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O mercado voluntário de carbono é um mecanismo importante para conter o aquecimento global, ao estimular países e empresas a diminuírem suas emissões de carbono por meio de sua precificação. Em relatório lançado nesta quarta (26), o Grupo Consultivo para a Crise Climática (CCAG) alerta que princípios científicos e transparência devem embasar as definições do que deve ser considerado no crédito de carbono — e pode servir para orientar a discussão sobre o tema. Essa é uma das pautas prioritárias do Senado neste ano.

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O relatório faz parte de uma série de análises feitas de forma independente pelo CCAG – e divulgadas, em primeira mão, para jornalistas brasileiros pela Agência Bori. O grupo reúne 15 especialistas do clima de dez países diferentes, com a missão de impactar na tomada de decisão sobre a crise climática.

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A ideia do relatório é construir confiança no mercado voluntário de carbono que, segundo os especialistas, atualmente tem limites de ação na redução de emissões de carbono. Para isso, o texto aponta sete recomendações principais que vão além dos princípios de compensação de carbono estabelecidos pela Universidade de Oxford (Reino Unido) — e descreve um roteiro para o mercado voluntário de carbono superar críticas recentes e reconstruir sua confiança por meio da ciência.

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Algumas ideias envolvem apoiar projetos que proporcionem reduções reais de emissões de carbono e redistribuir financiamento e benefícios para comunidades locais onde os projetos estão baseados.

“O mercado voluntário de carbono tem o potencial de fornecer cobenefícios para comunidades locais no Sul Global, criando riqueza para áreas que mais precisam de recursos na transição para o zero líquido”, ressalta a pesquisadora da UnB Mercedes Bustamante, membro do CCAG. “Mas cabe a nós garantir que o sistema seja mais rigoroso e capaz de fornecer os resultados prometidos, e financiar a transição para energia limpa de forma equitativa.”

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O relatório enfatiza a necessidade de regulamentação internacional e estadual para garantir a qualidade dos créditos e, também, para assegurar que as organizações tomem todas as medidas viáveis ​​para reduzir as emissões de gases de efeito estufa antes de entrarem no mercado voluntário de carbono.

O CCAG sugere aplicar princípios científicos rigorosos em medições, monitoramento e relatórios para reformar o atual mercado voluntário de carbono, para assim aproveitar todo o potencial do instrumento para fazer uma contribuição aos esforços climáticos. No relatório, também estão definidos limites para o uso legítimo de créditos de carbono — que, segundo os especialistas, não podem ser usados para deixar a remoção de carbono e a preservação do sumidouro de carbono, que são depósitos naturais que capturam e absorvem o carbono, sob responsabilidade do mercado.

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Da mesma forma, os sumidouros de carbono, ou seja, o carbono “verde”, não ​​podem compensar significativamente as emissões de carbono “preto” (ou seja, gases de efeito estufa).

O grupo consultivo também recomenda o estabelecimento de órgãos de supervisão independentes em nível nacional, regional e global para regular e padronizar créditos de carbono com base na qualidade e desempenho, em vez da quantidade de compensações.

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“Não podemos nos dar ao luxo de jogar dinheiro em iniciativas que não funcionam”, ressalta Bustamante. “É um objetivo nobre fornecer aos países mais fundos para proteger a natureza, mas eles não podem ser usados ​​como uma forma de concentrar riqueza nas mãos de poucos novamente.”

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