📝 Este é um editorial do Portal Cubo.
As opiniões aqui expressas refletem a visão do Cubo e têm como objetivo promover o debate crítico sobre temas relevantes à sociedade.
Os bolsonaristas nunca foram muito afeitos à coerência. Quando as pesquisas do Datafolha mostravam Lula à frente nas eleições, o instituto era acusado de manipulação. Agora, quando os números lhes convêm, os mesmos que negavam a credibilidade da pesquisa correm para compartilhar os dados que confirmam suas narrativas. A hipocrisia é tão flagrante que chega a ser cômica – se não fosse trágico ver como o debate público é contaminado por esse jogo de conveniências.
O último levantamento do Datafolha, divulgado nesta semana, revela um desgaste generalizado das instituições brasileiras. O Supremo Tribunal Federal (STF) aparece com 58% de rejeição, índice próximo ao do Congresso Nacional (58% para deputados, 59% para senadores) e do próprio presidente Lula (56%). Os números, por si só, são preocupantes e merecem reflexão. Mas o que chama atenção é o uso seletivo que a direita faz deles.
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Enquanto bolsonaristas celebram a queda de popularidade do STF como se fosse uma vitória própria, esquecem que a mesma pesquisa mostra que suas lideranças políticas também estão no fundo do poço da credibilidade. A estratégia é clara: tentar deslegitimar qualquer poder que não se curve ao seu projeto autoritário, seja o Judiciário, o Legislativo ou a imprensa. O objetivo nunca foi fortalecer a democracia, mas sim criar um ambiente de caos institucional onde só sobrevivem os que se alinham ao seu radicalismo.
É inegável que o STF enfrenta críticas válidas – afinal, nenhuma instituição deve estar acima do escrutínio público. Mas é preciso lembrar que parte desse desgaste foi alimentado por anos de ataques sistemáticos do bolsonarismo, que tentou transformar a Corte em inimiga para justificar seus próprios excessos. A mesma turma que aplaudiu o STF quando ele anulou as condenações de Lula agora o ataca quando as decisões não lhes favorecem.
O desafio, agora, é reconstruir a confiança nas instituições sem cair no jogo da direita. O governo Lula precisa enfrentar as demandas populares com políticas concretas, e o STF deve reforçar sua transparência e diálogo com a sociedade. Mas acima de tudo, é preciso resistir à narrativa do “quanto pior, melhor” – porque, no fim das contas, quem paga o preço do desmonte institucional é sempre o povo.
Enquanto a oposição de extrema-direita continuar tratando pesquisa como arma política – válida só quando confirma seus preconceitos –, o Brasil seguirá refém de um ciclo de polarização e instabilidade. E isso, definitivamente, não é o que o país precisa.
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