O ex-presidente Jair Bolsonaro, do Partido Liberal (PL), confirma seu envolvimento na disseminação de mensagens contendo ataques e desinformação. Enquanto em um voo para São Paulo, onde posteriormente se internou no Hospital Vila Nova Star, Bolsonaro admitiu ter enviado uma mensagem com críticas ao ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), e às urnas eletrônicas, para que essa mensagem fosse propagada na rede de apoiadores pelo empresário Meyer Nigri, fundador da Tecnisa.
“Eu mandei para o Meyer, qual o problema? O [ministro do STF e então presidente do TSE, Luís Roberto] Barroso tinha falado no exterior [sobre a derrota da proposta do voto impresso na Câmara, em 2021], eu sempre fui um defensor do voto impresso”, confirmou Bolsonaro em conversa com o repórter Igor Gielow, da Folha de S.Paulo, que estava presente no mesmo voo.
No entanto, essa atitude do ex-presidente não passou despercebida pelas autoridades. Nessa terça-feira (22), Bolsonaro foi intimado pela Polícia Federal (PF) a prestar um novo depoimento no próximo dia 31 de agosto, relacionado ao inquérito que investiga um grupo de empresários bolsonaristas acusados de planejar um golpe armado com o intuito de mantê-lo no poder.
A convocação veio à tona devido à troca de mensagens entre Bolsonaro e Meyer Nigri. Segundo a PF, Bolsonaro repassou mensagens contendo notícias falsas e ataques às urnas eletrônicas para serem disseminadas em grupos de WhatsApp. As mensagens incluíam conteúdo sensacionalista, como referências a “sangue” e “guerra civil”, além de um vídeo que atacava o ministro Alexandre de Moraes, também do STF, e questionava a integridade do sistema de votação eletrônica.
De acordo com uma reportagem de Aguirre Talento no portal Uol, a PF identificou pelo menos 18 mensagens de teor golpista compartilhadas entre Bolsonaro e Meyer Nigri. A ação de ambos despertou a atenção das autoridades após o ministro Moraes arquivar o inquérito relacionado ao grupo de empresários golpistas em grupos de WhatsApp.
A investigação da PF conclui que Bolsonaro atuou como “difusor inicial das mensagens”, ao encaminhar conteúdo que atacava instituições como o STF e o sistema de votação eletrônica, além das vacinas contra a Covid-19. As mensagens enviadas por Bolsonaro a Nigri eram posteriormente disseminadas por este último para vários grupos e chats privados de WhatsApp.
Uma mensagem em particular, datada de 21 de junho de 2022, incluía um vídeo que denunciava supostos esquemas de fraude nas eleições. O texto que a acompanhava clamava por ações drásticas e alertava sobre uma “guerra civil”. Essa mensagem foi enviada por Bolsonaro a Nigri, com a pergunta retórica: “Eis o enredo das eleições 2022. Você confia nos 3 min do TSE/STF?”.
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