A prisão do ex-presidente Fernando Collor de Mello, na madrugada desta sexta-feira (25), em Maceió, não é apenas um capítulo a mais na longa novela de impunidade das elites brasileiras. É um símbolo de que, por mais que demore, a Justiça pode alcançar até mesmo aqueles que um dia se julgaram intocáveis. Condenado a 8 anos e 10 meses de prisão em um dos desdobramentos da Lava Jato, Collor finalmente começa a pagar por seus crimes – ainda que décadas depois de ter saqueado o país e enganado o povo brasileiro.
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O que choca, no entanto, não é apenas a demora da condenação, mas a reação de certos setores da sociedade que insistem em romantizar a figura de um político cuja trajetória foi marcada por corrupção, privilégios e mentiras. Nas redes sociais, um bolsonarista – grupo que se diz defensor da moralidade – chegou a elogiar Collor como “um cara tão inteligente”, lamentando que ele teria se “entregado a coisas tão pequenas”. A frase revela muito sobre a hipocrisia de quem, hoje, critica a esquerda enquanto defende ou minimiza os desvios de figuras como Collor.
Vale lembrar: foi esse mesmo “homem inteligente” que, em 1990, congelou as poupanças dos brasileiros, arrancando o dinheiro de milhões de trabalhadores que confiaram no Estado. Pior: durante a campanha eleitoral, Collor acusou justamente Lula, seu adversário, de ser quem faria isso. Uma mentira deslavada, estratégia clássica da direita: projetar nos outros os crimes que eles próprios cometem.
Collor não foi apenas um corrupto da Lava Jato. Ele foi o arquétipo do político oligárquico, que enriqueceu às custas do povo, cercou-se de aliados poderosos e, por anos, escapou da Justiça graças a seus privilégios de classe. Sua prisão é um alívio, mas também um lembrete: quantos outros como ele ainda estão soltos, protegidos por um sistema que muitas vezes só pune os pobres e os desafetos do poder?
Enquanto o Brasil assiste a esse momento histórico, é preciso refletir: a impunidade não é um acaso, mas um projeto. E a única forma de combatê-la é com memória, justiça e uma firme defesa da democracia – valores que Collor e seus apoiadores de hoje sempre tentaram sabotar.
A prisão de Collor não apaga o passado, mas é um passo. Que venham os próximos.
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