Hacker alega que Bolsonaro ofereceu indulto em troca de grampo ilegal

Em um depoimento bombástico ocorrido ontem (17), o hacker Walter Delgatti Neto trouxe à tona informações chocantes sobre uma suposta conspiração liderada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. De acordo com Delgatti, Bolsonaro teria tentado envolvê-lo em um esquema para assumir a autoria de um grampo ilegal contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, em troca de um indulto que o livraria da prisão.

O depoimento ocorreu durante a CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do 8 de Janeiro, e foi presidido pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA), que classificou as informações trazidas por Delgatti como “bombásticas”. Segundo o hacker, a proposta de Bolsonaro teria sido intermediada pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) por meio de um telefonema em 2022, antes do primeiro turno das eleições. O objetivo do grampo, segundo Delgatti, era minar a confiança da população no processo eleitoral e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), presidido por Moraes.

Durante o telefonema, Bolsonaro teria afirmado que o grampo já havia sido realizado por agentes de outro país e que continha conversas comprometedoras do ministro. Em troca do indulto, o ex-presidente teria pedido a Delgatti que assumisse a autoria do grampo. Além disso, Bolsonaro teria afirmado que, caso um juiz ordenasse sua prisão, ele próprio ordenaria a prisão do juiz.

Delgatti também relatou um encontro prévio com Bolsonaro no Palácio da Alvorada, onde o ex-presidente teria reforçado o pedido e sugerido que o hacker auxiliasse técnicos do Ministério da Defesa a apontar fragilidades nas urnas eletrônicas ao TSE. O hacker alegou que Bolsonaro disse que ele estaria “salvando o Brasil” e que a liberdade do povo estava em risco.

Além disso, Delgatti afirmou que foi Carla Zambelli quem o recrutou, oferecendo uma “oportunidade de emprego” na campanha de reeleição de Bolsonaro. Inicialmente, ele receberia R$ 3 mil, mas após conversas com figuras-chave, como o presidente do PL e o próprio Bolsonaro, a deputada teria repassado a ele um total de R$ 40 mil.

O hacker também admitiu ter invadido o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e inserido um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes, a pedido de Carla Zambelli, como parte da tentativa de mostrar a suposta fragilidade do sistema de Justiça.

A revelação de Delgatti Neto abalou as estruturas políticas e levanta questões sérias sobre a ética e a legalidade das ações do ex-presidente e de outros envolvidos. A comissão parlamentar continuará investigando os detalhes dessa alegada conspiração, enquanto a nação aguarda por mais esclarecimentos sobre os acontecimentos descritos por Delgatti. Enquanto isso, o hacker permanece sob custódia, aguardando o desdobramento de seu próprio caso judicial.

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