O Brasil fechou as Olimpíadas de Tóquio no último domingo com a melhor posição da história no quadro de medalhas. Foram sete medalhas de ouro, seis de prata e oito de bronze que fizeram com que o país subisse para a 12º colocação. O número se contrapõe a um problema histórico no país: a falta de apoio das empresas privadas aos atletas.
Os medalhistas olímpicos, mesmo durante o evento, já sofriam com a falta de patrocinadores. O que acontece agora com o fim das Olimpíadas? Simone Gallo, Head de diversidade e inclusão da Condurú Consultoria, explica que as marcas não investem mais porque há uma tradição no Brasil: o patrocínio com dinheiro público.
“Nos bastidores, depoimentos dos atletas que passam por dificuldades financeiras para treinar e competir são recorrentes, ainda mais em um ano de pandemia. Não à toa, muitos deles recorrem à ajuda familiar, rifas, vaquinhas e eventos beneficentes para custear o esporte. Os patrocinadores não pensam que, em plena era das redes sociais, os esportistas podem ser usados para representar o interesse de sua geração e até mesmo ajudar as marcas a desenharem novos produtos. É preciso que essas grandes empresas aprendam a olhar além para enxergar os potenciais medalhistas, por exemplo. Imagine se uma grande marca tivesse patrocinado a Rebeca Andrade, que garantiu um dos ouros brasileiros? Com certeza, agora estariam comemorando o sucesso com ela”, diz.
Cerca de 80% da delegação brasileira em Tóquio recebem alguma ajuda de custo do governo. Dos 302 atletas brasileiros que disputaram a edição de 2021, 242 estão amparados pelo auxílio chamado Bolsa Atleta, incentivo que existe desde 2004 e não teve edital lançado no ano passado, logo, não houve aumento no número de esportistas que recebem o auxílio. E essa realidade é ainda pior para as mulheres. Segundo a ONG Mulheres do Brasil, elas são a maioria sem patrocínio e os esportes femininos são constantemente desvalorizados. “Esse tema é muito importante, especialmente pós-Olimpíadas, afinal, é um dos maiores desafios para todos que vivem do esporte no Brasil”, finaliza.
- Simone Gallo
Com experiência de mais de 20 anos no mercado financeiro, liderou projetos de grande escala nacional em relações institucionais, diversidade, direitos humanos, negócios inclusivos e microcrédito. Atuou como conselheira Nacional do Idoso, no Steering Committee da Plataforma PNUD Brasil. Nas áreas de Negócios Inclusivos e Diversidade sempre atuou com foco em empregabilidade corporativa e empreendedorismo com foco especial em Inclusão racial, LGBTQ+ e Maturidade. Advogada de formação, mestranda em direito, com foco em direitos humanos, e com MBA em Gestão Empresarial pela FGV e Ohio University.
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