A Operação Sem Desconto da Polícia Federal (PF), que investiga um esquema de fraudes no INSS, expôs os fortes vínculos do empresário Maurício Camisotti, dono do Grupo Total Health, com o governo de Jair Bolsonaro (PL). As três associações de aposentados sob suspeita no caso – Ambec, Unasbras e Cebap – tiveram crescimento explosivo justamente durante a gestão bolsonarista, quando o Ministério da Economia flexibilizou as regras para empréstimos consignados.
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Expansão suspeita durante a gestão Bolsonaro
A Ambec, uma das entidades controladas por Camisotti segundo a PF, apresentou um salto estratosférico em sua arrecadação entre 2021 e 2023, período em que Paulo Guedes comandava a Economia. Em 2021, a associação recebeu apenas R$ 135 em contribuições de associados. No ano seguinte, esse valor disparou para R$ 14,9 milhões, atingindo R$ 91 milhões em 2023 – coincidindo com a liberação de créditos consignados que comprometiam até 45% da renda de aposentados.
Investigadores apontam que as entidades funcionavam como fachadas para direcionar contratos a empresas ligadas a Camisotti, como a Prevident e a Benfix, que receberam R$ 43 milhões em pagamentos suspeitos.
Conexões com o núcleo bolsonarista
Camisotti também esteve envolvido em outro escândalo que marcou o governo Bolsonaro: o caso Covaxin. Relatórios do Coaf revelaram que o empresário tentou movimentar R$ 18 milhões em nome da Precisa Medicamentos, empresa que intermediou a compra da polêmica vacina indiana. À época, o Ministério da Saúde era comandado por Marcelo Queiroga, mas as negociações haviam começado sob Eduardo Pazuello.
Além disso, o empresário mantinha relações com o então ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), partido que controlava o Geap – plano de saúde dos servidores federais com quem Camisotti fechou contratos milionários. Nogueira, aliado próximo de Bolsonaro, foi um dos articuladores do chamado “orçamento secreto”, mecanismo que garantiu verbas bilionárias a parlamentares da base do governo.
Investigação e arquivamentos
Apesar das suspeitas, inquéritos envolvendo políticos do PP e o esquema da Covaxin não avançaram. A assessoria de Ricardo Barros (PP-PR), ex-ministro da Saúde de Temer e citado em investigações anteriores sobre Camisotti, afirmou que o STF arquivou as apurações por falta de provas.
Enquanto a PF desvenda o esquema no INSS, as ligações entre o empresário e decisões do governo Bolsonaro – como a flexibilização do crédito consignado – seguem sob análise. Os indícios sugerem que as mudanças na política econômica podem ter beneficiado operações bilionárias de grupos sob investigação.
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