha 7 compartilhamentos

FALSO

A informação analisada pela Lupa é falsa. Os números que aparecem no visor do celular exibido no vídeo são endereços Bluetooth de dispositivos eletrônicos que usam essa tecnologia – como outros smartphones, fones de ouvido ou relógios inteligentes próximos. “Ele estava sintonizando todos os celulares do supermercado com o Bluetooth habilitado. São os Bluetooths dos celulares das pessoas que estavam no supermercado naquele instante”, afirmou, por telefone, o professor Marcelo Zuffo, do Departamento de Engenharia de Sistemas Eletrônicos da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).  

Todos os aparelhos com Bluetooth podem ser “vistos” quando alguém deixa essa função ativada. Isso permite que se faça o pareamento, ou seja, a conexão sem fio entre dois ou mais equipamentos munidos dessa tecnologia. Para ver os aparelhos próximos, basta ativar a função Bluetooth do celular. Com isso, uma busca pela área é feita automaticamente. Como há sempre várias pessoas em um supermercado – clientes ou funcionários –, a lista que aparece acaba sendo longa, como a que foi mostrada no vídeo. Se a pessoa repetir a experiência em casa, haverá poucos resultados ou nenhum. A Lupa fez o mesmo procedimento da gravação em um supermercado e obteve uma lista semelhante.

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O código que aparece para designar cada dispositivo é o endereço Bluetooth definido pelos fabricantes. Todos os aparelhos com essa tecnologia recebem um identificador escrito em código hexadecimal, que consiste em seis duplas formadas por uma combinação dos algarismos de 0 a 9 e das letras A, B, C, D, E e F – por exemplo, 1A, 34 ou 2D – separadas por dois pontos. Os nomes comerciais atribuídos aos dispositivos não aparecem diretamente para garantir a privacidade. Por isso, abaixo desse código costuma vir a mensagem: “O nome do aparelho será exibido quando este aparelho estiver conectado”. É preciso haver o pareamento, o que só ocorre se o dono do outro equipamento autorizar. Não se deve, no entanto, fazer isso com dispositivos desconhecidos.

Além disso, não há qualquer registro de que tenha sido criado um dispositivo microscópico funcional com Bluetooth que poderia ser injetado com uma seringa em uma pessoa. Como os menores aparelhos com essa tecnologia, chamados de beacons, dependem de antenas e baterias, seu tamanho ainda está na casa de alguns poucos centímetros. Esses pequenos dispositivos usam o Bluetooth de Baixa Energia, ou BLE, na sigla em inglês, e têm múltiplos usos. Podem, por exemplo, monitorar a movimentação de clientes dentro de um supermercado para registrar hábitos de consumo ou oferecer promoções-relâmpago para quem passa em um determinado corredor, entre outras aplicações.

Nota:‌ ‌esta‌ ‌reportagem‌ ‌faz‌ ‌parte‌ ‌do‌ ‌‌projeto‌ ‌de‌ ‌verificação‌ ‌de‌ ‌notícias‌‌ ‌no‌ ‌Facebook.‌ ‌Dúvidas‌ sobre‌ ‌o‌ ‌projeto?‌ ‌Entre‌ ‌em‌ ‌contato‌ ‌direto‌ ‌com‌ ‌o‌ ‌‌Facebook‌.Editado por: Chico Marés

Posts enganam ao alegar que Leite quer ‘ideologia de gênero’ nas escolas do RS

Postagens nas redes sociais enganam ao afirmar que o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), propôs medidas para implementar “ideologia de gênero” nas escolas (veja aqui). O termo é usado pejorativamente em referência a pautas LGBTQIA+ e feministas, mas não há registros de que o atual governo gaúcho planeje ou tenha adotado ações nesse sentido no ambiente escolar.

A peça de desinformação, que surgiu após Leite assumir publicamente ser gay, reunia centenas de compartilhamentos no Facebook nesta terça-feira (6) e foi marcada com o selo FALSO na ferramenta de verificação da rede social (entenda como funciona).

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Este homem não me representa! Não votei nele, com Orgulho! Pode ser Gay, Hetero, Trans, Bi, Power Ranger, o que ele quiser, é problema dele. Mas um homem, intitulado de Governador do Estado, querer implementar Ideologia de Gênero e banheiros coletivos nas escolas, me dá Asco!!

É falsa a alegação de que o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), pretende implementar nas escolas “ideologia de gênero”, termo pejorativo empregado por grupos de direita e religiosos em referência à educação sexual e a pautas feministas e LGBTQIA+. Aos Fatos não localizou qualquer projeto ou ação da atual gestão nesse sentido no ambiente escolar.

A assessoria de Eduardo Leite e a Secretaria de Estado de Educação do RS também negaram que o governo gaúcho tenha adotado nas escolas medidas que possam ser associadas à “ideologia de gênero”.

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Segundo a secretaria, as ações de diversidade em vigor hoje nas escolas foram propostas em gestões passadas, como o direito de o estudante usar o nome social, regulamentado em 2013 — no governo Tarso Genro (PT) —, e a inclusão de sugestões nas matrizes educacionais “para que sejam trabalhadas questões relacionadas à diversidade e demais temas relacionados aos direitos humanos”.

Também não há nenhuma ideia em andamento para alterar as designações de gênero nos banheiros das escolas, como sugere o texto desinformativo.

Esta peça de desinformação começou a circular após Leite dizer que é homossexual em uma entrevista ao programa Conversa com Bial, da TV Globo, no dia 1º de julho.

Referências:

1. Rede Globo

Por Aos Fatos.

É falso que Universidade de Oxford concluiu que ivermectina é eficaz contra a Covid

Circula pelas redes sociais que a Universidade de Oxford afirmou que a ivermectina reduz a replicação do novo coronavírus. A universidade britânica está testando o medicamento antiparasitário como um tratamento possível para a Covid-19, em estudo apoiado pelo governo britânico para auxiliar a recuperação de pacientes em contextos não hospitalares. Por meio do ​projeto de verificação de notícias​, usuários do Facebook solicitaram que esse material fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação da Lupa​:

“Ivermectina reduz replicação do vírus da Covid, afirma Universidade de Oxford”

Post no Instagram que, até as 16h20 do dia 24 de junho de 2021, tinha sido curtido por mais de 16 mil pessoas

A informação analisada pela Lupa é falsa. Pesquisadores da Universidade de Oxford não concluíram um estudo que demonstra que a ivermectina reduz a replicação do SARS-Cov-2, vírus que causa a Covid-19. Na verdade, a universidade anunciou, apenas, que iniciará estudos clínicos com o medicamento. Em comunicado à imprensa, a instituição menciona que estudos in vitro demonstraram que a droga pode reduzir a replicação do vírus, mas conclui que há pouca evidência, até o momento, de que ela sirva para acelerar a recuperação da doença — e, justamente por isso, o remédio será estudado de forma mais aprofundada.

Universidade de Oxford iniciou em 23 de junho um ensaio clínico para testar se a ivermectina funciona no tratamento da Covid-19. O medicamento foi incluído na Plataforma de Ensaio Randomizado de Tratamentos para Epidemias e Doenças Pandêmicas (Principle, na sigla em inglês), maior ensaio clínico mundial de possíveis medicamentos contra a doença, sob o argumento de que, em estudos laboratoriais, resultou na redução da replicação do vírus. Isso não quer dizer que os testes comprovaram os benefícios da ivermectina, pois eles nem mesmo começaram.

As justificativas para incluir o antiparasitário no estudo foram tiradas de contexto para dar a entender que eram resultados consolidados da Universidade de Oxford. Na verdade, o site da instituição britânica explica que a ivermectina foi incluída no Principle porque estudos in vitro mostraram que reduziu a replicação do Sars-CoV-2 e também porque um pequeno estudo piloto mostrou que administrar o medicamento antecipadamente poderia reduzir a carga viral e a duração dos sintomas em alguns pacientes com quadros leves. No entanto, no mesmo parágrafo a universidade destaca que “há pouca evidência de ensaios clínicos randomizados em grande escala para demonstrar que ela pode acelerar a recuperação da doença ou reduzir a internação hospitalar.”

Um dos pesquisadores responsáveis pela plataforma, o professor Chris Butler, inclusive afirmou que, ao incluir a ivermectina num ensaio em grande escala como Principle, espera-se “gerar evidências robustas para determinar a eficácia do tratamento contra a Covid-19 e se há benefícios ou danos associados ao seu uso.”

A ivermectina é o sétimo tratamento a ser investigado pela plataforma Principle e atualmente está sendo avaliada juntamente ao antiviral para gripe favipiravir. Vale pontuar que, em janeiro deste ano, a Principle concluiu que os antibióticos azitromicina e doxiciclina não são tratamentos eficazes contra a Covid. Por outro lado, estudos conduzidos neste programa mostraram evidências provisórias da budesonida inalada — primeiro medicamento eficaz do Reino Unido para tratar a doença em pacientes em casa. Os pesquisadores concluíram que esse fármaco, usado para tratar asma, pode reduzir o tempo de recuperação em uma média de três dias. Desde então, o tratamento foi incluído nas diretrizes clínicas para o tratamento de Covid-19 em estágio inicial no Reino Unido, Canadá e Índia.

Primeiros testes com ivermectina começaram em 2020

A ivermectina passou a ser disseminada como possível tratamento da Covid-19 depois que um estudo, publicado na Antiviral Research em junho do ano passado, indicou que a droga foi capaz de inibir a replicação do coronavírus em testes in vitro, ou seja, fora do organismo de um ser vivo. No entanto, dezenas de pesquisas feitas posteriormente indicaram que as evidências até o momento são insuficientes para comprovar eficácia. 

Em janeiro deste ano, por exemplo, uma pesquisa publicada na revista científica Lancet concluiu que, embora a ivermectina consiga inibir a replicação do coronavírus em laboratório, a concentração da substância não é facilmente alcançada em doses para seres humanos e, portanto, as evidências são limitadas para apoiar o uso clínico em pacientes com Covid-19. 

A atualização mais recente da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre as opções terapêuticas potenciais contra a doença (página 54), publicada em 23 de junho deste ano, analisou 29 estudos randomizados com ivermectina e concluiu que os indicativos ainda são insuficientes em relação a benefícios para pacientes com Covid. Em 31 de março, a OMS anunciou que as evidências atuais sobre o uso de ivermectina eram inconclusivas e recomendou que o medicamento fosse utilizado apenas em ensaios clínicos. A conclusão foi baseada em dados obtidos em 16 ensaios clínicos, incluindo pacientes internados e ambulatoriais.  

Nota:‌ ‌esta‌ ‌reportagem‌ ‌faz‌ ‌parte‌ ‌do‌ ‌‌projeto‌ ‌de‌ ‌verificação‌ ‌de‌ ‌notícias‌‌ ‌no‌ ‌Facebook.‌ ‌Dúvidas‌ sobre‌ ‌o‌ ‌projeto?‌ ‌Entre‌ ‌em‌ ‌contato‌ ‌direto‌ ‌com‌ ‌o‌ ‌‌Facebook‌.

Editado por: Chico Marés

Por Agência Lupa.

É falso que diretora do Ipec responde à Justiça por vender pesquisa que favorecia filho de Renan

Não é verdade que Márcia Cavallari Nunes, CEO do Ipec (Inteligências em Pesquisa e Consultoria) e ex-diretora do Ibope Inteligência, responda à Justiça por vender pesquisas que favoreciam o governador de Alagoas, Renan Filho (MDB), como alegam postagens nas redes (veja aqui). A executiva não é ré nem investigada. Em 2019, ela depôs em inquérito que apurava se levantamentos do Ibope serviam de fachada para repasses da J&F à campanha do filho do senador Renan Calheiros (MDB-AL). Cavallari nega a acusação.

Postagens no Facebook com a falsa alegação reuniam mais de 4.500 compartilhamentos até a tarde desta quarta-feira (30) e foram marcadas com o selo FALSO na ferramenta de verificação da plataforma ‌(‌saiba‌ ‌como‌ ‌funciona‌).

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Márcia Cavallari, responsável pela pesquisa do Ipec, que deu 49% de intenção de votos ao Lula, responde na justiça por vender pesquisa favorecendo o filho de Renan Calheiros, paga com dinheiro da JBS de Joesley Batista

É enganosa a alegação de que Márcia Cavallari, diretora do instituto de pesquisas Ipec e ex-executiva do Ibope Inteligência, responde hoje à Justiça por ter vendido levantamentos eleitorais à JBS que favoreciam o governador de Alagoas, Renan Filho (MDB). Ela não é ré e não foi investigada, tendo apenas prestado depoimento em inquérito do MPF (Ministério Público Federal) que apurou se pesquisas do Ibope bancadas pelo grupo J&F serviram de fachada para repasses à campanha do filho do senador Renan Calheiros (MDB-AL).

A denúncia investigada pelo MPF apareceu na colaboração premiada de Ricardo Saud, diretor de relações institucionais da J&F, em maio de 2017. Segundo ele, o Ibope Inteligência teria simulado uma prestação de serviço para que a controladora da JBS pudesse repassar dinheiro para a campanha de Renan Filho em 2014.

Em depoimento à PF (Polícia Federal) em novembro de 2019, Márcia Cavallari rechaçou a versão do delator e disse que as pesquisas eleitorais foram solicitadas pelo senador Renan Calheiros para a campanha do filho e que os serviços foram prestados devidamente. A executiva afirmou ainda que ficou acordado que metade do valor (R$ 300 mil) seria paga pela J&F e a outra metade pelo MDB. Naquela época, doações eleitorais de empresas ainda não haviam sido proibidas, o que só ocorreu em 2016.

Na época em que a acusação de Saud veio à tona, o Ibope Inteligência, então presidido por Cavallari, publicou nota em que confirmou ter recebido da JBS por pesquisas em Alagoas, mas negou que tivesse emitido notas fiscais falsas ou recebido propina. “Todas as notas fiscais mencionadas no Termo de Pré-Acordo de Colaboração Premiada são verdadeiras, foram devidamente contabilizadas e estão registradas na Secretaria Municipal da Fazenda da Prefeitura de São Paulo”, diz um trecho do texto.

Em nota enviada ao Aos Fatos, o Ipec afirmou que “Márcia Cavallari foi convidada, na posição de CEO do IBOPE Inteligência, com o único objetivo de prestar esclarecimentos referentes às pesquisas encomendadas pela JBS, que foram devidamente contratadas, executadas, entregues e pagas ao IBOPE Inteligência”.

Pesquisa. Esta peça de desinformação ganhou força após o Ipec divulgar pesquisa que mostrou o ex-presidente Lula (PT) com 49% das intenções de voto para as eleições de 2022 e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com 23%.

Estadão Verifica e a Agência Lupa também checaram a alegação enganosa.

Referências:

1. Ipec
2. Estadão (1 e 2)
3. Conjur
4. Web Archive
5. G1

Por Aos Fatos.

Freixo não entrou com ação contra polícia de Goiás por morte de Lázaro

Não é verdade que o deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ) entrou com ação contra policiais de Goiás pela morte de Lázaro Barbosa nem que pediu indenização para a família do criminoso ou que estuda abrir um instituto com o nome dele, como alegam posts (veja aqui). Além de não existirem indícios de que tenha tomado tais iniciativas, o parlamentar negou.

A peça de desinformação conta com centenas de compartilhamentos no Facebook nesta quarta-feira (30) e foi marcada com o selo FALSO na ferramenta de verificação da rede social (entenda como funciona).

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Nota de repúdio. Deputado Marcelo Freixo e movimentos dos Direitos Humanos entram com representação contra policiais de Goiás para investigar se houve ou não excessos no brutal assassinato de Lázaro Barbosa. ‘Testemunhas afirmam que ele se entregaria logo após descarregar as três armas que possuía’. ‘Todos nós temos direito a vida’, diz deputado em sua ação. Deputado Marcelo Freixo pede também que Estado indenize a família de Lázaro e já estuda criar o Instituto Lázaro Barbosa para que a história e o exemplo de resistência de Lázaro não caia no ostracismo.

O deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ) não entrou com ação para apurar excesso de violência na captura e morte de Lázaro Barbosa, não requisitou indenização para a família nem quer criar um instituto com o nome do criminoso. Ao Aos Fatos, o parlamentar desmentiu as alegações das postagens checadas, que também não são atestadas por registros na imprensa e nas redes sociais.

“As milícias digitais estão espalhando mais mentiras absurdas contra mim. Jamais entrei com representação contra os policiais de Goiás que atuaram no caso Lázaro. Também não pedi indenização para a família do criminoso e nem sugeri a criação do instituto Lázaro Barbosa”, disse Freixo.

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Não há registros ainda de que o deputado tenha proferido as declarações que lhe foram atribuídas nos posts: “Testemunhas afirmam que ele se entregaria logo após descarregar as três armas que possuía” e “Todos nós temos direito à vida”.

Nos perfis do deputado no Facebook e no Twitter, por exemplo, as únicas citações a Barbosa são feitas em posts com checagens de publicações falsas. Além disso, não foram encontradas referências ao criminoso em discursos ou propostas de Freixo.

Referências:

1. Facebook Marcelo Freixo
2. Twitter Marcelo Freixo
3. Site da Câmara (Fontes 1 e 2)

Por Aos Fatos.

Posts atribuem a Bolsonaro obra de transposição do São Francisco concluída em 2015

Uma foto que mostra um canal da transposição do rio São Francisco inaugurado em Cabrobó (PE) em 2015, durante o governo Dilma Rousseff (PT), circula nas redes sociais como se exibisse uma obra da gestão Bolsonaro (veja aqui). A imagem é usada nos posts com outras cinco, atribuídas à era petista, de cenas da seca no Nordeste. Ao menos uma delas, porém, foi registrada quando Michel Temer (MDB) era o presidente.

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Postagens que trazem as imagens com o falso contexto reuniam ao menos 2.300 compartilhamentos no Facebook até a tarde desta sexta-feira (2) e foram marcadas com o selo FALSO na ferramenta de verificação da plataforma ‌(‌saiba‌ ‌como‌ ‌funciona‌).


Incluída em um mosaico que circula em posts nas redes sociais, a foto que mostra um canal da transposição do rio São Francisco não retrata uma obra entregue pelo governo de Jair Bolsonaro (sem partido). O canal foi inaugurado em Cabrobó (PE) em agosto de 2015 com a presença da então presidente Dilma Rousseff (PT). O registro foi feito por Taisa Alencar para o G1.


Obra antiga. Canal do Eixo Norte em Cabrobó (PE) foi entregue em agosto de 2015 (Reprodução/G1).

Em dezembro de 2018, antes da posse do atual governo, o eixo norte da transposição, onde está o canal de Cabrobó, estava 95% concluído. Bolsonaro inaugurou apenas a última etapa, no ano passado, em Penaforte (CE), a 100 quilômetros da cidade pernambucana.

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As outras imagens que circulam junto a essa nas postagens também são usadas fora de contexto. Aos Fatos localizou a autoria de quatro delas, que não foram tiradas na região de Cabrobó. Um dos registros também não foi feito durante governos do PT, mas já na gestão de Michel Temer (MDB).

A primeira foto (veja abaixo), que mostra uma mulher carregando um balde na cabeça, foi registrada em abril de 2017, em Bonfim de Feira (BA), por Alan Tiago Alves, do G1.

A imagem que mostra um homem e um cavalo levando galões de água em uma estrada de terra (veja abaixo) foi publicada originalmente em 2013, quando Dilma era presidente, mas no Ceará. A foto é de Cid Barbosa, do Diário do Nordeste.

Já a terceira foto (veja abaixo), que mostra dois burros de carga, foi registrada pelo fotógrafo Régis Falcão em 2012, também no governo Dilma. Ao Aos Fatos, Falcão informou que a imagem foi feita em local próximo a Jaicós (PI).

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Já a foto que mostra um homem segurando um pedaço de terra (veja abaixo) foi registrada em 2008, ano em que Lula (PT) era presidente. A foto está disponível na base Wikimedia Commons com o título “Seca na região Nordeste do Brasil”, mas não há especificação do local da imagem.

Por fim, a postagem engana ainda ao afirmar que o PT teria governado o Brasil por 16 anos. Foram 13.

Esta é a segunda peça de desinformação sobre a transposição do São Francisco checada por Aos Fatos nesta semana. Na segunda-feira (28), foi desmentido que a obra mostrada em um vídeo também em Cabrobó seria uma realização de Jair Bolsonaro.

Referências:

1. G1 (1 e 2)
2. Fundação Joaquim Nabuco
3. EBC
4. Google Maps
5. Diário do Nordeste
6. Wikimedia Commons
7. Aos Fatos

Por Aos Fatos.

É falso que Adélio não teve sigilo quebrado em investigação de atentado a Bolsonaro

Não é verdade que Adélio Bispo de Oliveira, que esfaqueou Jair Bolsonaro na campanha eleitoral de 2018, teve seu sigilo preservado durante as investigações do atentado. Com autorização da Justiça, a PF (Polícia Federal) periciou contas bancárias, telefones e computador do agressor. Posts nas redes sociais (veja aqui) usam esta alegação falsa para se contrapor à quebra dos sigilos telefônico e telemático dos ex-ministros Eduardo Pazuello (Saúde) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores), requisitada pela CPI da Covid-19.

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No Facebook, os posts reuniam ao menos 44.302 compartilhamentos nesta quarta-feira (16) e foram marcadas com o selo FALSO na ferramenta de verificação da plataforma (entenda como funciona). O conteúdo enganoso foi também amplificado pelo vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos).


Posts desinformam ao apontar que seria uma contradição a quebra de sigilo dos ex-ministros Eduardo Pazuello (Saúde) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores) pedida pela CPI da Covid-19 porque Adélio Bispo de Oliveira, que esfaqueou Jair Bolsonaro na campanha de 2018, teve suas informações preservadas nas investigações do atentado. Isso não é verdade. Com autorização da Justiça, a PF (Polícia Federal) periciou contas bancárias, telefones e um computador do agressor do então candidato.

Adélio esfaqueou o então candidato à presidência no dia 6 de setembro em Juiz de Fora (MG). Dois dias depois, a juíza Patrícia Alencar Teixeira de Carvalho, da 2ª Vara Federal de Juiz de Fora, autorizou que os dados de quatro celulares e de um notebook usados pelo agressor tivessem o sigilo quebrado.

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Em seguida, a PF também anunciou que estava rastreando as movimentações bancárias do agressor. As informações constam na sentença do juiz Bruno Savino, proferida em junho de 2019.

Após a conclusão do inquérito, na metade do ano passado, o MPF (Ministério Público Federal) pediu o arquivamento provisório da investigação por entender que Adélio planejou e executou o crime sozinho.

Segundo as investigações, ele não recebeu ligações nem trocou mensagens sobre o crime. Também não foram encontradas movimentações financeiras incompatíveis com as atividades ou padrões de vida de Adélio e de seus familiares investigados.

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Quebra. As falsas alegações de que a Justiça teria protegido os dados de Adélio circulam na esteira da CPI da Covid-19, que na semana passada obteve a quebra dos sigilos telefônico e telemático dos ex-ministros de Bolsonaro.

O STF (Supremo Tribunal Federal) negou pedidos de suspensão das medidas para Pazuello e Araújo, e, na terça-feira (15), a AGU (Advocacia Geral da União) recorreu da decisão em favor do ex-titular da Saúde. O órgão sustenta que a corte teria agido de forma assimétrica ao acolher recursos de outros alvos da CPI.

Nas redes sociais, a falsa comparação entre as quebras de sigilo dos ex-ministros e de Adélio Bispo foi amplificada pelo vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos). Procurado por Aos Fatos, ele não se manifestou.

Duas peças de desinformação que remetem ao atentado a faca sofrido por Bolsonaro em 2018 foram checadas por Aos Fatos em 2021. Em fevereiro, foi desmentido que o STF teria impedido a defesa do presidente de acessar as mensagens de Adélio. Já em maio, foram checadas alegações falsas de que o agressor havia recebido telefonemas da ex-deputada federal Manuela D’Ávila (PCdoB-RS) no dia da facada.

Referências:

1. G1 (Fontes 1 e 2)
2. Estadão
3. Justiça Federal
4. MPF
5. Senado
6. Poder 360
7. O Globo
8. Aos Fatos (Fontes 1 e 2)

Por Aos Fatos.