PF detalha esquema de venda de emendas parlamentares envolvendo deputados do PL

O esquema teria sido liderado pelo deputado Josimar Maranhãozinho, que, de acordo com o relatório

Um relatório sigiloso da Polícia Federal (PF) revelou detalhes de uma suposta operação de venda de emendas parlamentares envolvendo três deputados federais do PL: Josimar Maranhãozinho (MA), Pastor Gil (MA) e Bosco Costa (SE). Os recursos, destinados à área da saúde no município de São José de Ribamar (MA), na região metropolitana de São Luís, teriam sido alvo de um esquema que cobrava a devolução de 25% dos valores repassados. O caso, que já havia sido parcialmente revelado pelo Estadão em outubro do ano passado, ganhou novos detalhes com a divulgação do inquérito pela TV Globo nesta sexta-feira, 7.

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Segundo a PF, os deputados integravam uma organização criminosa que atuava na cobrança de propina sobre emendas parlamentares. O esquema teria sido liderado pelo deputado Josimar Maranhãozinho, que, de acordo com o relatório, “capitaneava não somente a destinação dos recursos públicos federais oriundos de emendas, mas também orientava a cobrança, utilizando, inclusive, de estrutura operacional armada”. O parlamentar é aliado do presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, e mantém forte influência no Maranhão, onde comanda o diretório estadual do partido.

As investigações, que tiveram início em 2021, foram desencadeadas após denúncias do então prefeito de São José de Ribamar, Eudes Sampaio. Ele relatou à PF ter sido abordado pelo agiota Josival Cavalcanti da Silva, conhecido como Pacovan, que exigia o pagamento de comissões sobre as emendas destinadas ao município. Ao se recusar a pagar, Eudes passou a receber ameaças contra si e familiares. O caso foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF), onde tramita sob a relatoria do ministro Cristiano Zanin.

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O relatório da PF, com 294 páginas, detalha que os deputados utilizavam mensagens telefônicas para organizar reuniões, cobrar pagamentos e marcar agendas com autoridades do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). As conversas mostram que o grupo atuava de forma coordenada, com Josimar Maranhãozinho à frente, enquanto seu assessor, João Batista de Magalhães, atuava como “corretor” de emendas, obtendo informações sobre pagamentos e remunerando servidores públicos em troca de dados sigilosos.

Ao portal g1, o deputado Pastor Gil afirmou que aguarda o julgamento do caso pelo STF e está “confiante de que os esclarecimentos apresentados conduzirão ao reconhecimento da inocência”. Nesta semana, o ministro Cristiano Zanin liberou a denúncia contra os três parlamentares para julgamento na Primeira Turma do STF.

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Os recursos investigados somam R$ 6,7 milhões, dos quais R$ 1,6 milhão teria sido cobrado como propina. A dinâmica do esquema, que envolvia a cobrança de “voltas” – como é chamada no Congresso a devolução de parte dos recursos –, foi confirmada pelo relatório da PF e por reportagens anteriores do Estadão. O caso expõe mais uma faceta da complexa rede de corrupção que envolve o desvio de verbas públicas no país, agora com foco na área da saúde em um dos estados mais pobres do Brasil.

Enquanto aguardam o julgamento, os deputados continuam em exercício. Josimar Maranhãozinho e Pastor Gil são figuras influentes no Maranhão e integram a bancada evangélica da Câmara. Bosco Costa, por sua vez, está no quarto mandato como representante de Sergipe. O desfecho do caso no STF poderá definir não apenas o futuro político dos envolvidos, mas também o destino de investigações semelhantes que tramitam na Justiça.

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