O governo federal dos Estados Unidos entrou em paralisação, o chamado “shutdown”, na madrugada desta quarta-feira. A interrupção de serviços não essenciais ocorreu após o Senado norte-americano rejeitar, na noite de terça-feira (30), tanto a proposta de financiamento dos republicanos quanto a dos democratas, deixando a administração sem verba para operar.
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No centro do impasse estão profundas divergências sobre políticas de saúde. Os democratas condicionavam seu apoio a um projeto de gastos que estendesse subsídios do programa Affordable Care Act e revertesse cortes no Medicaid. Já a medida provisória dos republicanos, que propunha financiar o governo por mais sete semanas, foi igualmente derrotada, sem atrair o apoio necessário da oposição.
Imediatamente após o fracasso das votações, o Gabinete de Administração e Orçamento da Casa Branca orientou todas as agências federais a executarem seus planos para uma “paralisação ordenada”. O anúncio formaliza o fechamento de parques nacionais, museus do Instituto Smithsonian e a suspensão de uma série de serviços públicos.
O líder da minoria democrata no Senado, Chuck Schumer, acusou os republicanos de intransigência. Em entrevista coletiva, ele afirmou que seu partido deseja negociar, mas criticou a postura da oposição, que, segundo ele, insiste em impor suas condições de maneira partidária. Do outro lado, o vice-presidente JD Vance já havia declarado, após uma reunião na Casa Branca na segunda-feira, que acreditava que o país caminhava para uma paralisação, culpando os democratas pela falta de acordo.
O impacto da medida é imediato e massivo. Cerca de 4 milhões de funcionários federais, incluindo uma parcela das Forças Armadas, podem ficar sem receber seus salários. Centenas de milhares de trabalhadores considerados essenciais, como agentes de segurança aeroportuária, controladores de tráfego aéreo e agentes de imigração, são obrigados a continuar trabalhando, mesmo sem a garantia de pagamento em dia. Estima-se que até 2 milhões de militares possam ser afetados.
Esta é a 21ª paralisação do governo federal dos EUA desde 1977. A mais longa e recente ocorreu entre dezembro de 2018 e janeiro de 2019, durando 35 dias. Na ocasião, o impasse girou em torno dos recursos demandados pelo então presidente Donald Trump para a construção do muro na fronteira com o México. O Congressional Budget Office estimou que aquela crise causou uma perda irreversível de US$ 3 bilhões para a economia norte-americana, com funcionários públicos recorrendo a bancos de alimentos para sobreviver.
Espera-se que o Senado realize uma nova rodada de votações ainda nesta quarta-feira, numa tentativa de destravar o orçamento. Enquanto isso, a máquina administrativa do país opera em modo de emergência, com os efeitos da paralisação começando a ser sentidos pela população.


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