O retrato do mercado de trabalho e da distribuição de renda no Brasil, traçado pelo Censo 2022 do IBGE, encontra no Maranhão sua expressão mais crítica. Os dados divulgados nesta quinta-feira (09) posicionam o estado no topo de indicadores negativos, como a menor renda domiciliar per capita e alguns dos menores rendimentos do trabalho do país, escancarando um abismo socioeconômico em relação às regiões Sul e Sudeste.
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O rendimento mensal domiciliar per capita no Maranhão foi estimado em R$ 900, o menor entre todas as 27 unidades da federação. Esse valor é menos de um terço do registrado pelo Distrito Federal, líder nacional com R$ 2.999, e equivale a apenas 55% da média nacional, de R$ 1.638. A profundidade da pobreza no estado fica evidente ao se analisar a população com rendimento de até um quarto de salário mínimo: 26,6% dos maranhenses viviam nessa condição, a segunda maior proporção do Brasil, atrás apenas do Amazonas (28,4%).
Municípios com os piores rendimentos
A situação se agrava na análise municipal. Dois dos cinco municípios com o menor rendimento domiciliar per capita do país estão no Maranhão: Belágua (R$ 388) e Cachoeira Grande (R$ 389). Apenas Uiramutã (RR), com R$ 289, e dois municípios de Pernambuco e Pará apresentaram situações piores.
No que se refere ao rendimento do trabalho, o cenário não é mais animador. Cachoeira Grande, no Maranhão, detém o título de menor rendimento médio mensal de todos os trabalhos entre os mais de 5,5 mil municípios brasileiros, com um valor de apenas R$ 759. Isso significa que, em média, os trabalhadores do município ganhavam abaixo de um salário mínimo, que era de R$ 1.212 em 2022. O estado ainda teve outros cinco municípios entre os vinte com os menores rendimentos do trabalho no país.
Baixo nível de ocupação e dependência de outras rendas
O nível de ocupação no Maranhão, de 45,6%, foi um dos mais baixos do país, ficando à frente apenas de Alagoas em uma comparação regional. Essa baixa inserção no mercado de trabalho formal se reflete na composição da renda familiar. Enquanto no Brasil 75,5% do rendimento domiciliar total vinha do trabalho, no Maranhão e em outros estados do Nordeste, essa participação é significativamente menor, indicando uma dependência maior de aposentadorias, pensões e programas de transferência de renda.
A análise por cor ou raça, infelizmente, reflete a mesma desigualdade estrutural observada nacionalmente. No Maranhão, as populações preta, parda e indígena – que representam a grande maioria dos habitantes – concentram os maiores percentuais de ocupados com baixa escolaridade e os menores rendimentos, perpetuando um ciclo de vulnerabilidade econômica.
Os dados do Censo 2022 reforçam a urgência de políticas públicas específicas para o estado, que enfrenta o desafio de gerar ocupação de qualidade e melhorar a qualificação da sua força de trabalho, enquanto lida com uma das mais sérias situações de pobreza e desigualdade do Brasil.


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