O ato convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro no último domingo (16), em Copacabana, foi, por todos os critérios objetivos, um fracasso retumbante. Com expectativas de reunir um milhão de pessoas, o evento mal conseguiu atrair 18 mil apoiadores, segundo dados do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap). Em um post nas redes sociais, a Polícia Militar disse que o ato reuniu 400 mil pessoas. Segundo levantamento do Datafolha, 30 mil pessoas estiveram na manifestação.
No entanto, o que chama a atenção não é apenas a baixa adesão, mas a insistência dos bolsonaristas em negar a realidade. Em vez de reconhecer o declínio do movimento, eles preferem criar narrativas alternativas, distorcendo fatos e alimentando ilusões.
✅ Seja o primeiro a ter a notícia. Clique aqui para seguir o novo canal do Cubo no WhatsApp
A negação é uma estratégia clássica em movimentos políticos que se sustentam mais em dogmas do que em resultados concretos. Para os bolsonaristas, admitir que o ato foi um fracasso seria reconhecer que o projeto político que defendem está em crise. Por isso, preferem culpar a mídia, as instituições ou até mesmo o clima pela baixa mobilização. Nas redes sociais, circulam teorias de que o número de participantes foi subestimado, que as imagens aéreas foram manipuladas ou que o evento foi sabotado por forças ocultas. Nada disso, é claro, tem base na realidade.
O problema é que essa recusa em enxergar a realidade não é apenas uma questão de orgulho ferido. Ela reflete uma postura perigosa, que nega a ciência, despreza a verdade e alimenta a desinformação. Durante a pandemia, vimos como essa estratégia pode ter consequências trágicas, com o negacionismo custando milhares de vidas. Agora, no campo político, a negação do fracasso do ato em Copacabana serve para manter a base bolsonarista unida em torno de uma narrativa de perseguição e vitimização.
É importante destacar que o declínio do bolsonarismo não é apenas uma questão de números. É um sintoma de um projeto político que falhou em oferecer respostas concretas aos problemas reais do país. Enquanto Bolsonaro e seus aliados se dedicavam a alimentar teorias conspiratórias e a atacar instituições democráticas, o Brasil enfrentava uma crise sanitária sem precedentes e uma economia que não conseguia se recuperar dos anos de desmonte das políticas públicas. O bolsonarismo, em sua essência, nunca foi um projeto de nação. Foi um projeto de poder, baseado na polarização e no culto à figura de um líder.
A negação do fracasso do ato em Copacabana também revela uma mudança no cenário político brasileiro. A sociedade parece estar cansada de discursos vazios e de projetos que não dialogam com as necessidades reais da população. A esquerda, por sua vez, tem a responsabilidade de oferecer uma alternativa consistente e inclusiva, que priorize a reconstrução do país a partir de bases sólidas: a defesa da democracia, a retomada das políticas sociais e o combate às desigualdades.
No entanto, não podemos subestimar o bolsonarismo. Apesar de enfraquecido, ele ainda representa uma parcela significativa da sociedade brasileira. O desafio, agora, é impedir que esse movimento se reorganize e continue a disseminar discursos de ódio e desinformação. A democracia brasileira precisa estar atenta e fortalecida para resistir a novas investidas autoritárias.
O ato em Copacabana foi, sim, um fracasso. Mas ele também é um alerta. Um alerta de que o bolsonarismo, embora enfraquecido, ainda respira. E um alerta de que a luta por um Brasil mais justo e democrático deve continuar. A história nos mostra que projetos baseados no autoritarismo e na divisão social estão fadados ao fracasso. Cabe a nós, agora, construir um futuro que priorize a união, a justiça e a esperança.
Leia outras notícias em cubo.jor.br. Siga o Cubo no BlueSky, Instagram e Threads, também curta nossa página no Facebook e se inscreva em nossos canais, do Telegram e do Youtube. Envie informações e denúncias através do nosso e-mail.


Deixe um comentário