País de Gales debate lei que pode criminalizar mentiras de políticos até 2026

No Brasil, onde o termo “pós-verdade” já virou lugar-comum, a proposta galesa soa como um sonho distante – mas necessário.

Enquanto no Brasil a política ainda se arrasta entre fake news, promessas não cumpridas e escândalos de corrupção, o País de Gales discute uma medida radical: transformar a mentira de políticos em crime. A proposta, liderada pelo parlamentar Adam Price, do partido de centro-esquerda Plaid Cymru, pode se tornar lei até 2026 e servir de exemplo para nações cansadas da desonestidade na esfera pública.

A ideia é simples, porém revolucionária: se um político ou candidato for pego mentindo – seja em campanha, em discursos ou em debates –, poderá ser processado criminalmente. O projeto amplia uma legislação já existente no país, que hoje pune apenas falsas acusações contra adversários. Agora, qualquer declaração comprovadamente enganosa, feita para obter vantagem eleitoral, poderá levar o mentiroso ao banco dos réus.

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Vivemos uma era em que a desinformação virou arma política. De Trump a Bolsonaro, passando por governantes populistas mundo afora, a mentira tem sido usada como estratégia para manipular eleitores, deslegitimar instituições e escapar de responsabilidades. No Brasil, onde o termo “pós-verdade” já virou lugar-comum, a proposta galesa soa como um sonho distante – mas necessário.

Aqui, políticos mentem descaradamente sobre dados econômicos, prometem empregos que nunca serão criados, distorcem projetos de lei e, não raro, saem impunes. Enquanto isso, a população paga o preço: descrença na democracia, polarização extrema e um debate público cada vez mais intoxicado. Se o Brasil adotasse uma medida semelhante, quantos figurões estariam atrás das grades?

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Claro, há desafios. Como provar a intenção de enganar? Quem seria o juiz da verdade – o Judiciário, a imprensa, um tribunal independente? Há o risco de a lei ser usada como instrumento de perseguição política, criminalizando divergências ideológicas em vez de combater a fraude deliberada. Mas o debate em si já é valioso: ele coloca na mesa a pergunta que muitos evitam – por que a mentira na política ainda é tratada como “jogo”, e não como crime?

O País de Gales pode estar inaugurando um novo patamar de exigência ética. Se a lei avançar, será um experimento audacioso, capaz de inspirar outros países a repensarem o que é aceitável (ou não) no jogo democrático. Enquanto isso, no Brasil, seguimos reféns de um sistema que premia os mais ardilosos, não os mais honestos.

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Talvez um dia, quando a paciência do eleitorado se esgotar de vez, olhemos para iniciativas como a galesa e percebamos: a verdade não deveria ser opcional. Deveria ser lei.

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