O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Antonio Saldanha Palheiro, negou o pedido da defesa de Juscelino Rezende, pai do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, para que o júri popular que decidirá se ele é culpado pelo assassinato de um agiota ocorra no município de Vitorino Freire, no Maranhão, local onde a família exerce forte influência política. A decisão foi tomada com base no risco de parcialidade dos jurados, considerando o poderio político do clã Rezende na região.
Juscelino Rezende, ex-prefeito de Vitorino Freire por duas gestões consecutivas, é acusado de mandar matar José Soares Rodrigues, agiota a quem devia R$ 18 mil, quantia relacionada a dívidas de campanha eleitoral. O crime ocorreu em 2015, e desde então o Ministério Público (MP) do Maranhão tenta transferir o julgamento para a capital, São Luís, argumentando que a influência da família Rezende no município poderia comprometer a imparcialidade do júri.
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Em sua decisão, o ministro Saldanha Palheiro destacou que, em cidades do interior do Nordeste, a política é um fator central na dinâmica social, influenciando desde o serviço público até o comércio local. Ele concordou com a avaliação do Tribunal de Justiça do Maranhão (TJ-MA), que também considerou improvável um julgamento justo em Vitorino Freire.
A defesa de Juscelino Rezende argumentou que não há indícios de que ele tentaria interferir no julgamento. No entanto, o magistrado ressaltou que o acusado “ostenta a condição de grande liderança política”, tendo conseguido eleger seu filho, Juscelino Filho, como deputado federal em 2014, além de apoiar a reeleição de seu irmão como deputado estadual no mesmo pleito. A filha de Rezende, Luanna Rezende, foi prefeita de Vitorino Freire até o ano passado, e o atual gestor do município também é aliado da família.
O desaforamento, medida excepcional que transfere o júri para outra comarca, foi concedido com base na necessidade de preservar a ordem pública e garantir a imparcialidade do julgamento. A decisão do STJ reforça a tese de que, em cidades onde há forte concentração de poder político, a justiça pode ser comprometida.
O caso agora segue para julgamento em São Luís, onde o MP espera que o júri popular possa decidir de forma isenta sobre a culpa ou inocência de Juscelino Rezende. O crime, que completa oito anos, continua a gerar repercussão nacional, especialmente pela ligação do acusado com figuras de destaque na política brasileira.
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