CRM-DF investiga conduta em UTI onde Bolsonaro recebeu visitas e fez lives

Desde que foi internado, Bolsonaro tem mantido uma rotina atípica para um paciente em tratamento intensivo.

O Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF) anunciou a abertura de um procedimento para apurar as irregularidades registradas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital DF Star, em Brasília, onde o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se recupera de uma cirurgia. Nos últimos dias, imagens e relatos mostraram o paciente recebendo dezenas de visitantes sem proteção adequada, realizando lives, concedendo entrevistas e até discutindo com autoridades – tudo dentro do ambiente hospitalar que, por protocolo, exige controle rígido de acesso.

Em nota, o CRM-DF afirmou que “as UTIs acolhem pacientes em condições de saúde delicadas, exigindo ambientes rigorosamente controlados para favorecer a recuperação”. O órgão destacou que a circulação excessiva de pessoas no local “pode comprometer a evolução clínica dos pacientes e aumentar o risco de infecções”. Apesar da abertura do processo, não está claro se haverá sanções ao hospital, que pertence à Rede D’Or, uma das maiores do país.

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Cena incomum em UTI

Desde que foi internado, Bolsonaro tem mantido uma rotina atípica para um paciente em tratamento intensivo. Vídeos divulgados pelo próprio ex-presidente mostram conversas com apoiadores, anúncios de venda de capacetes personalizados e até a recepção de um oficial de justiça do Supremo Tribunal Federal (STF), que o citou em um processo. Em um dos momentos, o ex-mandatário aparece discutindo com profissionais da saúde, enquanto seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), ameaçava ministros da Corte.

Possível motivação política

Fontes ouvidas pela reportagem da Folha sugerem que a investigação do CRM-DF pode ter sido motivada pela presença da oficial de justiça no hospital, e não necessariamente pela movimentação incomum na UTI. O órgão, no entanto, nega qualquer viés político e afirma que a apuração seguirá critérios técnicos.

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Diferente de outros regionais, o CRM-DF é o único no país sem maioria bolsonarista. Desde outubro de 2023, é dirigido por uma chapa ligada a nomes de esquerda, como a ex-vice-governadora do DF Arlete Sampaio (PT) e a ex-deputada Maninha (PSOL). A gestão atual prometeu priorizar “ciência, ética e dignidade” na fiscalização da medicina no Distrito Federal.

Enquanto o caso é analisado, a situação no DF Star continua a gerar debates sobre os limites entre a recuperação médica e o uso político de um ambiente que deveria ser restrito. Especialistas em saúde pública alertam que o comportamento registrado na UTI fere protocolos básicos de segurança e pode colocar em risco não apenas o paciente, mas outros internados no hospital.

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A reportagem tentou contato com a direção do DF Star e com a assessoria de Bolsonaro, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.

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