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Estudo de pesquisadores do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde e da Universidade de São Paulo (USP) aponta que os dados para acompanhamento do estado nutricional e de alimentação de crianças e adolescentes no Brasil do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan) variam muito ao longo do tempo e apresentam cobertura muito desigual. Publicado nesta segunda-feira (27) na revista “Cadernos de Saúde Pública”, o estudo mostra que o monitoramento é marcadamente maior nos estados do Nordeste e Norte e para crianças de até 10 anos.

A cobertura dos dados do Sisvan, plataforma vinculada ao Ministério da Saúde, dobrou de 2008 a 2019, mas retornou a níveis parecidos com 2008 após os dois primeiros anos da pandemia de Covid-19, o que mostra uma lacuna sobre dados nutricionais de crianças e adolescentes. Os dados dizem respeito à população que é acompanhada em serviços de atenção primária à saúde do Sistema Único de Saúde (SUS). Isto pode acontecer no contexto de programas governamentais, como o acompanhamento das condicionalidades de saúde do Bolsa Família ou ações do Saúde na Escola. Por isso, eles não abrangem a evolução do estado nutricional de todas as crianças e adolescentes do Brasil.

O pesquisador Matías Mrejen, um dos autores do estudo, explica que o objetivo do trabalho foi justamente o de apontar as limitações dos dados do Sisvan. “A gente estava com um projeto mais geral de tentar entender a evolução do estado nutricional de crianças e adolescentes no Brasil. Diante das particularidades do SISVAN, achamos uma boa ideia começar por essa análise sobre potenciais limitações com o uso dos dados desse sistema”, diz o pesquisador, vinculado ao Instituto de Estudos para Políticas Públicas.

A análise do estudo foi feita utilizando os relatórios disponibilizados pelo Sisvan entre 2008 e 2021. Neles, estão disponibilizadas, por município, diferentes indicadores do estado nutricional de crianças e adolescentes, construídos em base a informações sobre peso, idade e altura de todas as crianças monitoradas pelo sistema.

Ainda que aponte limitações no Sisvan em acompanhar o estado nutricional da população brasileira, o pesquisador faz a ressalva de que esses dados podem ser úteis para tomadores de decisão. “Eles podem ser muito informativos, desde que sejam consideradas todas as ressalvas necessárias”, finaliza.

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