Um servidor do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que denunciou, em 2020, um esquema de fraudes envolvendo descontos ilegais em aposentadorias revelou ter recebido ameaças de morte durante as investigações. O caso, inicialmente apurado pela Polícia Federal (PF) no governo Bolsonaro, só agora começa a ser desarticulado, após anos de inação.
O funcionário, que trabalha na área de análise de descontos em benefícios, contou em depoimento anônimo ao Jornal Nacional que as ameaças ocorreram no período em que o INSS realizava auditorias sobre os chamados “descontos associativos” – valores retirados indevidamente de aposentadorias em favor de entidades como a Confederação Nacional de Agricultores Familiares (Conafer).
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Fraude cresceu sob omissão do governo Bolsonaro
A denúncia foi formalizada em setembro de 2020, quando o servidor alertou a PF sobre o aumento suspeito de filiações à Conafer: de 80 mil em janeiro para mais de 250 mil em outubro daquele ano, mesmo com o convênio suspenso. Apesar das evidências, o inquérito foi arquivado sem responsabilizações.
Documentos obtidos pelo Metrópoles mostram que Jair Bolsonaro foi informado sobre as fraudes já em 2019, quando o Procon-SP enviou um ofício ao governo federal relatando 16 mil reclamações de cobranças indevidas. Nenhuma medida efetiva foi tomada.
Prejuízo de R$ 6,3 bilhões e falhas na fiscalização
Dados da Operação Sem Desconto, da PF, indicam que entidades envolvidas no esquema arrecadaram R$ 6,3 bilhões desde 2019. Relatórios da Controladoria-Geral da União (CGU) e do Ministério Público do Paraná já apontavam falhas graves no sistema de controle do INSS, que permitiram a continuidade dos descontos ilegais.
Enquanto Bolsonaro afirmou recentemente que “se alguém do [seu] governo errou, que pague”, a investigação mostra que as fraudes foram ignoradas mesmo após alertas oficiais. Agora, a PF retomou o caso, buscando identificar os responsáveis por um dos maiores escândalos de desvio de recursos da previdência nos últimos anos.
Com informações do Fórum.
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