Um conjunto de Registros de Ocorrência obtidos pelo ICL Notícias indica que ao menos dois dos quatro policiais mortos na operação nos complexos do Alemão e da Penha, na última terça-feira, foram baleados antes do cerco policial na área de mata conhecida como Vacaria. O local, desabitado, concentrou a maioria das 117 mortes de civis confirmadas no episódio.
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As informações contidas nos documentos sugerem que os policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) já tinham conhecimento da morte de colegas quando o confronto se intensificou na região da Vacaria, local de onde a maior parte dos corpos foi resgatada por moradores.
Em declarações públicas, os secretários de Segurança, Victor Santos, e da Polícia Militar, Marcelo Menezes, defenderam que a decisão de forçar o confronto na mata foi uma estratégia para preservar vidas. No entanto, a troca de tiros em uma área aberta, que dificulta técnicas de progressão, teria facilitado a morte de ao menos dois agentes antes mesmo da investida no local desabitado.
De acordo com a documentação da Delegacia de Homicídios da Capital, o policial civil Marcus Vinícius Cardoso de Carvalho, conhecido como “Máscara”, foi o primeiro a ser morto, por volta das 9h. Ele era chefe de investigações da 53ª DP, em Mesquita. Relatos de colegas indicam que a equipe se abrigava na laje de uma casa na Rua Nossa Senhora Aparecida, na Vila Cruzeiro, quando foi surpreendida. Nas proximidades, o delegado assistente da DRF, Bernardo Leal Anne Dias, foi baleado na perna, submetido a cirurgia e permanece internado em estado grave.
O 3º sargento do Bope, Cleiton Serafim Gonçalves, foi atingido às 10h04, quando uma guarnição da tropa de elite tentava remover uma barricada feita por traficantes no Complexo do Alemão. A investida ocorreu durante o deslocamento de um blindado, conhecido como caveirão, na localidade do Areal.
Os relatos dos agentes descrevem que, ao chegarem à região da Vacaria, encontraram o corpo do policial civil Rodrigo Velloso, que havia ingressado na corporação há 40 dias. Em seguida, os militares teriam sido emboscados por criminosos fortemente armados, que efetuaram disparos e lançaram uma granada. Os criminosos se abrigavam em uma estrutura descrita como um “bunker de pedra”.
O secretário Victor Santos afirmou que a estratégia foi deslocar o contato para a área de mata, onde os criminosos se escondem e atacam. A tática, segundo ele, visava preservar a vida de moradores. Os registros, no entanto, mostram que a execução da operação levou à morte de policiais ainda nos acessos à mata, levantando questionamentos sobre o planejamento e a narrativa oficial.


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