Em menos de uma semana, o Território Quilombola São Benedito dos Colocados, em Codó, no Maranhão, foi atingido por dois incêndios de grandes proporções. Os focos, registrados no início de outubro, reacenderam o alerta sobre a violência e a insegurança que assolam a comunidade há anos.
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O primeiro incêndio teve início no dia 7 de outubro, avançando de uma fazenda vizinha para dentro do território tradicional. De acordo com relatos dos moradores, as chamas se originaram em terras de um fazendeiro que está em disputa judicial com o quilombo. O fogo só foi controlado com a atuação do Corpo de Bombeiros, um dia depois, quando já havia consumido parte do pasto de gado do próprio fazendeiro, que utiliza área reivindicada pela comunidade.
Três dias depois, em 11 de outubro, um novo incêndio surgiu em meio a entulhos nas proximidades do quilombo. Desta vez, o combate às chamas durou aproximadamente nove horas e foi realizado exclusivamente pelos próprios moradores, que utilizaram técnicas preventivas, como aceiros, para conter a destruição. Nenhuma residência foi atingida, mas a vegetação nativa foi severamente danificada.
O território, com 544 hectares e certificado pela Fundação Cultural Palmares, é cenário de conflitos fundiários e ataques ambientais recorrentes. Em 2023, a comunidade já havia sofrido com a ação de máquinas que devastaram roças e áreas de mata nativa, mediante uma licença ambiental expedida de forma irregular pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema).
Organizações de apoio, como a Teia de Povos e Comunidades Tradicionais do Maranhão, denunciam o descumprimento, por parte do governo estadual, do direito de consulta prévia, livre e informada, garantido pela Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Os incêndios recentes evidenciam um padrão de violência e a ausência de políticas públicas efetivas para a proteção da comunidade. Os quilombolas cobram uma investigação rigorosa sobre as causas dos incêndios, a responsabilização dos envolvidos e a demarcação definitiva do território, medida considerada essencial para romper o ciclo de destruição que ameaça a existência do quilombo.
Com informações da Agência Tambor.


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