Isaías Alves emaranha tradição, jazz e homenagens no Sunset Sunside, em Paris 

O show Emaranhado, resultado da pesquisa de Isaías sobre a rítmica do Maranhão, transpõe os tambores tradicionais para a bateria moderna, criando um diálogo inovador com o jazz contemporâneo.

Paris volta a vibrar ao som dos tambores do Maranhão nesta terça-feira, 23 de setembro, quando o Sunset Sunside Jazz Club, uma das casas de jazz mais prestigiadas da Europa, recebe o baterista e compositor Isaías Alves com o espetáculo Emaranhado. O concerto consolida a presença internacional de um projeto que já encantou o público parisiense em sua estreia no icônico Le Baiser Salé Jazz Club, em abril deste ano. 

Desta vez, o repertório traz uma novidade especial: uma homenagem a Hermeto Pascoal, o “bruxo do jazz” e da música universal, nordestino que, assim como Isaías, transformou a tradição regional em diálogo com o mundo. 

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“Sempre quis criar um som que refletisse a pulsão da minha terra, mas que também pudesse dialogar com o mundo. Incluir Hermeto no repertório é minha forma de celebrar essa ancestralidade e mostrar como a música do Nordeste é universal”, afirma Isaías. 

A estreia em Paris: Le Baiser Salé 

Na primeira apresentação de Emaranhado, Isaías subiu ao palco ao lado de músicos da cena francesa, Yonatan Hes (saxofone), Daniel Gassin (piano) e Gabriel Pierre (baixo), e contou com a participação especial da cantora maranhense radicada em Paris, Anna Torres. 

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O concerto foi descrito como uma travessia musical que conectou o jazz contemporâneo à pulsação do Bumba Meu Boi, Tambor de Crioula e Cacuriá, revelando ao público europeu a riqueza sonora do Maranhão. 

“O Maranhão tem uma musicalidade incrível, e vejo o jazz como uma ponte entre o tradicional e o moderno”, disse Isaías após o show de estreia. 

Sunset Sunside: retorno triunfante 

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Cinco meses depois, Emaranhado retorna à capital francesa, desta vez com o repertório ampliado e a homenagem a Hermeto Pascoal, em um show que promete surpreender o público europeu. Ao lado de Yo Hes (sax), Gabriel Pierre (baixo) e Daniel Gassin (piano), Isaías transforma cada batida de tambor, cada improviso e cada harmonia em diálogo entre passado e futuro, reforçando a cultura popular maranhense em contato direto com a tradição do jazz europeu. 

A temporada internacional: Armênia e intercâmbio cultural 

Antes de Paris, Isaías participou da abertura da temporada da Filarmônica Estatal da Armênia, em Yerevan, com o projeto internacional Music Healing, integrando o grupo The Nexus Artists, que reuniu músicos da Armênia, Brasil e Austrália. 

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“Na Armênia, senti que o tambor maranhense encontrou um eco profundo na herança cultural local. Foi como se a ancestralidade do meu povo dialogasse diretamente com as raízes do Cáucaso”, compartilha Isaías. 

Além do concerto, ele ministrou oficinas de tambores em parceria com a UNICEF Armênia, levando jovens a explorar a percussão brasileira como linguagem de resistência e celebração da vida. 

Isaías também participou da coletiva de imprensa oficial da Filarmônica Estatal da Armênia, realizada em sua recém-inaugurada biblioteca. Daniel Danielyan, vice-ministro da Educação, Ciência, Cultura e Esporte, e Artyom Naghdyan, diretor da Filarmônica, destacaram a relevância histórica da instituição e os investimentos em projetos inovadores. 

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“Foi um momento de reconhecimento profundo. Falar da minha trajetória em um espaço como esse é afirmar que o tambor do Maranhão pode dialogar com qualquer lugar do mundo, da ilha de Upaon-Açu ao Cáucaso”, disse Isaías, ao lado do australiano Graham Sattler, também convidado do projeto Music Healing

Maranhão no mapa do jazz mundial 

Natural de São Luís, cidade Patrimônio Mundial da Humanidade desde 1997 pela UNESCO, Isaías Alves cresceu imerso nas manifestações culturais afro-brasileiras e indígenas, convivendo com mestres como Dona Teté, Mestre Felipe, Humberto de Maracanã e Chagas da Maioba, entre outros. Inspirado por grandes compositores como Josias Sobrinho e César Teixeira, Isaías mostra ao mundo o jazz maranhense. 

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Sua carreira já o levou a palcos na Inglaterra, Itália, Portugal, Filipinas, Sri Lanka, Egito, Argentina, Venezuela, Marrocos e Armênia, além de colaborações com nomes como Luedji Luna e Toninho Horta. Cada apresentação é um ato de intercâmbio cultural, transformando tradição e memória em inovação sonora. 

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