📝 Este é um editorial do Portal Cubo.
As opiniões aqui expressas refletem a visão do Cubo e têm como objetivo promover o debate crítico sobre temas relevantes à sociedade.
Durante a pandemia, os apoiadores de Jair Bolsonaro repetiam como um mantra que “a economia não podia parar”, mesmo que isso custasse vidas. O resultado dessa política negacionista foi trágico: quase 700 mil mortes oficialmente registradas, um número que poderia ter sido muito menor com medidas sanitárias responsáveis. Agora, os mesmos que relativizaram a tragédia sanitária em nome do mercado estão dispostos a sacrificar a economia brasileira para tentar livrar o ex-presidente da cadeia.
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A ameaça de Donald Trump de impor tarifas de 50% sobre as exportações brasileiras aos EUA, sob a justificativa de defender Bolsonaro do que chama de “caça às bruxas”, escancara o cinismo da direita brasileira e seu aliado norte-americano. Enquanto, em 2020, os bolsonaristas se recusaram a adotar lockdowns e políticas de auxílio emergencial robustas para “não quebrar o país”, hoje apoiam uma medida que pode destruir empregos, reduzir receitas e prejudicar setores inteiros da indústria nacional.
Trump, um populista de extrema-direita que também minimizou a Covid-19 nos EUA (onde mais de 1 milhão morreram), agora se arvora em defensor de Bolsonaro, acusando o STF de “censura” e desequilíbrio comercial. Curiosamente, ele ignora que o Brasil é um dos principais alvos de lobby empresarial americano, que há anos pressiona por maior abertura comercial em setores como agricultura e tecnologia. Seu discurso não passa de chantagem política, usando o poder econômico dos EUA para interferir na Justiça brasileira.
O mais revoltante, porém, é ver parte da elite empresarial e política brasileira compactuar com essa jogada. Os mesmos que lucraram durante a pandemia, beneficiados pela desregulamentação e pelo desmonte das políticas públicas, agora parecem dispostos a pagar o preço de uma guerra comercial, desde que Bolsonaro escape da responsabilidade por seus atos.
É preciso lembrar: Bolsonaro não é vítima. Ele é investigado por crimes reais, como incitação ao golpe, uso indevido do poder público e omissão proposital durante a pandemia. Se há “vergonha internacional”, ela está na tentativa de um presidente dos EUA e seus aliados brasileiros subordinarem a Justiça ao interesse político e econômico.
O Brasil não pode ceder a esse tipo de pressão. A soberania nacional não se negocia, e a democracia não pode ser refém de ameaças comerciais. Se os bolsonaristas realmente se preocupassem com a economia, estariam pressionando por investimentos em indústria, geração de empregos e fortalecimento do mercado interno, e não tentando salvar um político condenado pelo próprio povo nas urnas.
Enquanto isso, cabe ao governo Lula reafirmar a autonomia do país, buscar alternativas comerciais além da dependência dos EUA e garantir que a Justiça siga seu curso, sem interferências de quem, no passado, já mostrou que vidas humanas valem menos que o lucro.
A economia importa. Mas a democracia e a vida, mais ainda.
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