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Como a Covid-19 poderia prejudicar a memória 

Estudo recente corrobora conceito publicado pelo PhD em neurociências, o luso-brasileiro Prof. Dr. Fabiano de Abreu Agrela

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As células da glia são muito importantes para o sistema nervoso, são responsáveis por diversas funções do dia a dia. De acordo com o PhD em neurociências, Doutor e Mestre em Psicologia da Saúde e biólogo membro da Society for Neuroscience, o luso-brasileiro Prof. Dr. Fabiano de Abreu Agrela, é necessário compreender a relevância dessas células “Quando se fala em sistema nervoso, é muito comum que as pessoas lembrem apenas dos neurônios, que estão diretamente relacionados com os impulsos nervosos. Porém, as chamadas ‘células da glia’ ou ‘neuróglia’, desempenham funções primordiais para a manutenção do nosso corpo”.

Os astrócitos fazem parte dessas células especiais. “Eles têm formato estrelado, característica conseguida graças aos seus prolongamentos. Também possuem uma maior diversidade de funções como a sustentação, controle da composição iônica e molecular do ambiente onde estão localizados os neurônios, transferência de substâncias para os neurônios, resposta a sinais químicos, dentre outras atividades”, detalha o neurocientista.

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A pandemia de Covid-19 mudou a dinâmica do mundo. A doença é nova e os seus sintomas e consequências são atualizados a todo momento. A dificuldade de memorização é uma das sequelas mais relatadas por pacientes do novo vírus. O Dr. Fabiano de Abreu defende que os astrócitos são profundamente afetados pelas proteínas da doença. “Em meu estudo, pude averiguar o quanto o Coronavírus afeta de forma significativa os astrócitos. O reflexo disso é um dano na memória da pessoa após a contaminação pela doença”, afirma.

Relação dos astrócitos com a memória

Usando técnicas avançadas de imagem e análise, pesquisadores da Universidade de Pós-Graduação do Instituto de Ciência e Tecnologia de Okinawa (OIST) registraram dia nove deste mês, a sinalização dentro de astrócitos individuais em um nível de detalhe e velocidade nunca antes visto nos cérebros de camundongos acordados. Sinais ultra rápidos semelhantes aos observados em neurônios e padrões de atividade de sinalização que correspondem a diferentes comportamentos. O que sugere o papel crucial dos astrócitos em muitas funções do nosso cérebro, incluindo como pensamos, nos movemos e aprendemos.

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Prof. Dr. Fabiano de Abreu Agrela explica:

“Este estudo revelou que os astrócitos geram sinais in vivo tão rápidos quanto os dos neurônios, com duração inferior a 300 milissegundos. Foi usado um vetor viral adeno-associado que continha um gene que faz as células infectadas fluorescerem no aumento da presença de cálcio, indicador da atividade do sinal. Foram percebidas áreas nos astrócitos, hotspots, com níveis de atividades mais altas. Esses hotspots sugerem a representação de engramas de memória, que é um padrão para a memorização.”

Para o estudo, o Professor Abreu contou com o auxílio da Logos University International e a Univerdidad Santander onde é professor de mestrado e doutorado. 

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Sobre o Prof. Dr. Fabiano de Abreu Agrela

PhD em neurociências, mestre em psicologia, mestre em psicanálise, biólogo, historiador, antropólogo, com formações também em neuropsicologia, neurolinguística, inteligência artificial, neurociência aplicada à aprendizagem, filosofia, jornalismo, programação em python e formação profissional em nutrição clínica – Diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito; Chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International, Professor e investigador na Universidad Santander; Membro da SFN – Society for Neuroscience, Membro ativo Redilat.

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Saúde precária e postura anti-indígena exacerbaram mortes por COVID-19 na Amazônia, avaliam cientistas

Maria Fernanda Ziegler | Agência FAPESP – As desigualdades socioeconômicas e as vulnerabilidades existentes no país vieram à tona com a pandemia de COVID-19. A ponto de, na região amazônica, idade e outros fatores de risco conhecidos para a doença impactarem menos a mortalidade do que a falta de atendimento médico e de acesso a leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Além disso, faltou um planejamento específico para atender a populações historicamente marginalizadas e distantes dos sistemas de saúde das capitais, como é o caso dos indígenas e das comunidades ribeirinhas.

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Essa é a conclusão de especialistas que participaram dos dois primeiros eventos da série “Saúde e Ambiente na Amazônia no contexto da COVID-19”, organizados pela FAPESP nos dias 5 e 12 de agosto.

A proposta de debate partiu de pesquisadores que integram o projeto “Depois das Hidrelétricas: Processos sociais e ambientais que ocorrem depois da construção de Belo Monte, Jirau e Santo Antônio na Amazônia Brasileira”, apoiado pela FAPESP no âmbito do Programa São Paulo Excellence Chair (SPEC).

Segundo os pesquisadores, o exemplo mais marcante de como a COVID-19 atingiu de forma desproporcional a região Norte do país foi a crise humanitária ocorrida em janeiro deste ano na cidade de Manaus, quando o sistema de saúde da capital do Amazonas entrou em colapso e pacientes – não necessariamente infectados pelo novo coronavírus – morreram por falta de oxigênio.

Mas a tragédia não se limitou à capital amazonense. Estudos mostram que a taxa de mortalidade por 100 mil habitantes foi muito mais alta em toda a região Norte do que nos demais Estados brasileiros. Também lá foi registrado o maior percentual de mortes evitáveis por COVID-19, não só na faixa etária acima dos 60 anos, mas em todas as idades.

“Isso tudo se traduz em uma perda nunca observada no que se refere à expectativa de vida. Alguns Estados, como o Amazonas, voltaram a níveis de mortalidade que não existiam desde 2004, tamanho foi o retrocesso. Nossos estudos mostram que a região Norte foi desproporcionalmente muito mais afetada do que as outras”, afirmou Márcia Castro, epidemiologista e professora da Harvard University.

Castro coordenou um estudo, publicado na Nature Medicine, sobre a queda na expectativa de vida em virtude das mortes em excesso por COVID-19. No Amazonas, foram 4,42 anos a menos na expectativa de vida, que passou de 75,41 anos para 70,99. A segunda maior queda ocorreu em Rondônia: de 76,41 para 72,49 anos, ou seja, 3,92 a menos.

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“Continuamos esquecendo o básico. Associa-se desenvolvimento econômico com infraestrutura, ou seja, com a construção de estradas e barragens. Isso é um erro que nunca foi questionado. Se perguntarmos para qualquer pessoa da região Norte – que mora perto dessas obras grandiosas – do que ela precisa, a resposta será: saúde e educação. Podem construir a infraestrutura que quiserem, fazer mil promessas de compensação, que nada desses itens avança”, disse Emilio Moran, coordenador do projeto SPEC-FAPESP.

Para Moran, há no país uma espécie de colonialismo interno. “Com essas obras grandiosas de infraestrutura, o Sudeste usa de uma exploração interna para abastecer os consumidores finais e a sua indústria. A hidrelétrica de Belo Monte, por exemplo, traz um impacto local enorme, mas os benefícios não ficam ali”, avaliou.

Segundo Castro, a COVID-19 provocou no Brasil e, em especial, na região Norte algo que tem sido chamado de sindemia – um contexto em que duas ou mais doenças interagem de tal forma que os efeitos observados na população são muito maiores do que simplesmente somar os danos de cada doença individualmente. Há ainda componentes sociais, econômicos, políticos e ambientais que contribuem para piorar essa situação.

“Vale notar que, em alguns países, apesar dos contextos socioeconômicos e das vulnerabilidades, as decisões políticas mitigaram esse efeito de sinergia. Por aqui, as decisões políticas – ou a falta delas – acabaram exacerbando ainda mais essas vulnerabilidade”, afirmou Castro.

“Para entender o que está acontecendo com a COVID-19, precisamos olhar para trás, para os ciclos de exploração que a Amazônia passou, desde o ciclo da borracha e, muito emblemático, depois o lema na ditadura militar para o suposto desenvolvimento da Amazônia: chega de lenda, vamos faturar”, ressaltou Castro.

Mais recentemente, a pesquisadora observou um retrocesso muito grande de conquistas obtidas com a redemocratização do país. “Esse ciclo de exploração ignora constantemente a população local. Só visa ao lucro e não às melhorias de condições da população local, preservando a floresta. Isso acaba contribuindo para a persistência desses determinantes de saúde e cria uma população que se torna invisível, que só aparece quando há eleição”, disse.

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Historicamente, além da falta de assistência e de serviços básicos, a região já passou por várias epidemias ou surtos de doenças como dengue, malária e febre amarela. Essas enfermidades estão diretamente ligadas a outro problema da região: o desmatamento. “Um estudo recente mostrou que, em média, para cada quilometro quadrado desmatado da floresta, temos 27 novos casos de malária”, informou Castro.

Os pesquisadores afirmaram ainda que ao analisar passado e presente na região amazônica fica impossível não se dar conta do alto potencial para a emergência de novas zoonoses. “Não conhecemos completamente o viroma [conjunto de vírus] que ocorre na Amazônia. A estimativa é que sabemos de apenas 0,025%. E essa destruição da floresta pode ser a ponte para que emerjam novos patógenos. Além das mudanças climáticas e das mudanças ecológicas, o fato é que o desmatamento pode fazer com que novos vírus apareçam”, disse Pedro Vasconcelos, pesquisador da Universidade Estadual do Pará (Uepa) e do Instituto Evandro Chagas, em Belém.

Os mais vulneráveis

A tragédia provocada pela COVID-19 na região Norte aumenta de tamanho quando o foco da análise se volta para os indígenas e as comunidades ribeirinhas. O inquérito sorológico EPICOVID-19 BR, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), mostrou que, desde o início da pandemia, indígenas tinham 80% mais risco de serem infectados pelo SARS-CoV-2 em comparação com brancos que moram na mesma cidade.

Fora das cidades o impacto da doença também foi brutal. Estudo publicado na revista Frontiers in Psychiatry por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostrou que as taxas de incidência e mortalidade na população indígena foram, respectivamente, 136% e 110% mais altas que a média nacional.

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Em termos de mortalidade, entre os Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs) mais críticos estavam Alto Rio Solimões, Cuiabá, Xavante, Vilhena e Kaiapó do Pará. A análise dos dados revelou ainda uma relação direta entre a incidência de casos de COVID-19 em indígenas e desmatamento, grilagem e mineração.

“Surtos da COVID-19 em territórios de recente contato também têm gerado preocupação. Recentemente, foram notificados 30 casos somente na Terra Indígena Kwatinemo, área de abrangência do DSEI Altamira”, alertou Luiz Penha, mestre em Saúde Pública, integrante do povo Tukano e da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB).

Em relação à vacinação, as taxas da população indígena – grupo prioritário no Programa Nacional de Imunizações – também estão abaixo da média da população em geral.

Dados de agosto do Ministério da Saúde apontam que alguns DSEIs estão abaixo de 50% da cobertura vacinal completa. Os distritos mais críticos são: Kaiapó-PA (32,4%), rio Tapajós-PA (38%), Alto Rio Juruá-AC (39,7%), Kaiapó-MT (42%) e Araguaia-MT (49,7%).

“São áreas que passam por diversos conflitos territoriais, seja por garimpo ou agricultura. Isso tudo somado às fake news e às dificuldades logísticas fazem com que os números não tenham evoluído como o desejado”, relatou Penha.

Érika Pellegrino, pesquisadora da Universidade Federal do Pará (UFPA) em Altamira, contou que a desconfiança tem sido grande em relação ao governo. “Uma pessoa me perguntou: ‘esse governo faz tudo para nos matar, por que eles dariam as vacinas para a gente primeiro?’ É um argumento muito lógico e difícil de ser contraposto. Mas precisamos informar que as vacinas são confiáveis. Por isso, fizemos um grande trabalho de escuta da comunidade. Houve ainda problemas com organizações religiosas, que trouxeram muitos questionamentos para os indígenas sobre as vacinas. Os meios de comunicação ajudam muito na telemedicina, mas infelizmente também contribuem para a propagação de fake news”, disse.

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Segundo os pesquisadores, já no começo da pandemia, havia a indicação de maior vulnerabilidade dos povos nativos à COVID-19, por questões de iniquidades. “Já se sabia que doenças respiratórias tinham uma rápida dispersão nas comunidades indígenas. Já se sabia que a orientação do isolamento social se adequa a uma lógica urbana e também se sabia da maior dificuldade de acesso dos indígenas aos sistemas de saúde de alta complexidade”, explicou Ana Lúcia Pontes, pesquisadora da Fiocruz no Rio de Janeiro.

Para Pontes, soma-se à crise da COVID-19 entre essas populações o estímulo à invasão dos territórios indígenas – o que coloca a saúde desses povos em risco.

“A resposta do governo frente à COVID-19 seguiu uma postura bastante negacionista, que teve como base minimizar um problema muito complexo como uma pandemia. Foi um posicionamento que impediu a estruturação de uma resposta adequada. No caso da população indígena, isso foi ainda pior por causa de vulnerabilidades pregressas, de uma postura anti-indígena, de um retrocesso da visão da política indigenista e da relação do Estado com os povos indígenas. Com isso, infelizmente, o impacto da COVID-19 nessas populações foi ainda maior”, afirmou Pontes.

De acordo com a pesquisadora, isso pode ser notado ao analisar, por exemplo, a distribuição dos equipamentos de proteção individual (EPIs). “A disponibilidade de EPIs na ponta foi insuficiente em relação à necessidade inicial. O mesmo pode ser visto na distribuição de testes, que acabou gerando um grande problema de subnotificação. Também pelo discurso de autoridades que estimularam tratamentos como a cloroquina, comprovadamente sem eficácia para a COVID-19”, disse.

Pontes ressaltou que o país vive e viveu uma mudança muito grande e radical no que diz respeito aos povos indígenas e aos marcos legais. Até a década de 1960, por conta das epidemias, da violência do processo colonizatório e da perspectiva integracionista, houve um processo de depopulação e grande pessimismo quanto ao futuro dos povos indígenas.

Isso se reverteu via mobilização, em nível internacional e nacional, que fortaleceu a luta pela autodeterminação dos povos indígenas e estabeleceu a obrigação dos Estados nacionais em protegê-los e respeitá-los. “No começo dos anos 1980, tem a formação da União das Nações Indígenas, que vai articular uma ocupação no Congresso Nacional durante a constituinte para defender o capítulo dos índios presente na Carta”, contou.

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Vale ressaltar que a promulgação da Constituição, além de garantir aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e reconhecer a demarcação e usufruto exclusivo de seus territórios, também teve impacto na política de saúde. “Nessa conjuntura de criação de um sistema único de saúde, houve intensa articulação entre indigenistas e indígenas para criar o subsistema de atenção à saúde indígena em 1999, que respeita o reconhecimento da diversidade sociocultural dos povos indígenas, que também incide no processo saúde-doença e terapêutico”, explicou.

A série de seminários “Saúde e Ambiente na Amazônia no contexto da COVID-19” é uma iniciativa que reúne a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Federal do Pará (UFPA), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a Universidade Federal de Rondônia (Unir), a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a Michigan State University (MSU), dos Estados Unidos.

A íntegra do primeiro seminário está disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=kd13uoLoUCY. O segundo evento pode ser conferido em: www.youtube.com/watch?v=RKqXys_V3RY&feature=youtu.be.
 

Priorizar terceira dose em idosos e profissionais de saúde pode ser mais urgente em cenário de escassez de vacina, aponta médico pneumologista

A semana foi agitada quando o assunto é a “terceira dose” da vacina no mundo. Nos Estados Unidos a aplicação de mais uma dose do imunizante está marcada para 20 de setembro e, no Brasil, o ministro da saúde, Marcelo Queiroga, disse nesta quarta-feira (18) que o Brasil deve começar a estratégia pelos idosos e profissionais de saúde. Ocorre que muitos brasileiros ainda não foram vacinados sequer com a primeira dose. Mesmo com o aumento considerável no ritmo de vacinação nos últimos dias, diversas cidades do país estão vacinando o público entre 20 e 30 anos e a grande maioria ainda não começou a vacinação de adolescentes e crianças.

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O que passa a ser mais urgente: Vacinar o público mais jovem ou dar a dose de reforço para o público mais vulnerável? Para o médico pneumologista especialista em Terapia Intensiva pela USP e coordenador de pós-graduação da Sanar/UniAmérica, Felipe Marques, é preciso pensar numa estratégia se o cenário de distribuição de vacinas seguir com escassez. “Em um levantamento feito no município do Rio de Janeiro em novembro, a letalidade por covid-19 em menores de 9 anos era de aproximadamente 1%, podendo chegar a próximo de 50% em indivíduos entre 80 e 90 anos. Logo, em um país com recursos limitados e dificuldade de acesso ao imunizante, a estratégia de vacinar as populações vulneráveis pode ser mais eficiente que a vacinação de populações com baixo risco de complicação”, explica.

A discussão ocorre no contexto de escassez de insumos, já que numa situação de amplo acesso às vacinas, certamente a vacinação de todos os públicos seria a estratégia mais acertada, usando os imunizantes comprovadamente seguros em pacientes mais jovens. Sobre a necessidade da terceira dose ser interpretada como uma falha nas vacinas, Marques é bem claro. “O risco de evolução para formas graves da doença, bem como internação ou óbito são menores naqueles que tomaram vacina, qualquer que seja o imunizante. Por esse ângulo, definitivamente esses indivíduos estão mais seguros. A grande discussão girará em torno do potencial ganho de eficácia contra novas variantes ao se utilizar uma terceira dose ou fazer uma alternância de imunizantes”, conclui.

Intercambialidade

Tem sido comum a discussão no meio científico e até entre a população sobre a “mistura de doses”. Recentemente uma situação em Guarulhos chamou a atenção da sociedade, quando uma médica veterinária divulgou nas redes sociais que teria tomado uma terceira dose na cidade, mesclando dois tipos diferentes de imunizantes. O caso está sendo investigado, já que no Brasil ninguém está autorizado ainda a tomar uma terceira dose. O pneumologista Felipe Marques explica que a intercambialidade, quando se faz o uso de diferentes vacinas num mesmo indivíduo, aconteceu inicialmente por motivos de contingenciamento ou efeitos adversos em algumas populações, como visto na Alemanha. No entanto, um estudo britânico aponta para essa direção ao identificar que pacientes que tomaram a primeira dose da vacina AstraZeneca e a segunda dose da Pfizer tiveram um aumento na produção de anticorpos quando comparado a população que recebeu 2 doses da AstraZeneca. “É apenas o início da discussão sobre combinação de vacinas”, finaliza o especialista e professor da Sanar.

Delta exige intervalo mais curto entre doses de vacina, sugere estudo

Em regiões de prevalência da variante delta do novo coronavírus, o intervalo entre doses de vacina de Covid-19 precisa ser mais curto do que doze semanas para que se tenha um controle efetivo da pandemia. É o que sugere modelo matemático desenvolvido pelo Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CeMEAI) a partir de dados preliminares da eficácia da vacina para a variante delta. A ferramenta está descrita em artigo publicado na PNAS na quinta (18).

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A tecnologia, criada pelo grupo ModCovid-19 com pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), da Fundação Getulio Vargas (FGV) e da Universidade de São Paulo (USP) projeta tempo seguro e ideal entre doses para controle da pandemia, a partir de dados de eficácia de vacinas. Ele mostra que vacinas com menos de 50% de eficácia na primeira dose precisam de um intervalo menor de aplicação do que vacinas com taxas de eficácia maiores. Alimentada com estudos prévios sobre eficácia dos imunizantes, a tecnologia indica quando é possível adiar as doses e quando se atinge o máximo possível de proteção.

“O próprio algoritmo decide quando é melhor aplicar a segunda dose, levando em conta a primeira, de maneira a controlar o mais rápido possível a pandemia”, explica Paulo José da Silva e Silva, co-autor do estudo. Por isso, a ferramenta, que está disponível on-line, pode ajudar nas tomadas de decisão durante o processo de imunização da população brasileira e de outros países.

Paulo lembra que quando o artigo foi escrito, em fevereiro desse ano, a principal pergunta era se valeria a pena adiar a segunda dose e qual a maneira mais segura de se fazer isso, em virtude da quantidade limitada de doses. Nesse sentido, o estudo teve como base a fabricante Astrazeneca e concluiu que o percentual de eficácia entre a primeira dose e segunda era muito pequeno e por isso, comprovadamente, valeria a pena esperar e vacinar mais gente com 1ª dose.

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Agora, com o avanço da variante delta em algumas regiões do Brasil e do mundo, as estratégias de vacinação podem ser revistas a partir deste modelo.  “Se você está em um lugar onde ela é a variante prevalente, a eficácia da primeira dose, pelas primeiras estimativas que estão saindo agora, é muito menor do que era com a alfa, então muda a relação da eficácia entre primeira e segunda dose. Essas análises confirmam que a decisão é delicada e que tem que ser feita de maneira sistemática”, observa Paulo.

Fonte: Agência Bori

Como as redes solidárias de mulheres negras enfrentaram a Covid-19

Por Rosângela Hilário, Maria Ribeiro e Valdenia Menegon

A pobreza, no Brasil, tem um recorte de território e de raça, atingindo predominantemente mulheres negras e periféricas. Foram elas as que mais sofreram as consequências da pandemia de Covid-19, como a falta de emprego, de alimento e de condições mínimas para protegerem suas famílias do novo coronavírus. Foram elas também que conseguiram criar formas de sobrevivência à nova realidade, a partir de redes solidárias.

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A pandemia da Covid-19 escancarou a desigualdade social existente no país e as distâncias existentes entre dois Brasis: o Brasil privilegiado e o Brasil invisível. De um lado, temos um Brasil alimentado, cuidado e protegido por leis e normas, que há décadas mantém privilégios como direitos para nacos da população. A elite brasileira que pertence a esse Brasil goza de vivências plenas, porque universais, e têm seus direitos garantidos, porque nasceram brancas.

Do outro lado, temos o Brasil invisível, da falta de acesso aos mínimos direitos possíveis – lugar das mulheres negras e periféricas. O número de pessoas infectadas pelo coronavírus em favelas e subúrbios não contemplados por políticas públicas —assim como territórios quilombolas, indígenas e aqueles onde se encontram pessoas em situação de rua —, só não foi maior em função do extraordinário protagonismo de mulheres negras e mulheres não brancas, pobres e periféricas. Municiadas de solidariedade e compromisso social, elas se reuniram a entidades como a Central Única das Favelas (CUFA) e a Coalização Negra por DIREITOS, entre outras, para impedir que o saldo letal fosse ainda maior entre vulneráveis.

As experiências de mulheres negro-brasileiras de territórios periféricos guardam importantes semelhanças com as experiências de mulheres africanas cujos relatos nos alcançam. As lições do matriarcado africano acenam para o fortalecimento de todas as pessoas vinculadas àquele determinado grupo, inclusive, reforçando a importância da escuta — ilustrada pela relação também iniciática entre pessoa jovem e pessoa anciã — como recurso para transmissão de saberes ancestrais.

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É de se perguntar que espécies de saídas para conflitos instalados se podem encontrar nas narrativas das mulheres negro-brasileiras, há cinco séculos convocadas a cuidar dos seus mais novos, das suas mais velhas, da sua comunidade e de si mesmas. A partir de dimensões educativas e formativas, é possível começar a desenhar estratégias de enfrentamento às situações adversas que a nova realidade impõe.

As estratégias de enfrentamento incluem inserir temas tornados “de recorte étnico-racial” na agenda de debates públicos e, também, reconhecer práticas de sobrevivência implementadas por mulheres negras em seus territórios. São estratégias fundamentadas no cooperativismo, na solidariedade e na proteção da família comunidade.

As mulheres negro-brasileiras exercem protagonismo entre os seus e as suas não porque o perseguiram, mas por sobrevivência. Para elas – as que mais trabalham, menos dormem e mais cuidam das pessoas que esbarram – a resistência não é apenas uma escolha política; é uma estratégia de sobrevivência.

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Sobre as autoras

Rosângela Aparecida Hilário é pesquisadora da Universidade Federal de Rondônia, Líder do Grupo de Pesquisa Ativista Audre Lorde e faz parte da Rede Brasileira de Mulheres Cientistas

Maria Ribeiro é pesquisadora da Universidade São Paulo/USP e faz parte da Rede Brasileira de Mulheres Cientistas

Valdenia Menegon é pesquisadora do Instituto Valdenia Menegon e faz parte da Rede Brasileira de Mulheres Cientistas

Covid-19: há razão para temer ou escolher a vacina?

O Paraná ultrapassou a marca de 8 milhões de doses de vacina contra a Covid-19 aplicadas no Estado. A expectativa da Secretaria Estadual de Saúde é vacinar 100% do público-alvo até setembro com a primeira dose ou dose única. Até o início de agosto, 69,5% da população paranaense adulta já tinha iniciado a imunização e 26,5% tinham completado o esquema vacinal.

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No Brasil, o total de doses distribuídas superou 130 milhões. Em números absolutos, o país ocupa a quarta posição. Proporcionalmente, era o 66º colocado no ranking global no final de julho, segundo o Our World in Data, uma plataforma alimentada por pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido.

De acordo com especialistas, para que a circulação do vírus seja considerada sob controle no país, é necessário que cerca de 70% dos brasileiros tenham completado o ciclo vacinal.

Além das questões políticas envolvendo a compra das vacinas e do atraso no início da imunização, as fakenews contribuíram para tornar o ritmo da vacinação ainda mais lento. Com dúvidas sobre a eficácia, a segurança e as reações adversas dos imunizantes, muita gente reluta em procurar o serviço de saúde ou desistiu de tomar a segunda dose. Mas, afinal, há razão para temer as vacinas?

Professor do curso de Biomedicina do UniCuritiba – instituição que faz parte da Ânima Educação, uma das maiores organizações educacionais de ensino superior do país –, o especialista em imunologia Thiago Massuda diz que as vacinas são totalmente confiáveis, seguras e validadas por estudos sérios de instituições de prestígio reconhecidas internacionalmente. “Além disso, para serem autorizadas no Brasil, passaram pela aprovação de órgãos competentes como a Anvisa.”

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Comprometimento da população

Agora que as vacinas estão chegando mais rapidamente aos estados, é hora do engajamento da população. Na avaliação do biomédico, as questões políticas devem ser deixadas de lado. “Para vencer a pandemia, precisamos do comprometimento de todos. É importante que as pessoas confiem no trabalho dos pesquisadores e estejam tranquilas para tomar a vacina.”.

Thiago Massuda explica que, com mais de 4 bilhões de doses de imunizantes contra a Covid-19 aplicadas em todo o mundo, não há motivo para que os brasileiros tenham medo das reações adversas. “Não temos registros de efeitos adversos graves e todas as vacinas que tomamos ao longo da vida podem causar algum efeito colateral ou incômodo leve, mas ainda assim seu benefício é imenso.”

Segurança comprovada

O professor explica que as vacinas “ensinam” o sistema imunológico a produzir anticorpos, ampliando a defesa do organismo contra as doenças. No caso dos imunizantes contra a Covid-19, a maioria utiliza tecnologias conhecidas, com vírus inativados (mortos) ou adenovírus (vírus inofensivo). Mesmo as mais inovadoras, que utilizam a molécula RNA, foram amplamente testadas e tiveram sua segurança e eficácia comprovadas.

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“Nenhum imunizante foi feito às pressas sem os devidos testes e acompanhamentos. Muita gente desconfiou da agilidade com que essas doses chegaram ao mercado, mas a ciência evolui. Quando sequenciamos o genoma humano pela primeira vez, levamos dez anos. Hoje, fazemos isso em poucas horas”, compara.

Com a produção das vacinas contra a Covid-19, continua o especialista, a lógica foi a mesma: pesquisadores utilizaram o conhecimento que já tinham e o mundo inteiro somou esforços para acelerar os resultados diante de uma pandemia.

“Foi assim que conseguimos vacinas prontas tão rapidamente, com todos os estudos e cuidados necessários. Não há motivos para ter medo ou para escolher entre um ou outro fabricante. O fundamental é se vacinar e completar o protocolo, tomando a segunda dose quando indicado”, finaliza Thiago.

Transplante de medula óssea exige revacinações

Enquanto a maioria da população está de olho na vacinação da Covid-19, pacientes submetidos ao transplante de medula óssea (TMO) devem tomar novamente todas as vacinas que já tinham recebido ao longo da vida. O alerta é de João Prats, infectologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, um dos principais centros transplantadores de medula óssea do País e o principal da capital paulista. O médico afirma que a revacinação permite que o sistema imunológico do paciente reaprenda a combater vírus e bactérias que até a realização do procedimento eram reconhecidos e neutralizados pelo organismo. Sem a nova vacinação, a pessoa transplantada fica sujeita a inúmeras doenças, entre elas algumas que já tinham se transformado em fatos do passado como catapora, caxumba e rubéola.

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O médico da BP faz uma metáfora com a informática para explicar o que ocorre no corpo. “O transplante de medula óssea promove um reset no sistema imunológico, apagando todos os programas anteriormente guardados na memória. O corpo esquece como combater as infecções que já conhecia antes do transplante. A cada vacinação, o sistema imunológico adquire um novo programa de defesa. Com o transplante, todos eles desaparecem e têm de ser novamente instalados”, diz.

O que ocorre em cada tipo de transplante

A medula óssea é um tecido que funciona como berçário das células que compõem nosso sangue (glóbulos brancos, glóbulos vermelhos e plaquetas). Todas elas se formam e se diferenciam a partir de uma célula-mãe: a célula-tronco. No transplante autólogo, o paciente recebe células-tronco da própria medula óssea; no alogênico, ele as recebe de um doador. Geralmente, o transplante autólogo é adotado no tratamento de mieloma múltiplo e de linfoma; e o alogênico, nas leucemias.

No transplante autólogo, as células-tronco retiradas da medula óssea do paciente são reintroduzidas após o processo de condicionamento, em que potentes doses de quimioterápicos e, às vezes, radioterapia, são administradas para eliminar as células que compõem a medula óssea existente. Com isso, são aniquiladas as células indesejáveis e também é perdida a maior parte das células de memória, os linfócitos responsáveis por armazenar os programas de defesa do organismo.

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Já no transplante alogênico, além da destruição das células de memória para preparar o organismo para receber as células-tronco transplantadas de um doador, existe outro complicador. Para prevenir a doença do enxerto contra o hospedeiro (DECH) – em que a medula transplantada identifica o organismo do paciente com um elemento invasor e passa a atacá-lo – são administrados mais medicamentos imunossupressores. Ou seja, além de o sistema imunológico já ter perdido a memória na fase de condicionamento, ele tem mais dificuldade em criar novos programas de defesa por causa da imunossupressão.

Estratégia imunológica

Após o transplante, as células de memória e as demais células da medula óssea vão se recompondo. Mas somente dois anos depois do procedimento (às vezes um pouco mais no caso do transplante alogênico, conforme o uso dos imunossupressores) é que a maioria dos pacientes recupera a capacidade de resposta para as vacinas, ou seja, o corpo está apto para registrar de forma correta esses novos ‘programas de defesa’.

“Mas é importante lembrar que é justamente nos primeiros tempos após o transplante que os pacientes estão mais vulneráveis a infecções. Assim, é importante começar a refazer a carteira de vacinação já a partir do terceiro mês do procedimento, mesmo que nesse momento o sistema imunológico ainda tenha pouca capacidade de memória”, diz o infectologista.

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Nos dois primeiros anos após o transplante são aplicadas apenas as vacinas consideradas seguras para esses pacientes: as que não utilizam vírus ou bactérias vivos, como as da gripe, pneumonia e Covid-19. Mesmo conferindo uma proteção menor quando comparada à proteção dada às pessoas em plena condição de saúde, as vacinas são muito importantes para os transplantados, afinal, alguma proteção é melhor do que nenhuma.

João Prats explica que são vetadas nesse período as vacinas fabricadas com vírus vivos, como as do sarampo, caxumba, rubéola (tríplice viral), febra amarela, varicela e poliomielite. Elas são seguras para indivíduos em condições normais de saúde, mas podem provocar essas doenças no paciente transplantado em razão da fragilidade de sistema imunológico. Vacinas desse tipo são aplicadas somente após dois anos do procedimento, quando o sistema imunológico já se encontra fortalecido, e, no caso dos transplantes alogênicos, quando os imunossupressores já foram interrompidos.

“Programas de transplante de medula óssea de excelência, como o da BP, que acaba de duplicar o número de leitos dedicados ao TMO, contam com agendas de vacinação incorporadas à estratégia de cuidado integral. Contudo, a conscientização dos pacientes, familiares e cuidadores para a importância da vacinação pós-transplante para recompor os programas de defesa é fundamental”, conclui o médico da BP.

Alimentação rica em nutrientes pode minimizar sequelas cognitivas causadas pela Covid-19

Em fevereiro deste ano, o Instituto do Coração do Hospital das Clínicas (Incor), da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), realizou um estudo com pacientes recuperados da Covid-19. De acordo com o levantamento, foi possível identificar sequelas cognitivas em 80% dos avaliados, como a perda de memória recorrente.

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Renata Guirau, nutricionista do Oba Hortifruti, explica que a infecção viral pode afetar o sistema neurológico, trazendo a confusão mental e, consequentemente, a falha na memória. Apesar de não haver uma estratégia comprovada para auxiliar os problemas posteriores causados pelo coronavírus, a alimentação rica em nutrientes pode auxiliar o corpo na recuperação.

“O consumo adequado de nutrientes ajuda na recuperação de um modo geral. Isso porque a nutrição reduz o estresse oxidativo e, no que diz respeito à atividade cerebral, garante a saúde das células relacionadas à memória por mais tempo”, explica.

De acordo com a nutricionista, é importante buscar alimentos ricos em ômega-3, visto que essa gordura – presente principalmente nos peixes – ajuda na formação de uma camada importante na estrutura dos neurônios e, portanto, é indicada que o seu consumo seja frequente.

Os compostos com ação antioxidante também favorecem a saúde das células do sistema nervoso central. Para as pessoas que sofrem com a perda de memória, é interessante incluir legumes e verduras no dia a dia das refeições.

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“Quando o assunto é o cuidado com o cérebro, frutas como o morango, uva roxa e melancia são uma excelente opção. Esses alimentos são fontes de antocianinas, resveratrol e licopeno, respectivamente. Todas elas trazem efeitos positivos para a nossa mente”, destaca Renata.

Além disso, a vitamina B12, presente em grande quantidade nas carnes e nos ovos, está muito associada à saúde cerebral. Por essa razão, é importante avaliar a necessidade de suplementação para vegetarianos e veganos.

Com base nas informações passadas pela nutricionista, é possível concluir que alguns alimentos podem ser benéficos para minimizar as probabilidades de perda de memória. Contudo, também é importante destacar que há vilões no que diz respeito aos cuidados com a mente. Um deles, muito presente no nosso dia a dia, é o açúcar. Portanto, Renata alerta: é necessário dosar a quantidade.

“Já é bem definido pela ciência que o consumo frequente de açúcar pode favorecer doenças neurológicas, como o Alzheimer. Isso porque, quando em excesso, há o aumento do estresse oxidativo no nosso organismo, que prejudica diversos sistemas e funcionalidades internas”, pontua.

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Saudabilidade

O consumo adequado de nutrientes gera um sistema nervoso saudável, principalmente a longo prazo. Quando há a busca por alimentos ricos em vitaminas, o sistema imune é favorecido. Esse hábito, segundo Renata, pode reduzir inflamações causadas pela Covid-19.

O consumo de proteínas e vegetais, durante o processo da infecção viral e no momento de recuperação após a doença, também é extremamente indicado para manter a saudabilidade do corpo. Porém, é fundamental estar atento aos casos mais graves do coronavírus. “Quando é necessário fazer reabilitação pulmonar, precisamos adequar a quantidade de calorias ingeridas, assim como o total de proteínas, para auxiliar na recuperação da massa muscular perdida e, também, na melhora da função pulmonar”, informa.

Algumas outras estratégias, segundo a nutricionista, também são bem-vindas, já que a Covid-19 é uma doença que afeta diversos órgãos. Portanto, o consumo de nutrientes que ajudam na melhora da coagulação, na função renal e hepática que podem ficar prejudicadas, deve ser avaliado junto com profissionais da área.

Como suporte para o processo de recuperação dos pacientes que enfrentaram o coronavírus, a nutricionista indica quatro receitas saborosas, fáceis e nutritivas que auxiliam na funcionalidade do corpo. Confira:

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Salada de bacalhau com endívias

Ingredientes:

100g de endívias

2 xícaras de chá de salada de bacalhau Oba

2 colheres de sopa de creme de ricota ou cream cheese

Preparo:

1) Abra as folhas de endívia em uma travessa;

2) Espalhe uma pequena quantidade de creme de ricota ou cream cheese em cada folha;

3) Recheie com a salada de bacalhau Oba e sirva em seguida.

Pasta de avelã caseira com morangos

Ingredientes:

1 xícara de avelãs sem casca

1 colher de sopa de cacau em pó

2 xícaras de tâmaras sem caroço

Preparo:

1) Deixe as tâmaras picadas de molho por 30 minutos;

2) Bata as avelãs no liquidificador até formar uma farinha;

3) Acrescente o cacau em pó e as tâmaras hidratadas;

4) Bata até formar uma pasta. Se necessário, acrescente um pouco de água (o mínimo possível).

5) Corte os morangos ao meio e decore com uma pequena porção da pasta de castanhas.

Smoothie de uva com açaí

Ingredientes:

1 xícara de chá de uvas roxas com casca

1 xícara de chá de polpa de açaí

1 xícara de chá de banana picada congelada

2 colheres de sopa de mel

Preparo: bata tudo no liquidificador e sirva em seguida

Carne louca de pernil

Ingredientes:

1 kg de pernil suíno sem osso

2 tomates cortados em tiras

Suco de 2 limões

1 xícara de pimentão verde cortado em tiras

3 dentes de alho amassados

1 cebola cortada em tiras

½ xícara de cheiro verde picado

3 colheres de sopa de azeite

Orégano e sal a gosto

Preparo:

1) Corte a carne em fatias finas;

2) Tempere com sal, orégano, o azeite e o limão e deixe na geladeira por pelo menos duas horas;

3) Misture o tomate, o alho, a cebola e o cheiro verde à carne temperada;

4) Leve para a panela de pressão e cozinhe até que a carne fique bem macia (cerca de 50 minutos);

5) Retire da panela e termine de desfiar a carne;

6) Recheie tortas, sanduíches ou use como acompanhamento de saladas e batatas cozidas.

SOBRE O OBA HORTIFRUTI

A rede é referência em qualidade e variedade de produtos, e oferece diariamente um atendimento mais próximo, que prioriza o relacionamento com o cliente, garantindo o equilíbrio perfeito entre sabor e saúde para a vida das pessoas. Acredita que reunir a família e os amigos ao redor da mesa é um momento gostoso e saudável. Referência em saudabilidade e prazer em comer bem, O Oba é fonte para quem deseja manter uma boa alimentação.

A rede já foi premiada duas vezes pela Folha de S. Paulo, na pesquisa Top Of Mind, como a marca mais lembrada pelos brasileiros na categoria hortifruti, pela edição da revista Veja Comer & Beber, como o estabelecimento mais amado pelos paulistanos e também no ranking IBEVAR – FIA 2020, como uma das empresas mais eficientes do varejo brasileiro. 

Atualmente, a marca possui mais de 60 lojas espalhadas pelos Estados de São Paulo, Goiás e Distrito Federal. Com mais de 40 anos de história, o Oba expandiu sua atuação no mercado com setores de frios e laticínios, açougue, adega, mercearia, importação própria, pré-lavados, lanchonete, floricultura, padaria e restaurante, que complementam o setor de hortifruti.

Mais de 87,5 mil crianças perderam o pai para a Covid-19 no Brasil

Celebrado internacionalmente – ainda que em datas diferentes – o Dia dos Pais costuma reunir famílias para homenagear a figura paterna. No Brasil, para pelo menos 87,5 mil crianças e adolescentes, o próximo domingo, 8 de agosto, não será de festa.

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Um estudo publicado na revista científica The Lancet estima que mais de 87,5 mil menores de 18 anos tenham perdido o pai para Covid-19 no Brasil. Se considerar as crianças e adolescentes que perderam a mãe, ficando total ou parcialmente órfãs, o número sobe para 130 mil.

O levantamento realizado entre março de 2020 e abril de 2021 levou em consideração as taxas de natalidade e de mortes por Covid-19 em 21 países que somam 76,4% dos óbitos no mundo. No total, pelo menos 1,5 milhão de crianças no mundo perderam um dos pais ou avós responsáveis. No Brasil, 2,4 crianças a cada mil foram afetadas.

A figura paterna é essencial para o desenvolvimento emocional, social e psicológico de crianças e adolescentes. Para suprir a ausência do pai é necessário que outra pessoa assuma esse papel e ofereça carinho, apoio, proteção, companhia, cuidados e limites. O importante é que a criança ou adolescente tenha alguém em quem confiar e se inspirar.

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Tristeza e revolta

“Celebrações como o Dia dos Pais podem acentuar sentimentos como a tristeza e até mesmo a revolta para quem vive o luto recente, principalmente nos adolescentes, mais propícios à rebeldia e à emotividade. Adolescentes que perderam o pai podem viver essa experiência de forma muito imprevisível”, diz a psicóloga Daniela Jungles, supervisora do Serviço-Escola de Psicologia do UniCuritiba – instituição de ensino superior que faz parte da Ânima, uma das principais organizações educacionais do país.

Um ponto de atenção, continua a professora, é que adolescentes de forma geral têm dificuldades em compartilhar suas emoções ou buscar ajuda dos parentes, por isso, os responsáveis devem estar mais cuidadosos e atentos. “Sabemos que a adolescência é, em si, uma fase difícil, muitas vezes complicada por conflitos com os pais, por isso quando ocorre a morte de um deles nessas circunstâncias, o jovem se sente muito culpado, o que complica ainda mais o luto.”

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Dicas para ajudar crianças e adolescentes em luto

Para que crianças e adolescentes se sintam amparadas e acolhidas neste Dia dos Pais, a psicóloga Daniela Jungles preparou algumas dicas que vão ajudar os familiares a lidar com a situação.

  1. Encoraje crianças e adolescentes a expressar os sentimentos. Desenhos, brincadeiras, histórias, filmes e livros são boas ferramentas para ajudá-los a conversar sobre o que estão sentindo.
  2. Reuniões familiares, aniversários ou eventos como o Dia dos Pais fazem com que a criança sinta falta da pessoa falecida. Isso pode desencadear crises de choro, irritabilidade, insônia, pesadelos, crises de ansiedade etc. Esteja pronto para dar conforto e apoio nestes tempos.
  3. Ofereça à criança ou adolescente suporte fora da família e favoreça novos vínculos com pessoas que atuarão como um “substituto” para o pai falecido: um tio, um primo, um amigo da família, um professor etc.
  4. Conversar sobre a morte não é fácil, mas é necessário. Aborde o assunto com sensibilidade e de forma simples. Seja o mais aberto e franco possível e deixe a criança ou adolescente conduzir a conversa.
  5. Incentive a criança a falar e fazer perguntas. Basta responder o melhor que puder. Seja sincero. É bom não esconder que você não sabe tudo e que algumas coisas são difíceis de entender, mesmo para os adultos.
  6. Mesmo com toda a dificuldade de falar sobre a morte e a dor da perda que os próprios familiares estão vivendo, tenha consciência de que as crianças têm o direito de ser incluídas em todas as circunstâncias da vida familiar, com os cuidados que a infância impõe.
  7. Crianças e adolescentes devem receber informações sobre a doença, a sua gravidade e até mesmo o fim da vida de alguém que amam e têm direito a participar de todos os ritos fúnebres que envolvem a morte.
  8. Deixe que as crianças e adolescentes expressem suas dores, medos, angústias e até curiosidades sobre o fim da vida. Ouvir as crianças e responder os seus questionamentos gera segurança, proteção e amor.
  9. Não se esqueça que cabe aos adultos estarem atentos às crianças e adolescentes enlutados e acompanhá-los afetuosamente durante a sua provação, ajudando-os a redescobrir o amor à vida.
  10. A vida tem fim, esta é a nossa única certeza, mas também a mais difícil de admitir. Se tiver dificuldade de conversar sobre o assunto com as crianças e adolescentes, procure ajude especializada.
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Luto e faixa etária

Crianças e adolescentes reagem de maneira diferente à morte de familiares de acordo com sua idade, sua personalidade e a proximidade de seu vínculo com a pessoa que faleceu. Ainda assim, explica a professora do curso de Psicologia do UniCuritiba, Daniela Jungles, é possível ter alguns indicativos de como cada criança lida com o luto conforme a sua faixa etária.

  • Até 2 anos – Um bebê recém-nascido pode sofrer não por estar ciente da morte de um ente querido, mas por sentir a ausência corporal da pessoa que normalmente cuidava dele. Antes dos 2 anos, uma criança pode vivenciar o efeito do luto por meio das emoções que seus familiares sentem, como raiva e tristeza.
  • Entre 3 e 5 anos – O conceito de morte refere-se à separação, mas sua natureza final ainda não foi compreendida. Nessa idade, o raciocínio baseado em pensamento mágico aparece e a morte é compreendida como reversível.
  • Dos 6 aos 8 anos – O aspecto final da morte começa a ser compreendido e uma série de habilidades são aprendidas. A criança pode então questionar a lógica em torno da morte: Quem pode morrer? Por quais motivos? O que acontece após a morte? A partir das respostas, a criança vai construir seu próprio raciocínio e tirar suas conclusões.
  • Dos 9 aos 11 anos – Entende-se claramente a noção da irreversibilidade da morte. A criança é capaz de compreender o efeito do luto sobre seus entes queridos e adotar inclusive uma postura protetora em relação à mãe e aos irmãos menores, por exemplo.
  • Adolescência – Período de intensas mudanças físicas e psicológicas. Quando um dos pais morre, o adolescente se vê confrontado com um novo turbilhão de emoções e a maioria terá dificuldade de compreender e canalizar todos os sentimentos ligados ao luto. O adolescente (a partir dos 12 anos) pode já ter a aparência de um jovem adulto, mas isso não quer dizer que tenha maturidade emocional. Por isso, precisa de ajuda de toda a família, assim como é feito com as crianças.

De acordo com a psicóloga, a tendência é evitar falar sobre a morte para “impedir” que os filhos sofram. “Conversar sobre a morte não é fácil porque, em certo sentido, isso remete à própria dificuldade em abordar o assunto. A vida tem fim, esta é a nossa única certeza, mas também a mais difícil de admitir. Só que quando é um dos genitores falece, não temos escolha a não ser falar sobre o tema da melhor forma possível”, finaliza.

UNICEF e CESJO celebram resultados das ações contra a covid-19 em São Luís

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e o Centro Educacional e Social São José Operário (CESJO), realizaram na terça-feira ( 03/08) a apresentação dos resultados de quatros meses das ações contra a covid-19 nos bairros mais atingidos nesse cenário, em São Luís. O foco do trabalho se deu, principalmente, nos territórios mais vulneráveis quanto aos meios de prevenção e combate ao vírus. A iniciativa mobilizou 88.753 crianças, adolescentes e jovens dessas comunidades para o enfrentamento à pandemia.

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Coletivos de jovens do Batuque de Dentro foram um destaque nas atividades durante o projeto e estiveram presentes também no encerramento. Na ocasião, adolescentes e jovens fizeram apresentações de capoeira como também a interpretação da artista Ellen Oliveira que cantou a música “Batuque de Dentro”, composta pelos adolescentes e jovens de São Luís, sobre o cuidado mútuo que o enfrentamento da covid-19 requer essencialmente para cultivar hábitos saudáveis. Desde 2019, os jovens do Batuque de Dentro alcançaram mais de 60 mil pessoas em todo o Estado do Maranhão, debatendo e alertando sobre práticas de autocuidado no cenário da pandemia, bem como a mobilização de agentes das comunidades para apoio a inclusão social.

Na capital, o projeto se agrega a grupos específicos de atuação comunitária como associações de moradores, clube de mães, Centro de Referência da Assistência Social (CRAS), Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREA) e coletivos de jovens para atividades educativas e de autocuidado em quatro macrorregiões de São Luís: Anjo da Guarda, Coroadinho, Cidade Operária e Cidade Olímpica.

Entre os resultados conquistados está a formação de lideranças locais entre jovens, a realização de 10 eventos virtuais e 19 eventos presenciais de capacitação, impactando mais de 700 crianças, adolescentes e jovens nas macrorregiões. As principais temáticas abordadas na formação foram: mobilização social e autocuidado, saúde mental e menstrual, enfrentamento ao racismo, como se prevenir e lidar com notícias falsas, violência intrafamiliar em contexto de distanciamento social, empoderamento de adolescentes jovens entre outros assuntos sugeridos pelas comunidades para debates e rodas de conversa.

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“A apresentação dos resultados fomenta parcerias para a continuidade das ações que, por meio desses dados, demonstra a importância que o projeto tem para as comunidades em que atua. A parceria junto ao UNICEF tem sido uma articulação desenvolvida em dois ciclos de atividades, com alcance de milhares de pessoas”, ressaltou a coordenadora do Projeto Batuque de Dentro, Gisele Silva Sá.

Como parte das atividades, o UNICEF instalou 72 estações de lavagens de mãos nas escolas municipais, terreiros e áreas de uso comum em comunidades vulneráveis, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação de São Luís e organizações sociais locais. Com o projeto, o Fundo das Nações Unidas e parceiros doaram 1.150 kits de higiene, 13.900 máscaras, 350 kits conectividades com celular, chip, recarga, caderno, máscara, álcool em gel e o Manual Antirracista da escritora Djamila Ribeiro para adolescentes cadastrados em situações de exclusão digital, escolar e social. Além disso, nas atividades educativas e rodas de conversa nas comunidades, CRAS e CREAs, o projeto também entregou diversos materiais informativos alcançando mais de 70 mil pessoas.

“Os resultados comprovam que atuar com parcerias é a chave para fortalecer o cuidado mútuo, a proteção e inclusão dos mais vulneráveis. Milhares de pessoas positivamente impactadas com doações de kits de higiene, kits de conectividade, produção de máscaras caseiras, estações de lavagem de mãos, rodas de conversa e mobilização comunitária contra a covid-19. Isso tudo é uma evidência de que podemos fazer ainda mais pelas crianças e adolescentes em comunidades vulneráveis. As atividades em escolas, comunidades e terreiros incentivam o autocuidado e o autoconhecimento. Quando a gente consegue unir esforços, os resultados são maravilhosos. Esse é o nosso objetivo para cada criança”, ressalta a chefe do escritório do UNICEF em São Luís, Ofélia Silva.