Relatório do TCU expõe falhas em R$ 600 bilhões de benefícios fiscais

Estudo aponta que praticamente todos os incentivos tributários federais têm problemas; Congresso debate projetos para cortar gastos

Um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU), divulgado em agosto e apresentado esta semana à Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, revela que praticamente todos os benefícios fiscais concedidos pela União apresentam problemas de critério, resultados ou monitoramento. Os chamados gastos tributários, que incluem isenções e reduções de impostos para setores da economia, somam cerca de R$ 600 bilhões por ano, valor equivalente a 5% do Produto Interno Bruto (PIB), mais que o dobro do limite de 2% previsto na Constituição.

O tribunal classifica os incentivos em três faixas de risco: baixo, médio e alto. O relatório também destacou a dificuldade em alterar ou reduzir tais medidas, que frequentemente encontram resistência no Congresso Nacional.

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Diante do diagnóstico, deputados da comissão discutem propostas que já tramitam no Parlamento para conter as renúncias. Um dos projetos é de autoria do líder do governo, deputado José Guimarães (PT-CE), que propõe uma redução linear de 10% nos incentivos. Outra proposta, do deputado Mauro Benevides Filho (PDT-CE), também prevê cortes, mas com a possibilidade de percentuais diferenciados por setor econômico.

Simples Nacional é o maior benefício

O regime do Simples Nacional, voltado para micro e pequenas empresas, aparece como o maior benefício individual, com um custo que supera R$ 120 bilhões anuais. Durante a reunião, o deputado Hildo Rocha (MDB-MA) criticou falhas na fiscalização do sistema. Ele afirmou que alguns empresários, ao atingirem o limite de faturamento que os exclui do Simples, usam “laranjas” para abrir novas empresas e permanecer no regime, prática que, segundo ele, é pouco combatida.

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Cobrança por avaliação de resultados

A necessidade de medir a efetividade dos gastos foi um ponto levantado por outros parlamentares. O deputado Pauderney Avelino (União-AM) defendeu a criação de mecanismos para avaliar os efeitos reais dos benefícios. Ele se posicionou a favor da manutenção dos incentivos para a Zona Franca de Manaus, classificada pelo TCU como de alto risco, mas condicionada a uma análise de retorno econômico e social.

A contradição na atuação do próprio Legislativo também foi destacada. O deputado Sidney Leite (PSD-AM) apontou o paradoxo de se discutir a redução de benefícios fiscais enquanto outras comissões do Congresso aprovam a criação de novos incentivos. Para ele, é uma contradição que precisa ser resolvida para que a política tributária ganhe eficiência e transparência.

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