A medida anunciada pelo prefeito Eduardo Braide (PSD) de pagar corridas por aplicativo durante a greve dos rodoviários em São Luís, embora pareça uma solução emergencial, revela uma série de contradições e falhas na gestão do transporte público da capital maranhense. A proposta, que ainda carece de estudos técnicos e análise de impacto financeiro, levanta questionamentos sobre as prioridades da administração municipal, especialmente quando se observa a falta de investimentos em políticas públicas já consolidadas, como o Passe Livre Estudantil.
A contradição: dinheiro para Uber, mas não para o Passe Livre
Enquanto o prefeito anuncia a disposição de usar recursos públicos para custear corridas por aplicativo, estudantes da cidade continuam enfrentando dificuldades para acessar o transporte público devido à falta de investimentos no Passe Livre Estudantil. A proposta de Braide evidencia uma incoerência: se há verba disponível para pagar serviços de transporte privado, por que não direcionar esses recursos para garantir o direito básico de mobilidade aos estudantes, que dependem do transporte público para frequentar escolas e universidades?
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O Passe Livre Estudantil é uma política essencial para garantir o acesso à educação, especialmente para jovens de baixa renda. No entanto, a falta de priorização e de investimentos adequados tem limitado sua eficácia, deixando milhares de estudantes à mercê de um sistema de transporte público caro e ineficiente. A proposta de pagar corridas por aplicativo, ainda que temporária, expõe uma inversão de prioridades: em vez de investir em soluções estruturais e políticas públicas de longo prazo, a prefeitura opta por medidas paliativas e de alto custo.
Falta de planejamento e impacto financeiro
Outro ponto crítico é a ausência de estudos técnicos e de um planejamento detalhado sobre a viabilidade financeira da proposta. Pagar corridas por aplicativo para toda a população que depende do transporte público pode representar um custo exorbitante para os cofres públicos, sem resolver os problemas estruturais do sistema. Além disso, a medida não contempla critérios claros para a seleção dos beneficiários, o que pode gerar desigualdades e insatisfação entre os usuários.
Enquanto isso, o Passe Livre Estudantil, que poderia ser ampliado e fortalecido com os mesmos recursos, continua subfinanciado. A falta de investimentos nessa política pública não só prejudica os estudantes, mas também reforça a percepção de que a administração municipal não prioriza soluções inclusivas e de longo prazo para os problemas de mobilidade urbana.
Uma solução emergencial ou um ato de desespero?
A proposta de Braide, embora apresentada como uma solução emergencial, pode ser interpretada como um ato de desespero diante da pressão popular e da falta de um planejamento estratégico para o transporte público. Em vez de investir em políticas públicas que beneficiem a população de forma ampla e democrática, como o Passe Livre Estudantil, a prefeitura opta por uma medida que, além de cara, não resolve os problemas estruturais do sistema.
A greve dos rodoviários é apenas um sintoma de um problema maior: a falta de investimentos e de priorização do transporte público em São Luís. Enquanto a prefeitura não se comprometer com soluções estruturais, como a melhoria da frota de ônibus, a ampliação do Passe Livre Estudantil e a garantia de direitos trabalhistas para os rodoviários, a população continuará refém de medidas paliativas e insustentáveis.
A proposta de pagar corridas por aplicativo durante a greve dos rodoviários pode até aliviar momentaneamente o caos no transporte público, mas não resolve os problemas de fundo. Enquanto houver verba para pagar serviços privados, mas não para garantir o direito ao transporte público de qualidade e acessível, a gestão municipal continuará falhando com a população. É hora de repensar as prioridades e investir em políticas públicas que beneficiem a todos, começando pelo fortalecimento do Passe Livre Estudantil e a modernização do sistema de transporte coletivo.
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