Espetáculo infantil Por Ti, Portinari, da Cia Druw, se apresenta no Maranhão

Com direção de Miriam Druwe, o espetáculo infantil Por ti, Portinari, da Cia Druw, faz apresentações no Maranhão nos dias 16, 17 e 18 de agosto de 2024 (horários abaixo), com patrocínio do Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Rouanet, lei federal de incentivo à cultura. As sessões ocorrem nas cidades de Imperatriz (no Centro Cultural Tatajuba), João Lisboa (no Complexo Poliesportivo Zuza) e Açailândia (no Teatro Municipal de Açailândia).

Criado durante a pandemia de Covid-19, o trabalho é uma declaração de amor à obra de Cândido Portinari (1903 – 1962) e à sua forma de ver o mundo. É uma viagem por seus quadros clássicos que parte de “Guerra e Paz” e traça um caminho afetivo para a nossa infância. 

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Mas o embrião dele é antigo. Em 2012, durante uma turnê pelo Brasil, Miriam Druwe, mergulhada na reflexão sobre quais seriam os próximos passos das criações para a companhia, foi atravessada pela obra de Portinari, em especial “Guerra e Paz” e “Os retirantes”, seguindo pelos trabalhos destinados à infância. Foi uma ideia duradoura que ficou alojada em sua mente desde então, levantando questões e despertando paixões. 

Desde aquele momento, o nome Por ti, Portinari se apresentou. O pintor passou a alimentar o imaginário da Cia Druw, dando suporte para a criação do espetáculo “Poetas da Cor”, denominação dada a Portinari, que buscava no universo da cor, luz e cor pigmento, sensações e sentimentos em sua essência.

Agora, em Por ti, Portinari, o público acompanha os bailarinos formarem imagens impactantes de obras como “Os retirantes”, “Os espantalhos”, “Meninos no Balanço”, “Meninos Soltando Pipas” e “Palhacinhos na Gangorra”. Estão em cena Alessandra Fioravanti, Elizandro Carneiro, Letícia Rossi, Manu Fadul, Moisés Matos, Orlando Dantas e Anderson Gouvea.

“Não é porque é um espetáculo infantil que não podemos tratar de temas difíceis. Então, questões relacionadas ao sofrimento humano, como fome, miséria e guerra, dividem o espaço no palco com o universo das brincadeiras infantis”, conta Miriam. Até porque, sua arte é formada por contrastes: a profusão exuberante da nossa terra – fauna, flora e cultura – dividia espaço com a pobreza, a dor e a dificuldade. 

Em termos narrativos, Por ti, Portinari mostra uma pequena cidade onde as noites ainda são iluminadas pela natureza e as crianças brincam e se deitam sob os fios luminosos do céu estrelado. Nesse ambiente acolhedor, elas falam dos seus sonhos e medos, fazem perguntas e esperam respostas no silêncio da noite.

O grupo visitou Brodowski, cidade natal do pintor, e usou dados autobiográficos da infância do artista coletados do livro “Portinari o Menino de Brodósqui”, publicado originalmente em 1979. 

“O interessante é que nossos projetos são criados coletivamente. Na maioria das vezes, tenho algumas imagens construídas na minha cabeça, mas os bailarinos também trazem elementos que complementam e enriquecem a dramaturgia. Sempre acreditei, assim como o pintor russo Kandinsky (1866-1944), que as obras devem partir de uma necessidade interior e que devemos ouvir a voz do coração”, defende a diretora. 

Sobre a encenação

Para dar vida a tudo isso, além dos intérpretes-criadores, a equipe do espetáculo envolveu o figurinista e cenógrafo Fábio Namatame, a iluminadora Marisa Bentivegna, a consultora artística Cristiane Paoli Quito e o compositor e sonoplasta Ed Cortês. Além deles, João Cândido Portinari, filho do pintor e fundador do Projeto Portinari, partilhou seu conhecimento com todos os artistas envolvidos e está em cena como uma das personagens desse universo.

Um dos elementos marcantes do cenário são as projeções dos quadros, em uma criação assinada por Marlise Kieling e o Estúdio Preto e Branco. “Em um dos momentos emblemáticos, a obra “Guerra e Paz” derrete diante da plateia”, acrescenta a diretora. 

Completam o cenário diversos cubos pintados à mão e o ciclorama (cortina grande ou parede, geralmente côncava, posicionada na parte de trás dos artistas), um patchwork de linho tingido, projetado por Namatame. Já para o figurino, a preocupação foi ser o mais fiel possível às padronagens e texturas encontradas nas pinturas. 

Atividades paralelas

Além de assistir ao espetáculo, as crianças podem participar da oficina Recursos e percursos no processo criativo: um olhar artístico sobre o pedagógico: EIXOS – IMPRESSÃO, IMPROVISAÇÃO E COMPOSIÇÃO. 

A iniciativa inclui propostas teóricas e práticas baseadas no espetáculo “Por ti, Portinari”. A Cia Druw oferece uma imersão em seu processo criativo, conectando-o às histórias dos participantes. No final, todos partilham suas experiências em uma abertura de processo.

A atividade é dividida em cinco eixos. No eixo Inspirações, os participantes conhecem Cândido Portinari e suas obras, refletindo sobre paz, sonhos para o futuro e lembranças pessoais. No eixo A Guerra, baseado nos quatro cavaleiros do apocalipse de “Guerra e Paz” (fome, guerra, peste/doença e morte), os participantes refletem sobre seus medos e como enfrentá-los.

No eixo Os Retirantes, os participantes refletem sobre deslocamentos e a busca por melhores condições de vida, estimulando as crianças a pensarem sobre seus sonhos. Em As Brincadeiras, os participantes transformam brincadeiras em jogos coreográficos. No eixo A Paz, retomam as questões iniciais sobre paz e sonhos, combinando os experimentos anteriores para estimular a criatividade dos participantes.

SINOPSE

Naquela pequena cidade onde as noites ainda são iluminadas pela natureza, as crianças brincam e se deitam sob os fios luminosos do céu estrelado. Lá, elas falam dos seus sonhos e medos, fazem perguntas e esperam respostas no silêncio da noite. A Cia Druw traz à tona nossa necessidade interior de voltar à essência da infância, da criança que já fomos um dia e toma pela mão a obra de Candido Portinari como guia, por ele e através dele. Por ti Portinari parte da grande obra “Guerra e Paz”, traçando um caminho afetivo sobre esse retorno a infância, que passará por títulos como “Os retirantes” e “Os espantalhos” até chegar a seus “Meninos no Balanço”, “Meninos Soltando Pipas” e “Palhacinhos na Gangorra”.

Sobre a Cia Druw – A Cia Druw, fundada em 1996 pela bailarina e coreógrafa Miriam Druwe, é uma companhia de dança contemporânea focada na criação, difusão e formação cultural. Com uma abordagem única e humorada, a companhia explora temas variados do cotidiano e da natureza humana

Ao longo de 28 anos, a Cia Druw tem se destacado nacionalmente, atingindo diversos públicos com seu repertório diversificado e oferecendo oficinas para bailarinos, atores, crianças e educadores. Esses workshops visam capacitar profissionais para desenvolver uma abordagem mais consciente, criativa e construtiva da dança, integrando outras linguagens como artes plásticas, teatro, música e

Reconhecida pela crítica e presente em diversos eventos e festivais de dança no país, a Cia Druw se dedica à formação de público para a dança contemporânea, apresentando espetáculos com temas atuais e de interesse geral.

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