Em depoimento à Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira (21), o ex-comandante da Aeronáutica Carlos de Almeida Baptista Júnior deixou claro que havia um movimento articulado para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva após as eleições de 2022. O brigadeiro corroborou as declarações do general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, sobre a ameaça de prisão a Jair Bolsonaro caso insistisse em medidas antidemocráticas.
Documento golpista e ruptura explícita
Baptista Jr. narrou uma reunião no Palácio da Alvorada em que o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, apresentou um documento que previa a não posse de Lula. “Não lembro se era Estado de Defesa ou de Sítio, mas não havia justificativa para nenhum deles”, disse. Ao confirmar que o texto incluía a interrupção da transição, reagiu: “Não admito sequer receber esse documento” – e saiu da sala.
“Poderia prender Bolsonaro”
Questionado pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, sobre o depoimento de Freire Gomes à Polícia Federal – em que o general afirmou ter alertado Bolsonaro sobre a possibilidade de detê-lo –, o brigadeiro foi taxativo: “Confirmo, sim senhor. Freire Gomes disse isso com educação, mas com firmeza. É algo que não se esquece”.
Divergência na cúpula militar
Enquanto Baptista Jr. e Freire Gomes se opuseram às manobras, o então comandante da Marinha, Almirante Garnier, teria dito que “as tropas estariam à disposição do presidente”. O ex-comandante da Aeronáutica também revelou que, em meio às discussões, chegou a ser cogitada a prisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Pressão por fraudes inexistentes
O militar reiterou que as Forças Armadas descartaram qualquer irregularidade nas urnas, mas Bolsonaro insistiu na narrativa. “Entreguei pessoalmente ao presidente o relatório final, que não apontava falhas. Ele ficou frustrado”, disse. Sobre a demora na divulgação do documento, admitiu: “Houve pressão para segurá-lo”.
Custos da resistência
Baptista Jr. relatou retaliações por sua postura. “Fechar meu Twitter foi necessário. Até hoje me chamam de ‘melancia’ por me opor ao golpe”, afirmou, em referência a ataques de bolsonaristas.
O depoimento reforça as provas de que Bolsonaro e aliados planejaram um ato de exceção, contido pela resistência de parte das Forças Armadas. O processo segue sob análise do STF.
Com informações do ICL Notícias.
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