Terreiro de Mina “Boa Fé” é alvo de racismo religioso perpetrado por pastor evangélico

Na última sexta-feira (26), o Terreiro de Mina “Boa Fé”, localizado em Paço do Lumiar, foi alvo de um ato racista religioso que causou revolta e indignação entre seus membros. Maria do Carmo, uma das integrantes do terreiro, relatou que todos se sentiram acuados com a atitude de um pastor evangélico e alguns seguidores.

O terreiro, além de ser uma casa de axé, também serve como sede do grupo cultural “Cacuriá Rosa Cigana”, onde vários brincantes estavam ensaiando na sexta-feira. Ao saírem do ensaio, foram abordados pelo pastor evangélico, que proferiu falas depreciativas e ofensivas.

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Maria explicou que a postura do pastor só mudou quando começaram a filmar, e ele parou de ofender para pregar o evangelho. Segundo ela, não é a primeira vez que algo semelhante acontece, citando um incidente em 2022, quando outro pastor interrompeu uma reunião pedindo que parasse o toque do tambor para que ele pregasse aos presentes.

Para Ethinalia Soares, servidora da divisão de igualdade Étnico e Racial de Paço do Lumiar, o caso deve ser interpretado como racismo religioso, não apenas como intolerância religiosa. “Embora não haja diferença prática entre racismo religioso e intolerância religiosa, ver como racismo nos lembra da natureza do problema. Não queremos ser tolerados, queremos ser respeitados”, desabafou.

O presidente da Federação De Umbanda no Maranhão, Pai Biné Gomes, informou que o primeiro boletim de ocorrência declarando o crime de racismo religioso contra o terreiro Boa Fé já foi registrado. Na próxima terça-feira (30), os membros do terreiro, junto com representantes de religiões de matriz africana, irão registrar um segundo boletim na delegacia de Direitos Raciais.

Em nota, a prefeitura de Paço do Lumiar declarou repúdio aos crimes de intolerância e racismo religioso, afirmando que violam a liberdade de crença prevista pela legislação, e pede que os setores responsáveis resolvam o caso.

O crime de racismo religioso é considerado crime contra o sentimento religioso e pode resultar em pena de um a três anos de reclusão e multa.

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