Imprensa internacional vê sanções dos EUA como danosa à própria imagem americana

Veículos globais destacam uso de lei contra direitos humanos para aliado e associam medidas a estratégia política de Trump

A decisão do governo dos Estados Unidos de sancionar a esposa do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes foi amplamente repercutida pela imprensa internacional como uma medida que prejudica a imagem norte-americana. Grandes veículos destacaram o caráter incomum de aplicar a Lei Magnitsky (normalmente reservada a criminosos de guerra e Estados inimigos) a um país aliado, interpretando a ação como uma escalada politicamente motivada.

Washington Post afirmou que a sanção contra Viviane Barci de Moraes “marca uma escalada na disputa diplomática” e contextualizou a medida como parte de uma pressão do presidente Donald Trump sobre o STF brasileiro. O jornal ressaltou a ironia de usar a Lei Global Magnitsky de Responsabilidade pelos Direitos Humanos, criada na era Obama para punir violadores graves, contra a família de um ministro de uma grande democracia aliada. A reportagem sugeriu que a ação tenta retratar Moraes como um “opressor da liberdade de expressão”, uma narrativa que, segundo o diário, é questionável.

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O jornal espanhol El País foi mais contundente ao destacar que a esposa do ministro agora figura em listas ao lado de “uma poderosa facção do cartel de Sinaloa” e “islâmicos sudaneses com conexões com o Irã”. A publicação caracterizou as sanções como uma “retaliação econômica politicamente motivada”, implicando que os EUA estão usando ferramentas de política externa sérias para fins que parecem ligados a disputas domésticas e eleitorais. A menção específica aos únicos ministros do STF poupados (os dois indicados por Bolsonaro e o que votou pela absolvição) reforça a percepção de seletividade política.

A rede Al Jazeera enfatizou o contexto mais amplo, definindo o episódio como um “aprofundamento de uma crise diplomática em curso entre as duas maiores democracias do Hemisfério Ocidental”. Esta análise coloca as ações dos EUA não como uma resposta legítima a violações, mas como um fator de instabilidade na relação entre parceiros estratégicos, danificando a posição dos Estados Unidos como um defensor consistente da democracia na região.

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O tom das coberturas internacionais converge para a ideia de que as sanções, longe de isolarem o Judiciário brasileiro, projetam uma imagem de instrumentalização da política externa norte-americana. A extensão das punições a familiares e a empresas de filhos é retratada como uma tática agressiva que pode eroder a credibilidade moral e a autoridade dos EUA perante a comunidade internacional, ao borrar a linha que separa ações contra regimes hostis de disputas políticas com aliados.

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