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Organização fundada por Ruth Cardoso acumula mais de uma centena de projetos desenvolvidos em 24 estados brasileiros com foco em fortalecimento da economia criativa, através de ações de capacitação, mapeamento, divulgação e comercialização do artesanato tradicional

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23 anos após a fundação da organização pela antropóloga Ruth Cardoso, a Artesol acumula mais de uma centena de projetos realizados em 24 estados do país. O objetivo é promover o desenvolvimento social e econômico de comunidades de artesãos tradicionais.

A organização nasceu a partir do desejo da antropóloga de abrir mercado para os artesãos e valorizar sua produção como um patrimônio cultural do Brasil. A partir desse sonho, ela organizou um grupo de pesquisadores, cientistas sociais e filantropos que cruzaram o país, atravessaram os sertões nordestinos e deram início a um grande mapeamento do artesanato tradicional, incluindo núcleos de ceramistas, rendeiras, escultores e artistas populares diversos. Dessa missão nasceu uma metodologia própria para estruturar associações e cooperativas e capacitar artesãos em todo o território nacional nas áreas de gestão, design, comunicação e comercialização.

Mestre Juão de Fibra, de Nova Gama (GO), que criou com exclusividade a técnica de trançado com fibra de capim colonião para peças como biojoias, acessórios femininos e cestos de decoração. Foto: Claraboia Filmes
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Hoje, a Artesol segue atuando para fomentar o comércio justo da produção artesanal do país e promover o diálogo entre tradição e contemporaneidade. Para isso, criou uma Rede de apoio e articulação que envolve mais de 5.000 artesãos. Essa Rede se materializa na maior plataforma de artesanato do mundo (artesol.org.br), onde os artesãos têm um efetivo canal de interlocução com diversos públicos. Além disso, a organização realiza eventos culturais, oferece consultorias e cria conexões entre os artesãos e projetos de moda, design e arte, focados na brasilidade. Nesse contexto, a Artesol já facilitou a co-criação de coleções das marcas Osklen, Le Soleil e Flávia Aranha e muitas outras junto aos artesãos brasileiros. Também colaborou com exposições na São Paulo Fashion Week e enviou peças dos artesãos da Rede para o Salão de Milão, maior evento de design do mundo. A ong ainda projeta a produção artesanal nacional nas principais publicações de moda, negócios e design da imprensa brasileira.

“O mais importante é que o artesão se torne cada vez mais independente e que ele seja o protagonista desse novo movimento do fazer artesanal, do design brasileiro, da cultura criativa, que se fortalece mais no Brasil e no mundo inteiro”, afirma Sonia Quintella de Carvalho, presidente da Artesol.

Artesãs Cooperativa Artesanato do Trançado Tupinambá (Copartt), após colherem fibra de piaçava dos coqueiros da Costa do Sauípe (BA) para produzirem peças exclusivas para a marca Osklen. Foto: Artesol

Por sua atuação no terceiro setor, a ONG foi a primeira organização brasileira ligada ao artesanato a se tornar membro da World Fair Trade Organization (WFTO), principal organização internacional do comércio justo. A Unesco é outra instituição que reconhece a atuação da Artesol no campo da salvaguarda do patrimônio cultural imaterial desde 2010. Em 2018, outra premiação da Revista Época e do Instituto Doar colocou a organização no ranking das 100 melhores ONGs do Brasil.

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Saiba +

Rede Nacional do Artesanato Cultural Brasileiro

O principal projeto da organização atualmente é a Rede Nacional do Artesanato Cultural Brasileiro, que promove o fortalecimento e desenvolvimento da cadeia do artesanato, tendo patrocínio do Instituto Cultural Vale e apoio das Pernambucanas. 

O propósito do projeto é consolidar o maior mapeamento do artesanato do Brasil e ampliar oportunidades de negócios para artesãs e artesãos, articulando toda a cadeia produtiva de lojistas, espaços culturais e organizações de apoio. Para isso, a organização identifica os principais núcleos artesanais espalhados pelo território nacional e promove capacitações nas áreas de tecnologia de comunicação e comercialização. O projeto também divulga o trabalho dos artesãos em sua plataforma traduzida em 58 diferentes línguas.

Para produzir um conteúdo qualificado para esse portal, a Artesol promove viagens para todo o território nacional. Ao todo, os consultores da Artesol já rodaram 739 mil quilômetros em 24 estados do país, atravessaram grandes rios amazônicos, sobrevoaram todos os biomas brasileiros e visitaram terras indígenas, reservas extrativistas e povoados ribeirinhos dos rios Amazonas, Tapajós e São Francisco, entre outros. Nessas expedições, a equipe técnica do projeto oferece oficinas de comunicação, fotografia e comercialização e registram as histórias dos artesãos e artistas populares que integram o projeto. São quase 200 associações, incluindo 10 organizações indígenas de diferentes etnias e 8 associações quilombolas, além de outras comunidades tradicionais. 

Artesãs da Associação Quilombola Conceição das Crioulas, de Salgueiro (PE), que usam técnicas ancestrais de trançado com fibra de caroá e bordado. Foto: Laís Domingues
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Ao todo, o portal da Rede já recebeu 1.260.167 page views de 150 países diferentes. Através dos contatos via plataforma, os artesãos tiveram oportunidade de fornecer produtos para novos lojistas, fazer parcerias de desenvolvimento junto a grandes marcas e designers, participar de exposições e feiras e palestrar em seminários, por exemplo.

A presidente da Organização, ressalta que esse trabalho de capacitação para uso das tecnologias de comunicação e o suporte online oferecido pela Artesol foram fundamentais para que os artesãos estivessem preparados para lidar com os desafios nos quase dois anos de pandemia. “Durante a crise do COVID-19, essa rede de divulgação e apoio tem tido um papel fundamental na sustentabilidade econômica dos artesãos. Segundo pesquisa que realizamos, os contatos via plataforma do projeto possibilitaram a comercialização do trabalho de muitos deles em um período em que os grupos não estavam recebendo turistas em suas comunidades ou participando de feiras presenciais”, lembra Sonia. No último ano de 2020, 69% dos artesãos da Rede afirmaram que participar do projeto aumentou suas oportunidades de negócio e 81% deles afirmaram que tiveram oportunidades além das vendas, como ser professor em oficinas ou desenvolver parcerias com designers, marcas ou outros artesãos.

Mãos do projeto Artesãs da Linha Nove, de São Paulo (SP), onde bordadeiras homenageiam a Amazônia e o Pantanal em peças como toalhas de mesa, almofadas, carteiras, bolsas, jogos americanos, colares e necessaires. Foto: Lucas Cuervo
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O projeto da Rede ainda contempla um programa de formação destinado aos artesãos dentro de uma plataforma virtual de aprendizagem. Trata-se do Canal Artesol (canalartesol.org.br). Nesse ambiente, é possível acessar podcasts, uma web série, videoaulas e documentários de boas práticas sobre o empreendedorismo no universo artesanal. Hoje o canal já acumula 84 videoaulas, 5 podcasts, 1 minidocumentário e mais de 400 publicações, totalizando 112 horas de conteúdo de capacitação. Os temas contemplam questões como gestão, educação financeira, design de produtos, marketing, redes sociais, e-commerce, fotografia entre outros. O objetivo dessa iniciativa é aprimorar o conhecimento dos artesãos, colocando-os em diálogo com o mercado.

Onde comprar?

Conheça o projeto de comercialização ligado à Rede Artesol

Outra iniciativa focada na valorização do artesanato brasileiro é a Artiz (@artiz.oficial), projeto de comercialização e espaço de negócios criado em parceria como o Grupo Iguatemi que apresenta o artesanato tradicional em diálogo com o design e a arte popular.

O objetivo é aproximar artesãos apoiados pela Rede Nacional do Artesanato Cultural Brasileiro do público consumidor, levando o patrimônio cultural do Brasil afora para a casa dos brasileiros adentro, através de uma cuidadosa curadoria. Por meio do projeto são comercializados objetos exclusivos de diversas regiões do Brasil, nas técnicas de entalhe, trançados, rendas, bordados, cerâmicas, tecelagem, entre outras.

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