A inclusão do general da reserva Estevam Theophilo na lista de denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por suposta articulação de um golpe de Estado reacendeu tensões no Alto Comando do Exército. A denúncia, apresentada na terça-feira (18), acusa Theophilo de ter aceitado “coordenar o emprego das forças terrestres” para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2023. O caso envolve outras 33 pessoas, incluindo 23 militares e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Segundo a PGR, Theophilo teria concordado em viabilizar militarmente o golpe durante uma reunião com Bolsonaro em 9 de dezembro de 2022. A principal prova apresentada pelo procurador-geral Paulo Gonet é uma mensagem enviada pelo tenente-coronel Mauro Cid, assessor de Bolsonaro, ao coronel Cleverson Magalhães, assessor de Theophilo. Na mensagem, Cid escreveu: “mas ele quer fazer… Desde que o Pr [presidente] assine”. Para a PGR, isso indicaria que Theophilo estaria disposto a executar medidas para uma ruptura institucional, caso Bolsonaro assinasse o decreto.
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No entanto, em depoimento ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, Mauro Cid apresentou uma versão diferente. Ele afirmou que Theophilo e outros generais só agiriam “se tivesse uma ordem” do Alto Comando, mas que ninguém romperia o “círculo de legalidade”. Cid também destacou que Theophilo teria dito que não aceitaria assumir o Exército se o então comandante, general Freire Gomes, fosse retirado do cargo, por “lealdade” a ele.
Antes mesmo da denúncia, a defesa de Theophilo reuniu depoimentos escritos de ex-comandantes do Exército, como Freire Gomes, Julio Cesar de Arruda e Fernando Soares, que atuaram como chefes do Estado-Maior. Em documento enviado ao STF, Freire Gomes afirmou que Theophilo sempre esteve “voltado inteiramente à atividade militar” e que seu assessoramento foi restrito a “aspectos relacionados com as atividades da caserna”, sem envolvimento em questões políticas.
O general Arruda, por sua vez, descreveu Theophilo como “extremamente disciplinado, honesto, leal, franco e camarada”, enquanto o general Soares afirmou nunca ter presenciado qualquer manifestação ilegal do denunciado. “Sempre o vi primando pela lei, pela obediência às normas em vigor, a camaradagem com os pares e subordinados e a lealdade absoluta aos seus comandantes”, escreveu Soares.
A Polícia Federal (PF) investiga se Theophilo teria elaborado um plano para o golpe de Estado, à espera da assinatura de Bolsonaro em um decreto de intervenção militar. No entanto, até o momento, nenhuma evidência concreta foi encontrada. Theophilo nega as acusações e afirma que reportava todos os diálogos com Bolsonaro ao então comandante do Exército, Freire Gomes.
A defesa do general não se manifestou oficialmente após a denúncia, mas fontes próximas ao Alto Comando do Exército afirmam que há disposição para defendê-lo no STF, inclusive com eventuais testemunhos. A situação reacende o debate sobre o papel das Forças Armadas na política e a suposta participação de militares em tentativas de desestabilização democrática.
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