No Brasil, duas em cada dez mulheres (21%) relatam ter sido ameaçadas de morte por parceiros ou ex-parceiros, enquanto seis em cada dez conhecem alguém que viveu situação semelhante. O dado, alarmante, foi divulgado pela pesquisa Medo, ameaça e risco: percepções e vivências das mulheres sobre violência doméstica e feminicídio, realizada pelo Instituto Patrícia Galvão em parceria com a Consulting do Brasil. O estudo foi apoiado pelo Ministério das Mulheres e financiado por uma emenda da deputada Luiza Erundina (PSOL-SP).
O levantamento indica que a ameaça, embora cause medo, nem sempre leva à denúncia: apenas 30% das vítimas procuram a polícia, e 17% pedem medidas protetivas. Esse comportamento está associado à percepção de impunidade: 67% das mulheres acreditam que os agressores dificilmente enfrentam consequências. Além disso, muitas não consideram a ameaça como um risco real de feminicídio, como destacou 42% das entrevistadas.
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Impacto nas mulheres negras
A pesquisa revelou que as mulheres negras (pretas e pardas) são as principais vítimas de ameaças. Quando ameaçadas, elas também são as que mais decidem romper os relacionamentos abusivos. No entanto, a rede de atendimento disponível não é suficiente para atender à demanda, conforme 80% das entrevistadas.
Histórias de sobrevivência e dor
Casos como o de Zilma Dias, diarista pernambucana, ilustram o ciclo de violência. Ela viveu anos em cárcere privado, sofreu agressões constantes e, grávida, foi impedida de realizar exames médicos. O relacionamento só terminou após um episódio de agressão agravado pela infidelidade do parceiro. Anos depois, o homem matou outra mulher e foi condenado a 25 anos de prisão.
Zilma também perdeu uma sobrinha para o feminicídio. Camila, de 17 anos, foi assassinada com 12 facadas pelo ex-companheiro, na presença da filha de ambos. Ele só foi preso após cometer outro crime e acabou condenado a 13 anos de prisão.
Feminicídio: ciúme e possessividade como causas principais
Segundo o estudo, 89% das mulheres apontam ciúme e possessividade como fatores que levam ao feminicídio. A situação de isolamento das vítimas, privação de contato com amigos e familiares e destruição da autoestima são estratégias comuns usadas por agressores para manter o controle.
Rede de apoio ainda é limitada
Embora 80% das mulheres reconheçam a importância de campanhas e redes sociais no estímulo a denúncias, muitas afirmam que a Justiça e as autoridades policiais não tratam as denúncias com seriedade.
Como buscar ajuda
As vítimas de violência doméstica podem ligar para o número 180, acessar delegacias especializadas ou procurar a Casa da Mulher Brasileira, presente em dez cidades do país, incluindo São Luís. A pesquisa completa está disponível no site do Instituto Patrícia Galvão, onde há informações detalhadas sobre o tema.
A luta contra o feminicídio passa pela conscientização, fortalecimento das redes de apoio e aplicação rigorosa da lei. Somente com esforço coletivo será possível reverter esse quadro.
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