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A cena é patética: um empresário e jornalista acusado de participar de uma tentativa de golpe contra a democracia brasileira, Paulo Figueiredo, recorre ao governo de Donald Trump para atacar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Em audiência no Congresso dos EUA, Figueiredo, que hoje vive sob o manto protetor de um país estrangeiro, repete o discurso típico da extrema direita derrotada: chama Moraes de “ditador” e se faz de vítima de perseguição política.

A ironia é cruel. Um dos denunciados por conspirar contra o Estado Democrático de Direito, cuja família tem laços históricos com a ditadura militar (seu avô foi o último presidente do regime de 1964), agora pede sanções internacionais contra um ministro que, justamente, atuou para impedir que o Brasil mergulhasse novamente no autoritarismo.

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O golpismo não morreu, apenas fugiu

Figueiredo não está sozinho. Ele se junta a figuras como Eduardo Bolsonaro e Carla Zambelli, que também buscam refúgio no exterior enquanto respondem a investigações por ataques às instituições. Seus discursos ecoam a mesma narrativa que tentou, sem sucesso, invalidar as eleições de 2022 e desestabilizar o governo Lula. Agora, sem apoio popular e com a Justiça brasileira em seu encalço, tentam internacionalizar sua cruzada antidemocrática.

O pedido de sanções contra Moraes é um ataque direto à soberania nacional. Não é sobre “liberdade de expressão” ou “direitos humanos”, como alegam – é sobre proteger-se das consequências de seus atos. Figueiredo teve seus bens bloqueados e passaporte cancelado não por “denunciar verdades”, mas por supostamente articular campanhas de desinformação que alimentaram a violência política no Brasil.

Trump e a hipocrisia seletiva dos Direitos Humanos

O governo Trump, que já demonstrou simpatia por movimentos autoritários mundo afora, agora é o porto seguro dos golpistas brasileiros. A possível aplicação da Lei Magnitsky – criada para punir violadores de direitos humanos – contra Moraes é uma distorção grotesca. O mesmo governo que ignora massacres em Gaza e apoia regimes repressivos agora se preocupa com a “censura” no Brasil?

A verdade é que Moraes tornou-se alvo porque foi um dos principais obstáculos ao projeto autoritária de Bolsonaro e seus aliados. Suas decisões protegeram a democracia quando ela esteve sob risco. Se hoje Figueiredo e outros podem falar livremente nos EUA, é porque o STF impediu que implantassem seu projeto de poder à força no Brasil.

A Democracia não negocia sua soberania

O Brasil não pode aceitar interferências estrangeiras em suas instituições. Se há processos judiciais em curso, que sigam o rito legal – mas sob as leis brasileiras, não sob pressão de um governo estrangeiro com agendas políticas claras.

A esquerda deve defender, sem ambiguidades, a independência do Judiciário e a soberania nacional. Não podemos cair no jogo da direita golpista, que, derrotada nas urnas e nos tribunais, agora busca validação internacional. O lugar de Figueiredo e seus aliados é no banco dos réus, não em comitês do Congresso dos EUA.

A democracia brasileira resistiu a um ataque violento em 8 de janeiro de 2023. Resistirá também a essa tentativa desesperada de golpe por procuração.

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