A empresa controladora da plataforma de mídia social X.com, antigo Twitter, que pertence ao bilionário Elon Musk, entrou com uma ação judicial contra uma organização sem fins lucrativos que monitora o discurso de ódio e a desinformação na internet. A X Corp. acusa o Center for Countering Digital Hate (Centro de Combate ao Ódio Digital, em português) de acessar ilegalmente seus dados e prejudicar seu negócio de publicidade.
O processo, aberto na segunda-feira no Tribunal Federal de São Francisco, é o mais recente capítulo da polêmica gestão de Musk à frente do antigo Twitter, que ele comprou por US$ 44 bilhões no ano passado e rebatizou de X.com. Desde então, Musk fez mudanças controversas na plataforma, como reintegrar usuários banidos, demitir moderadores de conteúdo, remover regras sobre o que pode ou não ser dito no serviço e aumentar os anúncios com jogos de azar on-line e produtos à base de maconha.
Essas medidas levaram a uma fuga de anunciantes e a uma onda de críticas de ativistas, jornalistas e políticos, que acusam Musk de transformar o X.com em um espaço para a propagação de ódio, violência e mentiras. Uma das vozes mais críticas é a do Center for Countering Digital Hate, uma ONG sediada em Londres e Washington que publica relatórios sobre o impacto das redes sociais na sociedade.
Em junho, a ONG divulgou uma pesquisa examinando o discurso de ódio no X.com, na qual constatou que a plataforma não havia tomado nenhuma medida contra 99% das 100 contas do X.com Blue que o centro denunciou por “tuitarem ódio”. O X.com Blue é um serviço premium lançado por Musk em maio, que oferece recursos exclusivos aos usuários que pagam uma taxa mensal.
A X Corp. chamou a pesquisa de “falsa, enganosa ou ambas” e disse que a ONG havia usado uma metodologia inadequada. A empresa também acusou o centro de ser financiado pelos concorrentes do X.com ou por governos estrangeiros “em apoio a uma agenda oculta”. E ameaçou processá-lo se não retirasse suas acusações.
O centro não se intimidou e respondeu que “não aceitou nenhum financiamento de empresas de tecnologia, governos ou suas afiliadas”. E disse que continuaria a monitorar e denunciar o discurso de ódio e a desinformação no X.com.
“O público tem o direito de saber se e como a liderança de @ElonMusk levou a mais discursos de ódio no X.com”, tuitou a ONG na segunda-feira, depois que a X Corp. entrou com o processo. “Ao nos ameaçar, Musk está tentando esconder a verdade sobre seus próprios fracassos. As plataformas devem ser responsabilizadas por espalhar ódio e mentiras”, acrescentou.
– As ações de Elon Musk representam uma tentativa descarada de silenciar críticas honestas e pesquisas independentes – afirmou Imran Ahmed, CEO do Center for Countering Digital Hate.
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