Artesão de conexões originais entre ritmos e sonoridades da cultura popular e da música eletrônica, o percussionista assume os vocais e o verbo em “O Som É Cruel”. Como em uma grande roda de ciranda, reúne amigos e parceiros como Allan Carvalho, Otávio Rodrigues, Yrahn Barreto e Zeca Baleiro
“O Som É Cruel” chega nas plataformas digitais na quinta-feira, 25 de abril, com uma peculiaridade – é o primeiro álbum com letras próprias de Luiz Claudio, paraense radicado em São Luís que é profundo connoisseur da percussão brasileira, em especial as do Pará e do Maranhão. “Neste trabalho resolvi colocar pra fora algumas coisas que escrevi, usar minha experiência como produtor musical e, por último, brincar de cantar rs”, comenta Luiz Claudio. Apesar disso, o artista não tem pretensão alguma de ser cantor, mas sim de colocar seu canto em favor de todo seu trabalho como arranjador, compositor e percussionista, que ficou conhecido por tocar com nomes como Zeca Baleiro, Rita Benneditto, Naná Vasconcelos, Ceumar e Trio Manari, além de ser precursor na mistura da música eletrônica com os ritmos amazônicos.
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Com direção artística de Luiz Claudio e Zeca Baleiro, “O Som É Cruel” destaca ritmos tradicionais da música maranhense como Tambor de Mina, Tambor de Crioula, Tribo de Índio e Boi de Caixa, em combinações originais com a música eletrônica. Soul, Reggae, Ska, R&B e Funk também fazem parte das experimentações sonoras de Luiz Claudio.
O álbum autoral reúne 11 músicas, sendo 10 parcerias do artista e uma única regravação, “Adieu / Adeus”, uma toada clássica do Mestre Zió, do Bumba Meu Boi da Liberdade (São Luís/MA), que ganhou levada de ska e versão em francês do italiano Manlio Macchiavello, que divide os vocais da faixa com Luiz. O paraense Allan Carvalho, o paulista Otávio Rodrigues, o potiguar Yrahn Barreto e os maranhenses Fernando Santos, Madian e Zeca Baleiro são alguns dos parceiros que também participam do álbum, além de artistas como Anna Cláudia, Djalma Chaves, Elizeu Cardoso, Regiane Araújo, Canta Boddenberg (Alemanha), Manlio Macchiavello (Itália) e Noite.
“O Som É Cruel” é um lançamento do Selo e estúdio Zabumba Records, do próprio artista, com distribuição da OneRPM. O álbum sucede o EP solo Encantarias (2017), que reúne composições autorais e de mestres da cultura popular maranhense. Antes disso, lançou trabalhos em parceria com outros músicos, como Som na Lata, Fogo de Mão, Loopcinico (cd selecionado para o Prêmio da Música Brasileira em 2014, que abriu os caminhos da música eletrônica misturada aos ritmos maranhenses e paraenses de origem africana, indígena e do Oriente Médio) e o álbum Batuques do Norte (2016), em parceria com o Trio Manari de Belém do Pará.
“Se a crueldade do som pudesse ser vertida para algo pictórico, talvez a imagem mais forte fosse a de alguém que olha diretamente para o Sol. A capa, com esse rosto fantasmagórico em pinceladas brutas, reflete algo do êxtase de olhar diretamente para o Sol”, contextualiza Lucas Maciel, responsável pela arte da capa.
Natural de Belém, Luiz chegou no Maranhão no final da década de 1970 e hoje é um dos músicos mais inventivos em atividade, além de pesquisador da cultura popular e uma referência quando se trata de ritmos tradicionais e da fusão com a música eletrônica, que começou a fazer na década de 1990. Em quase 30 anos de música, já tocou e gravou com Nelson Ayres, Ceumar, Chico Saraiva, A Barca, Flávia Bittencourt, Zeca Baleiro, Rita Benneditto, Naná Vasconcelos e Rubens Salles, além de realizar oficinas de ritmos maranhenses, como no PASIC 2023, em Indianápolis (EUA).
O SOM É CRUEL, por Luiz Claudio
1 UM LUGAR PRA SER FELIZ (aqui ou em qualquer lugar) (Luiz Claudio / Zeca Baleiro)
É uma letra de saudosismo de minha terra, Belém. E pra dizer que podemos ser felizes em qualquer lugar. O ritmo é Tribo de Índio, tocado no Carnaval maranhense.
2 JAH NÃO SOU SEXY (Luiz Claudio / Otávio Rodrigues)
Tirei uma onda comigo mesmo, que fiz 60 anos em março. Traz a linguagem do Soul Reggae jamaicano, com uma base linda do Otávio Rodrigues.
3 O SOM É CRUEL (Luiz Claudio / Zeca Baleiro)
Divido os vocais com Zeca, que é meu parceiro nessa canção, que dá título ao trabalho.
Fiz a bordo de um catamarã enquanto navegava bem em frente a São Luís. De repente ouvia sons das festas vindo da beira mar, tocando reggae, lambada… No final, falamos sobre a ancestralidade negra do Maranhão. Na letra, Mina faz alusão ao Tambor de Mina. Eu criei o ritmo para essa música, Minambô – é uma mistura de terecô do Tambor de Mina de Codó com Tambor de Crioula.
4 O CÉU DE SÃO PAULO (Luiz Claudio/Fernando Santos / Noite)
Uma homenagem a SP, que me acolheu na década de 90. No final c A base eletrônica é do Denis Duarte de São Paulo e convidei a Noite para rimar e cantar. Tem uma levada de pandeirão do Sotaque da baixada do Bumba meu boi e do Boi de Pindaré.
5 CAPADÓCIA (Luiz Claudio e Fernando Santos)
É uma viagem abstrata , fala do bairro da Madre Deus em São Luís e o ritmo tocado é o do Bloco Tradicional, típico do Carnaval do Maranhão.
6 BEDUÍNDIA (Luiz Claudio e Yrahn Barreto)
Yrahn Barreto canta comigo essa faixa, que tem sotaque de Boi de Caixa da Baixada. Fiz depois de assistir um documentário de viagens em que uma maranhense parecendo uma índia, andava de camelo pelo Saara.
7 TAPAS Y QUESOS (Luiz Claudio e Fernando Santos)
Fiz numa madrugada, observando minha mulher reunida com as amigas e comendo tapas e queijos. Fala um pouco de nossa relação e faz uma espécie de paródia de “Entre tapas e beijos”. Divido os vocais com Andrea Canta, cantora e compositora alemã que morou em São Luís e tem o projeto colaborativo Canta Boddenberg com o compositor e produtor Lutz Boddenberg, em Düsseldorf (Alemanha). Eles produziram comigo a faixa, com uma levada Bossa Nova.
8 ROLÊ (Luiz Claudio e Allan Carvalho)
Foi a última a ser composta. Surgiu de um zap com meu sobrinho que está morando em Coimbra/Portugal. Ele respondeu que não estava em casa naquele momento porque teve que ir rapidinho, ali em Lisboa. Achei surreal essa frase e fiz a letra desse Funk R&B.
9 PUNGADA DE HOMI (Luiz Claudio e Madian)
Com levada de pandeiro misturando Afoxé, Embolada e Capoeira Angola, fala de uma expressão de dança e luta quase em extinção no Maranhão, a punga dos homens, que acontece na roda de tambor.
10 DUANNA E MALU (Luiz Claudio e Allan Carvalho)
Fiz essa Valsa pra minha filha Duanna e minha neta Malu.
11 ADIEU / ADEUS (Mestre Zió – versão em francês Manlio Macchiavello)
É uma toada do Mestre Zió, que eu já tinha gravado em “Encantarias” e aqui ganhou levada de Ska e uma versão em francês, que canto com Manlio.
O SOM É CRUEL | LUIZ CLAUDIO | Ouça Aqui
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