A Juventude não é o inimigo

Acusar os jovens de viverem em um “altar de arrogância” é ignorar que, historicamente, são os adultos no poder que criaram os sistemas em que vivemos.

Neste final de semana, acabei lendo um texto de um jornalista bolsonista, intitulado como “A série Adolescência, o culto à juventude e seus bodes expiatórios”, onde o discurso pinta a juventude como uma “granada sem pino” e a adolescência como uma ameaça a ser controlada é, no mínimo, uma simplificação perigosa. Longe de ser um período de mera “irresponsabilidade” ou “devaneio”, a fase jovem da vida é um reflexo direto das condições que a sociedade oferece – ou nega – às novas gerações. Em vez de criminalizar a rebeldia, deveríamos nos perguntar: por que tantos jovens estão descontentes?

@cubojorbr

🔥 Os jovens não são o problema – o mundo que herdaram é! Chega de culpar a juventude por crises que não criaram. É hora de escutar, incluir e transformar! ✊ 📢 Compartilha se você concorda! #Adolecencia #MudançaJá #netflixseries

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Acusar os jovens de viverem em um “altar de arrogância” é ignorar que, historicamente, são os adultos no poder que criaram os sistemas em que vivemos. Se há um culto à juventude, ele é alimentado pelo próprio mercado – que vende juventude como produto, enquanto nega aos jovens direitos básicos como emprego estável, moradia e saúde mental. A rebeldia adolescente não é um capricho, mas muitas vezes uma reação legítima a um mundo que lhes diz: “Vocês são o futuro”, mas não lhes dá ferramentas para construí-lo.

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Reduzir as angústias e buscas da juventude a “hedonismo” e “selfies” é um artifício retórico vazio. Os jovens de hoje enfrentam pressões inéditas: a hiperexposição digital, a crise climática, a precarização do trabalho e o esfacelamento de redes de apoio tradicionais. Se alguns recorrem ao escapismo, isso não é um defeito moral, mas um sintoma de um sistema que os deixou sem alternativas.

A ideia de que os jovens precisam ser “moldados” por mãos mais duras é, no fundo, uma defesa do autoritarismo. Escola não deve ser um lugar de “forja”, mas de emancipação. Família não deve ser um regime de controle, mas de acolhimento. Se há uma crise na adolescência, ela não será resolvida com mais repressão, mas com mais escuta, políticas públicas e oportunidades reais.

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A juventude não é um problema a ser resolvido, mas um potencial a ser cultivado. Em vez de demonizá-la, devemos questionar por que nossa sociedade adulta – com todas as suas instituições e experiências – falha tanto em oferecer um horizonte melhor. Se há uma granada prestes a explodir, ela foi armada pelo descaso histórico com educação, cultura e justiça social. Desarmá-la exige não mais rigidez, mas solidariedade.

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